O Comitê Organizador da 24ª Surdolimpíadas de Verão 2021 foi definido em assembleia realizada na sede da Sociedade dos Surdos de Caxias do Sul (SSCS). A nova coordenação tem a vice-prefeita de Caxias do Sul, Paula Ioris, como presidente de honra. O evento esportivo mais antigo depois dos Jogos Olímpicos será realizada de 1º a 15 de maio de 2022. A data inicial de realização foi adiada por conta da pandemia mundial da Covid-19, porém no título oficial mantém-se o ano original, 2021, da mesma forma que as Olimpíadas de Tóquio 2020.
De acordo com a vice-prefeita, um evento deste porte e de repercussão internacional é uma oportunidade não somente para a economia da região, mas principalmente por trazer convivência e muito aprendizado com a interação entre culturas diversas e a valorização e a integração com a comunidade surda.
— Estamos muito orgulhosos e prontos para o trabalho que temos pela frente. Tudo nesta experiência é aprendizado que fica e oportunidade de interação — disse Ioris.
O presidente interino do Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD), entidade máxima responsável por eventos desportivos internacionais para surdos, Gustavo Perazzolo, especifica a escolha de Caxias do Sul como sede deste evento por conta da visibilidade cultural e esportiva da cidade, que também possui um histórico de sediar competições voltadas aos atletas surdos, como a primeira edição dos Jogos Sul-Americanos de Surdos, em 2014, e o Campeonato Mundial de Handebol de Surdos, em 2018.
— Atletas surdos caxienses e do Rio Grande do Sul são expoentes históricos em competições, com três ou quatro representantes de Caxias do Sul, e entre 20 e 30 do estado participando da Seleção Brasileira. O legado que essa oportunidade traz é indiscutível — afirma.
Como representante da Prefeitura de Caxias do Sul, uma das realizadoras da competição, o Secretário de Esporte e Lazer, Gabriel Citton, explica que a estrutura esportiva que a região apresenta, enquanto quantidade de espaços que comportam um evento como este, está entre as melhores do Brasil e, com certeza, a mais qualificada do Rio Grande do Sul.
Ainda serão feitas melhorias e adaptações de alguns dos espaços utilizados na Surdolimpíadas, além do aproveitamento de locais externos que possuem estrutura e relevo de qualidade internacional, e dos quadros técnicos locais.
— A meta é que esta edição da Surdolimpíadas esteja entre as cinco melhores de todos os tempos — indica Citton.
Outra consequência esperada é a valorização, principalmente por meio da legislação, como incentivo para o surdo ter autonomia e oportunidade para praticar esportes competitivos.
Richard D. Ewald, secretário-executivo (CEO) do Comitê, aponta que o trabalho iniciado ainda em 2019 pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) foi muito importante e essencial para a escolha do município como sede da competição. Segundo ele, o Comitê Organizador percebe essa nova etapa como uma “passagem de bastão”, quando a equipe atual se prepara para a reta final da realização da competição.
Ewald também salienta a grandeza da Surdolimpíadas, com a expectativa de 15 mil pessoas no público, vindos de todo Brasil e do mundo. Até o momento, estão inscritos 6.100 surdoatletas e equipes, vindos de mais de 100 países, que participarão de 21 modalidades esportivas.
— Além de toda a questão de infraestrutura física, que deixará Caxias do Sul apta a receber outros eventos desportivos posteriores, o mais importante é o legado social que ficará. O esporte em si e a comunidade surda ganham um impulso muito grande — destacou.
O Comitê Organizador ainda conta com Tibiriçá Vianna Maineri, representando a SSCS no Conselho Fiscal; Francine Pedrotti, presidente da SSCS, e Natacha Perazzolo, diretora da Escola Municipal Especial de Ensino Fundamental Helen Keller, como parte do Conselho Diretor. A função do Comitê Organizador é dar continuidade aos trabalhos iniciados pelo Comitê Plural, em 2020, assegurando a realização da competição internacional. Uma motivação especial foi a fixação do legado social para a comunidade surda, na sua visibilidade, reconhecimento e sensibilidade da sociedade ao tratamento igualitário.
A 24ª edição da Surdolimpíadas de Verão será a primeira realizada na América Latina, tornando esse um momento histórico e uma grande vitória para a comunidade surda brasileira.