A vaia e o aplauso do torcedor têm que peso para a escalação de um jogador? No Estádio Alfredo Jaconi, recentemente, os gritos vindos da arquibancada fizeram com que o técnico Umberto Louzer tirasse o capitão do Juventude de campo.
No dia 2 de julho, o pênalti cometido pelo lateral-esquerdo William Matheus aos 27 minutos do primeiro tempo em Ademir, do Atlético-MG, foi o limite para a paciência dos jaconeros com o jogador, que vive um ano abaixo do que em 2021 e poucos jogos antes da falha contra o Galo havia sido expulso contra o Atlético-GO.
A partir do pênalti - que Hulk converteu na cobrança -, os 20 minutos até o intervalo foram de vaias em cada toque na bola de William Matheus. Na volta do vestiário, Moraes já está em campo e o até então titular aparece de abrigo, sentado no banco de reservas.
Depois disso, Moraes virou titular e William Matheus passou três jogos sem aparecer - contra Coritiba e Goiás ficou no banco de reservas e sequer foi relacionado contra o Flamengo.
Pois na vitória diante do Ceará, no domingo passado (24), Umberto Louzer chamou o lateral e o colocou aos 28 minutos do segundo tempo, justamente no lugar de Moraes, que enfrentava dificuldades na marcação na tentativa do Vozão de empatar a partida. Nas arquibancadas, um misto de vaias e aplausos quando a placa do quarto árbitro confirmava a entrada do camisa 6.
William Matheus ajudou a conter o ímpeto cearense e o Juventude voltou a vencer depois de nove partidas. Pois esse pode ter sido o primeiro passo do retorno do lateral ao time titular. No próximo domingo (31), às 19h, no Estádio Nabi Abi Chedid, o enfrentamento contra o Bragantino pode representar a volta do jogador ao 11 inicial alviverde.
A estratégia de recolocar fora de casa um jogador questionado pela torcida, mas que tem o aval do treinador, não é novidade. No Grêmio, o técnico Roger Machado utiliza a mesma situação com o volante Thiago Santos. Criticado quando joga na Arena, o atleta é figura constante no Tricolor quando o jogo é longe de casa. No Ju, Louzer admitiu após a vitória sobre o Ceará a importância da liderança interna de William Matheus, apesar dos questionamentos externos.
Contra o Bragantino, dois pontos podem dar ao ex-capitão a titularidade. Primeiro, o papel que ele exerce na bola aérea defensiva. Contra o Flamengo, no último jogo fora de casa, o Ju tomou quatro gols de bola aérea. Com 1m87cm, William Matheus tem mais 17cm do que Moraes e pode ajudar na marcação de bola alta do Bragantino, comandada pelo centroavante Alerrandro, de 1m76cm, e que fez cinco gols neste Campeonato Brasileiro.
O titular, no entanto, está entregue ao departamento médico do Bragantino e pode mais uma vez ser substituído por Gabriel Novaes, de 1m82cm, que passou pelo Juventude em 2020.
Outro ponto que faz com que a possibilidade de William Matheus retorne seja grande é o bom momento de Sorriso. A última joia da base alviverde tem feito com Arthur uma parceria que incomoda os laterais adversários, constantemente entrando em velocidade. Ora Sorriso aparece pela direita, ora está na esquerda. Com isso, o déficit de Moraes na marcação torna ele presa fácil para os dois atacantes do time paulista.
Na atividade da manhã desta quarta-feira (27), Louzer não montou um time titular. Porém, na atividade no gramado do Jaconi, a linha defensiva esteve sempre junta. Nela, William Matheus esteve sempre ao lado de Rodrigo Soares, Thalisson e Paulo Miranda.
Se Umberto Louzer fará como Roger Machado faz com Thiago Santos na Série B, só se saberá contra o América-MG, no dia 6, quando o Juventude volta a jogar no Jaconi. Porém, em Bragança Paulista, a chance de William Matheus retomar a titularidade parece algo natural.