Quatro anos é um período importante de evolução para qualquer profissional nas mais diversas áreas de atuação. No futebol não é diferente. Quatro temporadas depois, o técnico Eduardo Baptista, com passagem em grandes clubes, está de volta à elite do futebol nacional. O último trabalho em uma equipe da Primeira Divisão aconteceu em 2018, no Sport. Agora, no Juventude, o técnico busca se reafirmar na Série A do Brasileirão, após ótimo trabalho no Mirassol, onde conseguiu o acesso para a Série C. O Verdão é a primeira oportunidade no futebol gaúcho.
— Estou muito feliz aqui em Caxias do Sul. O futebol gaúcho é algo que eu gosto muito. Sempre tive o desejo de trabalhar aqui. Vejo um futebol disciplinado, sério, competitivo. Muito do que eu penso. Poder chegar no Juventude, numa Série A, para mim é muito especial. Estou me dedicando 100%. Estou muito confiante no que produzimos até aqui, nas contratações. A resposta dos atletas é muito boa nos treinamentos. Estamos na expectativa de como será na estreia. É um jogo difícil, mas podemos mostrar uma cara nova do Juventude neste ano — disse o técnico Eduardo Baptista, em entrevista ao programa Show dos Esportes na Rádio Gaúcha Serra.
Após excelente trabalho no Mirassol, o profissional recebe nova oportunidade na Série A do Brasileirão. Entre 2014, estreou como treinador do Sport. No primeiro ano, foi efetivado no clube pernambucano fez ótima campanha - 11º lugar, com 52 pontos. No ano seguinte, comandou uma grande participação do Sport e chegou a liderar o Brasileirão por cinco rodadas.
Em 2015, assumiu o Fluminense na 27ª rodada e a equipe estava na 11ª colocação do Brasileirão. Ao término da competição, o Flu terminou na 13ª posição, com 47 pontos. No ano seguinte, comandou a Ponte Preta, que terminou a Série A na oitava colocação, melhor campanha do time na era dos pontos corridos.
Em 2017, passou pelo Palmeiras durante cinco meses e também no Athletico-PR. Quando assumiu o time paranaense, o momento era de dificuldade no Campeonato Brasileiro. Ainda em 2017, no retorno à Ponte Preta, não conseguiu salvar o time do rebaixamento no Brasileirão. Em 2018, o último trabalho de Baptista na Série A. Na sua segunda passagem pelo Sport, somente 40 dias de trabalho. Quatro anos depois, e após a grande passagem pelo Mirassol, Eduardo Baptista mudou o seu perfil.
— Eu vejo os meus times antes e depois do Mirassol. Hoje, eu vejo um Eduardo, não vou dizer ousado, mas um Eduardo mais corajoso. Se eu quero um time corajoso, eu tenho que passar coragem para eles. A equipe do Mirassol é uma tradução e resposta a essa pergunta. Uma equipe que marca forte, que pode jogar. Lógico, vamos pegar adversários tecnicamente superiores e você pode competir. Os dois anos de Mirassol me mostraram isso, mas para chegar neste estágio precisa de muito trabalho e dar coragem os atletas — afirmou o treinador, que completou sobre o estágio da carreira:
— O Juventude, para mim, é uma grande etapa dessa carreira. Quando eu fui para o Mirassol há dois anos, muita gente não conseguiu entender muito, mas entendia que eu precisava de um tempo para reavaliar a minha maneira de pensar futebol. De aprender novas coisas. Eu precisava de tempo. Eu falei que ia sair do Mirassol e voltar para a Série A. Foi um plano que traçamos no passado e as coisas aconteceram assim. Vejo o Juventude como um clube sério, promissor, com pessoas sérias que administram. O desejo é fazer uma grande Série A e manter um trabalho. Quero repetir o trabalho do Mirassol no Juventude. Construir um trabalho, resultados e deixar um legado. Vejo aqui um grande período de trabalho. Meu objetivo é o Juventude.
IDEAIS PARA O BRASILEIRÃO
A rotina no Juventude é árdua. Começa às 5h, quando acorda, e termina às 22h, quando desliga do trabalho e vai dormir. Incansável, o treinador participou ativamente das contratações e, nos treinos, busca implementar suas ideias no time alviverde.
— Durmo as 22h e acordo as 5h. Já acordo pensando, ainda mais neste momento crucial. Teve momento de contratações e treinamentos importantes. A gente teve uma intertemporada de três semanas, mas o Mirassol foi um trabalho de dois anos. A minha rotina era muito mais tranquila, porque já tínhamos uma ideia montada e os jogadores que chegavam só encaixavam. Hoje, meu dia começa bem cedo e vai terminar as 22h, porque também me policio, se não você fica maluco — afirmou o treinador.
Mesmo com o menor orçamento do Brasileirão, e com uma equipe com pouco tempo de trabalho na comparação com os dois anos de Mirassol, o técnico busca implementar ideias de um time mais corajoso.
— Se a gente for jogar contra essas equipes (maiores), você se apequenar, a chance de perder é muito grande. Um exemplo, contra o Atlético-MG já é muito difícil. Se a gente se apequenar, fica muito pior. O que a gente prega é enfrentar as dificuldades. São ajustes que precisam ser feitos, é uma concentração maior, mas temos que procurar jogar. Na Série A, o adversário não pode ficar muito perto do seu gol. Não podemos baixar muito as linhas. Quando tiver a bola, valorizar e ter paciência. Se fizer tudo isso, diminui o risco. Para isso, é treino e trabalhar na mente dos atletas — comentou o treinador.