No dia 30 de maio, o Juventude tem o reencontro marcado com o Campeonato Brasileiro Série A. Esta é a data marcada pela CBF para vermos o Verdão de volta à Primeira Divisão, na primeira rodada do torneio. O adversário será o Cuiabá, e o jogo fora de casa, no Mato Grosso. Rival conhecido da última disputa de Série B, porém, assim como o alviverde, com mais investimentos em relação ao ano passado e mudanças de elenco e comissão técnica.
Semifinalista do Campeonato Gaúcho e a um empate de classificar-se para a decisão, o Juventude começou a temporada superando algumas desconfianças. Primeiro foi o início do Estadual com resultados negativos. Depois a eliminação da Copa do Brasil para o Vila Nova-GO, nos pênaltis. No entanto, a equipe entrou em uma curva ascendente de evolução nas últimas partidas. Elenco e o técnico Marquinhos Santos estão cada vez mais entrosados, com eles conhecendo os métodos e se encaixando no sistema, e ele identificando melhor a característica de cada atleta.
Para projetar a campanha alviverde no Brasileirão Série A, o Pioneiro em GZH consultou Antônio Picoli, ex-zagueiro e técnico do Juventude, e Sérgio Xavier Filho, comentarista do Sportv, questionando sobre a necessidade de reforços e a expectativa sobre o trabalho do técnico Marquinhos Santos.
— Todas as equipes que se organizarem, que chegarem de forma equilibrada e com a cabeça lugar, têm condições — afirma Picoli.
— A gente vai ter uma Série A um pouco diferente dos últimos anos, porque vários dos clubes tradicionais caíram para a B, caso de Cruzeiro, de Botafogo, de Vasco. Então o Juventude está no jogo. Vai entrar como um dos, digamos, sete ou oito clubes preparados pra brigar por permanência — destaca Sérgio Xavier.
Reforços
O Campeonato Brasileiro é uma competição de um nível superior o Gauchão. Assim, o Juventude planeja contratações para acrescentar qualidade e oferecer alternativas ao técnico Marquinhos Santos. O lateral-direito Michel Macedo, emprestado pelo Corinthians, e o meia-atacante Chico, ex-Atlético-GO, já estão treinando há aproximadamente 20 dias. E mais nomes para encorpar o elenco estão por vir. Para Picoli, a direção do Ju precisa se preocupar com o número de atletas disponíveis.
— Penso que, para uma competição longa, é importante ter peças em todos os setores. Então qualquer que seja o movimento do Juventude em relação à contratação, ele deve olhar para todos os setores, porque todo o grupo vai ser utilizado — explica o técnico.
Para o comentarista do Sportv, o setor ofensivo precisa de mais alternativas, especialmente nos lados do ataque.
— Eu acho que o Juventude contratou bem. Por exemplo, o Matheus Peixoto. Ele é muito a cara de futebol gaúcho, futebol serrano. Jogador muito forte, com presença na área e cabeçada. É um cara interessante. Aí quando você começa a olhar para os jogadores de lado, acho que tem que achar mais alguém. O Capixaba é o mais confiável, mas é pouco. Tem que ter mais um jogador importante, pra jogar em contra-ataque — afirma Xavier.
São vários os setores do campo que a diretoria do Verdão busca reforços no mercado, começando pelo gol. Há convicção de que Marcelo Carné está habilitado para ser o dono da camisa 1. Entretanto, o clube busca um reserva imediato para para a posição, como fora Luís Carlos no ano passado. Por enquanto, o jovem William é quem ocupa o posto, porém o entendimento é de que ele precisa de maior desenvolvimento.
Na defesa, o clube já deixou claro que busca um zagueiro. Nomes como David Braz, Iago Maidana e Paulão foram consultados no início do ano, porém acertaram com outras equipes. Mais recentemente, a direção de futebol conversou com empresário de Henrique, ex-Seleção Brasileira e atualmente no Belenenses, mas não houve acordo com o clube português para liberação da transferência.
Para o setor de meio-campo, mais um armador é procurado. Wescley afirmou-se com a camisa 10, porém o Ju busca um reserva. No grupo há Renan Bressan, uma das principais contratações no início do ano, que não se firmou e entrou em campo em poucas oportunidades. Seu nome está entre os disponíveis para negociação. Chico, um dos recém contratados, atuou por ali em alguns jogos do Atlético-GO em 2020 e também é alternativa, embora possa ser mais utilizado pelos lados do ataque.
— O Matheus Jesus é um volante muito bom, mas complicado de comportamento, não consegue se firmar por onde passa. Bochecha é bom também, João Paulo... Falta achar alguém mais ou menos ao estilo do Cajá. Um jogador que consiga uma enfiada. Se tivesse dinheiro para escolher dois, eu iria em um jogador de meio e um atacante de velocidade —comenta Sérgio Xavier.
Já na zona ofensiva, pontas e um centroavante são buscados. Principalmente porque Júnior Todinho e Roberto deixaram o Estádio Alfredo Jaconi recentemente e Rafael Grampola, cujo o contrato mais até o final do Estadual, não tem renovação assegurada.
Matheus Peixoto, titular da camisa 9, deve ter a concorrência de um nome de maior investimento. Para as extrema direita, um canhoto, que dispute posição com Capixaba, também pode chegar em Caxias do Sul.
E o técnico?
Comandante que levou o Juventude da Série C para a Série B, em 2019, Marquinhos Santos perdeu créditos com a torcida alviverde quando deixou o clube para treinar a Chapecoense, após a conquista do acesso. Em seu retorno, em 2020, a campanha foi ruim e a demissão aconteceu. Nesta temporada, clube e treinador retomaram os laços, e a campanha é melhor no Campeonato Gaúcho.
Para Picoli, Marquinhos é um bom nome, pois é o treinador que mais conhece as características do grupo de jogadores
— Para evitar de perder pontos, principalmente no início da competição, como foram as outras vezes, ou como aconteceu agora mesmo com o Marquinhos, no Campeonato Gaúcho, seria importante ter uma sequência de trabalho. É cada vez mais difícil de você encontrar nomes ideais quando não se dá o devido tempo pro trabalho. Vai ser questionado? Vai, como todos, mas ele me parece que está aos poucos dando uma consistência, que é aquilo que faz com que as equipes tenham boas campanhas em competições longas — destaca o ex-zagueiro alviverde.
Após a eliminação na Copa do Brasil, houve dentro do clube quem defendesse a sua demissão. Entretanto, principalmente pelo presidente Walter Dal Zotto Jr, Marquinhos recebeu votos de confiança e se manteve no comando do clube. Manter-se Série A, competição em que ele tem experiência em várias equipes, é o próximo dos desafios.
— O Marquinhos Santos é um cara que ainda busca um grande trabalho, com começo, meio e fim. Ele tá nessa, e acho que nisso o Juventude perdeu, porque o que o Pintado dizia era respeitado, e o Marquinhos nem tanto. Ele é um treinador que, quando as coisas começam ir mal, e é só olhar os trabalhos anteriores dele, o próprio grupo de jogadores começa a desconfiar dele. Então eu acho que ele precisa começar bem a Série A para os jogadores confiarem e acharem que ele vai ser o condutor — disse Sérgio Xavier Filho.