O celular de Marcos Vinicios não para de tocar desde o final da tarde do último domingo, quando de seu pé direito saiu o chute para o gol da vitória por 1 a 0 do Juventude sobre o Inter, aos 26 minutos do segundo tempo, no duelo de ida da semifinal do Gauchão. Familiares e amigos eufóricos com seu gol em um momento decisivo do Estadual.
Em sua temporada de estreia na equipe profissional, este foi o segundo gol com a camisa alviverde. Pela circunstância, porém, o mais importante, pois coloca o Verdão em vantagem na briga por uma vaga na decisão, algo que não acontece há cinco anos.
— A primeira ligação foi da minha mãe. Amigos e outros familiares também ligaram bastante. Acho que todo mundo estava ligado na televisão, por ser um jogo tão importante. Então recebi muitas mensagens — disse atacante do Verdão, que há quatro anos trocou o Rio Grande do Norte, por Caxias do Sul.
Mesmo longe de casa, o jogador procura sempre se manter conectado com a mãe, Maria da Conceição Moura, conhecida em Natal por Ceiça.
— Falei para ela que estava muito feliz. Ela tem o trabalho dela lá em Natal e estamos longe, mas a gente tem uma conexão boa. Sempre ligo pra ela, conversamos bastante e ela me dá conselhos — comenta.
Vinte minutos antes do gol, Marcos Vinicios teve uma oportunidade muito semelhante e acabou desperdiçando. Explorando às costas da linha defensiva do Inter, que jogava adiantada, ele recebeu uma assistência de Wescley e acabou se atrapalhando no momento da condução da bola em direção ao gol. O gramado da Montanha dos Vinhedos, prejudicado pelo clima dos últimos dias na Serra, acabou não colaborado. Entretanto, teve personalidade para aproveitar a nova chance que caiu em seus pés.
— Primeiro, eu achei que eu estava impedido, mas depois tentei dar sequência na jogada. O campo estava um pouco irregular, então quando eu coloquei a bola na frente, pingou muito e pegou um pouco na minha canela. Mas na segunda tentativa consegui fazer uma boa finalização pro gol — diz o atacante, que explicou a tranquilidade para não se desconcentrar com o gol perdido:
— Após a jogada, fiquei tranquilo porque sabia que ia ter outra oportunidade, mas que teria que ser efetivo. É um lance que a gente trabalha muito nos treinos, o Wescley tenta bastante esse passe.
Foi o 13º jogo como profissional do jovem atacante, nas categorias de base apelidado de Sorriso. Sempre alegre, ele chegou no Sul e ganhou esse apelido por ser bastante interativo e fácil criador de amizades.
Seu passaporte foi carimbado no ano passado, quando foi o principal jogador da campanha semifinalista do Juventude no Brasileiro de Aspirantes. No entanto, um ano antes, já tinha chamado a atenção de um outro Marcos Vinícius — este com U na última sílaba. Era o técnico Marquinhos Santos, que utilizava o garoto em alguns treinamentos durante a disputa da Série C.
— Ele é um professor. Mas também é um amigo e conversa bastante comigo. É um cara que me ajudou, não só agora, mas desde a base. Graças a Deus ele me deu a primeira oportunidade de estar jogando — comenta Sorriso.
O atacante de 20 anos foi descoberto pelo Juventude em 2017, quando disputava uma competição de categorias de base pelo ABC-RN, no interior de Pernambuco. Lá ele foi observado com destaque por um olheiro, que o indicou ao Verdão.
Já são quatro anos desde que ele aceitou a proposta e chegou ao Alfredo Jaconi. No campo, desde as passagens pelos elencos sub-20 e sub-23, mantém as características de suas origens, quando começou no futsal potiguar aos oito. Drible, velocidade e coragem para enfrentar os marcadores, como os próximos que o Juventude terá no Gauchão e no Brasileirão Série A.