O levantador da seleção brasileira masculina de vôlei Fernando Kreling, o Cachopa, foi recebido nesta quarta-feira (11) na Universidade de Caxias do Sul, onde iniciou sua trajetória nas categorias de base. Com o intuito de celebrar a experiência olímpica dos Jogos de Tóquio e repassar parte de sua vivência , o jogador de 25 anos conversou com os atletas da Apaavôlei/UCS, em uma recepção emocionante para o atleta.
– Eu acho incrível o jeito que me recebem e se espelham na minha trajetória, então tento me policiar para continuar sendo um bom exemplo. Eu ainda me vejo como o guri que vinha aqui no ginásio treinar no frio, então é muito gratificante ser recepcionado dessa forma – comentou.
O caxiense, que hoje joga pela Sada/Cruzeiro-MG, foi um dos representantes da cidade no evento esportivo mais importante do mundo, as Olimpíadas. E, provavelmente, a experiência em Tóquio será apenas a primeira. No retorno, em Caxias do Sul, ele foi recebido por seus primeiros treinadores e amigos de longa data. Cachopa contou sobre sua mais nova experiência e o quanto ela servirá para o futuro:
– A sensação é indescritível. É diferente de tudo o que já senti dentro do vôlei. É a realização de um sonho. Estar com colegas de tanta expressão no esporte, disputando as Olimpíadas, é o auge da minha carreira. Busco sempre evoluir, mesmo não gostando de pensar muito na frente, quero viver esse sonho novamente na próxima Olimpíada.
Campeã da Liga das Nações em junho, a seleção brasileira chegou como uma das favoritas a ser medalhista no Japão. Porém, caiu na semifinal para a Rússia e perdeu o bronze no duelo sul-americano contra a Argentina. Cachopa não esconde a frustração de não ter subido ao pódio, mas projeta com confiança o ciclo olímpico para Paris/2024.
– A gente queria muito uma medalha. Fomos confiantes que estaríamos numa final. Tínhamos sido campeões da Liga das Nações, então esperávamos resultados melhores. Talvez estivéssemos todos no melhor momento da carreira, nos preparamos muito para os Jogos. A experiência de cair na semifinal é muito frustrante, e ter que disputar um terceiro lugar dias depois causa uma certa insatisfação, a cabeça pesa demais. Planejo sim uma continuidade, vou me esforçar e tentar melhorar meu jogo para que eu esteja em Paris, mas temos outros campeonatos antes - projeta o atleta caxiense.
Ainda exaltando sua experiência no Japão, o levantador da seleção de Renan Dal Zotto comentou sobre o equilíbrio da competição:
– É algo novo. É tudo muito corrido lá, não temos tempo nem para lamentar as derrotas. Fizemos jogos duríssimos, em um nível totalmente diferente da Liga das Nações, por exemplo. O cansaço mental, por muitas vezes, é maior que o físico, então temos que estar bem preparados para as adversidades que podemos encontrar. Depois da vitória de virada contra a Argentina na primeira fase, lembro de chegar no vestiário e querer chorar. Todos nos doamos ao máximo e a Olimpíada é isso – destacou.
Cachopa exalta que o trabalho bem feito no clube e na própria seleção o colocaram na Olimpíada. Porém, a partir de agora, existe muito mais a ser feito:
– Eu não participei de todo o ciclo olímpico. Cheguei em 2019, teoricamente, o último ano antes dos Jogos. As coisas andaram rápido e na minha posição tinham muitos jogadores capazes de estar ali. Foi uma realização completa estar junto da seleção. Porém, as Olimpíadas já começaram de novo. O ciclo inicia assim que acaba a Olimpíada, não tem descanso, só trabalho para continuar representando o país. A renovação existe e quero fazer parte disso novamente.
A Seleção Masculina jogará em setembro o Campeonato Sul-Americano de Vôlei. O campeão e o vice garantem presença no Mundial de 2022.
Eu me apresento daqui a poucos dias. Depois começa a temporada pelo Cruzeiro. O vôlei não acabou e estou muito confiante com o clube e a competição continental. Vamos sempre em busca de evoluir e crescer junto do esporte – comentou o levantador.
Após a realização do sonho de participar dos Jogos Olímpicos, Cachopa ainda comentou sobre o que falta para sua realização profissional:
– Eu ainda quero jogar na Europa. É mais um sonho para conquistar, mais uma batalha para se vencer. Eu adoro viajar e me imaginar acabando uma temporada e sair pra conhecer novos países é algo que desejo. Vou batalhar para isso. O ciclo olímpico para Paris é mais curto também, então vou trabalhar bastante para que eu consiga continuar nesse caminho e estar na Europa em 2024 – finalizou Cachopa.
O levantador se reapresenta na Seleção ainda neste mês. Até lá, aproveita para relembrar os seus primeiros passos no Vôlei, em Caxias do Sul.