A segunda-feira (29) era para ser de festa para o Caxias. A expectativa era de recepção com comemoração no Aeroporto Hugo Cantergiani, desfile em carro aberto, seguido de uma carreata gigante atrás de um grupo de jogadores felizes, sequer dando bola para a noite mal dormida após sair às 2h de Natal. Depois, no Estádio Centenário, seria complicado para o ônibus entrar no estacionamento por conta do número de torcedores no entorno da casa grená comemorando o fim do pesadelo na Série D. Mas nada disso aconteceu.
Passavam poucos minutos das 11h quando aterrissou em Caxias do Sul o avião que trouxe a delegação grená vinda da derrota por 3 a 1 para o América-RN, pelas quartas de final da Série D. No aeroporto, a preparação era para um cenário de guerra, imaginando um grande protesto de alguns torcedores mais revoltados, principalmente por conta dos incidentes no Centenário após a partida do domingo. Ninguém foi.
O máximo de protesto foi feito por um homem, que aparentemente trabalhava na região. Enquanto o ônibus recebia os jogadores dentro do portão do aeroporto, o torcedor, sem qualquer identificação com o clube na vestimenta, proferiu alguns palavrões quase que sussurrando, baixou a cabeça e voltou para onde estava. Era impossível ouvir do ônibus.
Também era difícil escutar qualquer tipo de expressão de alegria de atletas e dirigentes. Alguns diretores que estavam com a delegação foram recebidos por familiares. Depois de vários dias longe de casa, o reencontro foi de poucos sorrisos.
O caminho do aeroporto até o Centenário, que poderia levar horas com a celebração do acesso, não demorou mais do que 10 minutos com a escolta de sete viaturas da Brigada Militar. Na chegada ao estádio, literalmente o ônibus entrou pela porta dos fundos. O portão pela Rua Cristóforo Randon fez o veículo entrar e ir direto para a entrada do vestiário.
Alguns moradores da região até foram para observar o porquê de tanta movimentação de um número tão exagerado de carros da Brigada Militar. Era o Caxias voltando para casa, cabisbaixo e novamente sem conseguir chegar na Série C do Campeonato Brasileiro. Ninguém apareceu para aplaudir o time que esteve com o acesso na mão até os 43 minutos do segundo tempo contra o América-RN, mas também não surgiu alguém para reclamar. A segunda-feira não virou feriado em Caxias do Sul. E a indiferença da torcida fez mais barulho do qualquer protesto que pudesse ser feito.