A tradição de uma família que marca seu nome pelos gramados do Rio Grande do Sul também é fonte de inspiração para futuras gerações do futebol em Caxias do Sul. Se alguém falar dos irmãos Jesus Cleiton e Odacir ou do sobrinho Gerethes, possivelmente muitos não vão saber de quem se trata. Mas ao citar o nome Itaqui, todo mundo já ouviu falar de algum dos representantes da família pelos clubes do Estado e do país.
Há quase cinco anos, porém, a Itaqui Soccer leva um pouco do conhecimento e da vivência dos atletas para meninos e meninas de 5 a 17 anos. Comandada por Juninho Itaqui, irmão dos outros dois jogadores que carregam o nome da cidade natal, a escola de futebol tem o apoio gabaritado da família de atletas.
Aos 33 anos, o Itaqui volante, ex-jogador de Caxias, Veranópolis e Juventude, se recupera de uma cirurgia realizada por conta de uma lesão ligamentar no joelho, sofrida no início do Gauchão, quando defendia o Pelotas. Enquanto aguarda ficar 100% para voltar aos gramados, o jogador consegue estar mais próximo da escola de futebol e do sonho dos jovens.
— Temos como princípio o que vivemos. Lá em Itaqui mesmo, era muito difícil ter peneiras, pessoas de grandes clubes nos olhando e avaliando. E o que a Itaqui Soccer quer proporcionar para Caxias do Sul e redondezas, é que esses talentos realmente consigam fazer esse pulo de formar eles, mas que pessoas de clubes possam vir e olhar — afirmou o jogador, que aproveita o tempo sem poder atuar para ter a vivência na escolinha:
— Estou completando três meses da cirurgia, me recuperando aqui em Caxias, onde resido, e aproveitando. Sempre gostei de experiências novas, gosto dessa área também (de formação de atletas) e está sendo muito bacana.
Uma das ideias da escolinha é proporcionar aos jovens chances em grandes clubes, com o jogador mais focado naquilo que um futuro profissional irá exigir dentro de campo. Esse é um caminho que os integrantes da família não puderam ter no início da carreira.
— Meu irmão (ex-lateral e meia do Juventude, Grêmio e atualmente trabalhando no Tricolor), talvez, tenha pego a pior época, nas décadas de 1980 e 1990, com muita dificuldade, tanto que ele foi avaliado praticamente no salão, para aí poder ingressar no Juventude. No meu tempo, no início dos anos 2000, ainda tinha muita dificuldade dos olheiros irem observar, era muito raro. Hoje mudou muito e o futebol acelerou. Estamos aqui, mas com contato com pessoal na China, Japão, Espanha e dentro do país — explica Itaqui.
Atualmente, a Itaqui Soccer conta com dois jogadores que já foram para as categorias de base da dupla Gre-Nal. O lateral Adryel está atualmente no sub-17 do Grêmio, enquanto o goleiro Nikolas defende a meta do sub-15 do Inter.
Agora, além dos treinamentos e das observações de integrantes de equipes de base que vão acompanhar os treinos do time, a Itaqui Soccer também irá mostrar seu futebol no Rio de Janeiro. Em setembro, estão programados confrontos contra times da base de Fluminense, Botafogo e Vasco.
— São experiências que eu não tive no início e é algo que a escola está proporcionando para esses meninos — afirmou o ex-jogador da dupla Ca-Ju.
Futuro no futebol
Enquanto o Itaqui Soccer dá seus primeiros passos com a condução de Juninho, o volante Itaqui começa a pensar no futuro. Ainda com a motivação para seguir jogando, o atleta entende que a oportunidade no projeto da família pode ajudar também em seu futuro profissional dentro do esporte.
— O jogador tem muita dificuldade, em geral, dessa transição. Só sabe jogar futebol, e no momento da transição fica um pouco perdido. Já tive vários convites de treinadores amigos para compor comissão técnica, mas entendi que não era o momento, ainda me sinto bem para estar atuando em campo. Mas ano que vem já vou para 34 anos, isso um dia vai acontecer. E eu podendo já trabalhar junto com o Juninho na escola, dando esse auxílio e suporte para eles, dando treinos do que é real para o futebol, já ajudaria muito para aceitar no futuro um convite para integrar alguma comissão — disse o volante.
Com o olhar de quem vem de fora
Além das atividades do dia a dia com os técnicos da equipe, a ideia da Itaqui Soccer é ofertar aos atletas do clube o contato com personagens do futebol que possam acrescentar em conhecimento e experiências as suas carreiras.
Recentemente, os alunos da escola puderam participar de uma oficina com o técnico Lucho Nizzo, que trabalhou várias temporadas nas categorias de base da Seleção Brasileira, onde comandou os ainda iniciantes Neymar, Philipe Coutinho e Casemiro, entre outros.
— Projetos como esse são cada vez mais importantes pela escassez de grandes jogadores e de novas descobertas. Esse tipo de escola de futebol, que faz um trabalho de formação, pode ocorrer em todo país. Você tem muita escola, mas não dão o fundamento e não preparam como deveriam essa molecadinha para que possam chegar em um grande clube com uma situação de igualdade com os meninos que lá estejam — afirmou Nizzo, explicando a relevância de um começo bem feito para que o jovem tenha chance nas equipes maiores:
— Às vezes, a defasagem é muito grande. Quando o menino sai de uma escola de futebol em que não teve o preparo adequado e chega em um grande clube, não fica. Ele pode ter a qualidade, mas não foi estimulado para chegar em igualdade de condição com os outros.
Para entrar em contato com a Itaqui Soccer, o telefone é (54) 98111-3584 ou através da página da escola no Instagram.