A passagem do Esportivo na elite do futebol durou somente duas temporadas. O clube alviazul foi rebaixado e, em 2022, irá disputar novamente a Divisão de Acesso. Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra, o presidente Laudir Piccoli fez uma avaliação dos erros cometidos no planejamento para o Estadual e comentou sobre a participação do Tivo na Série D deste ano.
Para o mandatário alviazul, o Esportivo mudou demais em relação ao ano anterior, quando conquistou o título do Interior. Além da mudança drástica no elenco, com poucos remanescentes, a comissão técnica comanda por Carlos Moraes não foi mantida. Laudir Piccoli revelou que o nome do técnico Luiz Carlos Winck não era de sua preferência pessoal, mas aceitou de maneira democrática.
Confira a entrevista
Pioneiro: Qual o diagnóstico do rebaixamento?
Laudir: Com o Gauchão de 2020 e 2021, a gente aprendeu bem o que fazer e o que não fazer. É o momento que a gente pode ficar encontrando culpados, A minha culpa pode estar à frente do clube, a gente assume as decisões que foram tomadas. O principal é não ter dado a continuidade ao trabalho que foi feito em 2020. Acreditamos que foi mudado demais. Foram poucos jogadores do ano anterior. Foi mudado praticamente todo o elenco. Também colocamos o técnico (Luiz Carlos) Winck, que veio substituir o Carlos Moraes, mas foi uma decisão que nós tomamos, e a responsabilidade é toda nossa e também não podemos saber se teria dado certo, se a gente continuasse o trabalho de 2020. Na minha opinião, a princípio, eu acredito que tínhamos que ter dado continuidade.
Como foi composta essa decisão? Por que o elenco mudou tanto?
Na realidade, a gente deu autonomia para o Winck. Tinha um acompanhamento do vice de futebol também. O nosso gerente (Luis Fernando Hannecker), ele chegou um mês e meio depois que o time estava setenta por cento montado. Então acreditamos que não foram usados alguns critérios que se usou no ano de 2020, na escolha do perfil, não apenas do jogador, mas de alguns profissionais. Eu entendo que nós tínhamos graves problemas na questão do preparo físico. Antes do primeiro jogo do campeonato, nós tínhamos oito lesões e sete musculares. E, para quem entende, sabe que isso é demais. Então foi uma série de erros ali que a gente cometeu e temos que nos responsabilizar.
Presidente, o senhor foi a favor da saída do Moraes e da contratação do Winck?
Não é novidade pra ninguém. Em 2019, quando eu estava montando o elenco de jogadores, particularmente fui muito criticado por manter o Carlos Moraes à frente do time. Sinceramente, não por uma questão pessoal, mas por uma questão profissional, não era de acordo com o nome do técnico Winck desde aquela época. Em 2020, nós subimos e, posteriormente, foi meio polêmico, porque em Bento Gonçalves o Winck tem um nome muito forte e a comunidade entendeu que ele era o melhor nome.
Em 2021, na definição com a diretoria, a maioria foi favorável e nós acabamos acatando essa decisão e optamos pelo Winck. Acabou acontecendo, não dá pra colocar 100% da responsabilidade em cima do técnico. Enfim, é um conjunto, é uma equipe. Eu falo muito que desde o profissional que trabalha no clube, até o elenco de jogadores, a própria comunidade em si, todos nós somos responsáveis pelo resultado que obtivemos.
O investimento feito para o Gauchão deste ano foi menor, maior ou igual em relação ao ano anterior?
Foi praticamente igual. Com o valor da comissão técnica e jogadores deu em torno de 130 mil, aproximadamente, de folha de pagamento.
A direção percebe que o clube, hoje, tem condições de investir na Série D?
Tudo depende de patrocinadores, né? O Esportivo, o ponto forte, hoje, é a gestão administrativa financeira. Nós nos orgulhamos de hoje, qualquer um vender pro clube, temos os impostos em dia, aprovamos projetos de Pró-Esporte para as categorias de base, a nossa intenção até o final do ano é chegarmos a quase 300 crianças, é só liberar essa questão das bandeiras. A gente já vai começar a executar os projetos. Uma novidade agora: já ficou pronta uma usina de energia solar e o Esportivo vai ter custo zero de energia no estádio. Vamos produzir em torno de 7 mil quilowatts por mês e isso vai nos dar autonomia e automaticamente reduzir o custo.
Temos um fluxo de caixa tranquilo, mas a questão da Série D, agora com essa situação do rebaixamento, nós também precisamos analisar bem o orçamento do clube para não comprometer a saúde financeira. Também para podermos, em 2022, disputar um acesso o mais preparado possível e para subir o quanto antes.
Presidente, até quando vocês pretendem definir essa questão?
Provavelmente até o final da semana ou semana que vem a gente vai definir. Nós temos o patrocínio do Banrisul, que eles têm uma tabela de quem participa de Campeonato Brasileiro. O torcedor exige bastante e a gente entende que ele quer o resultado dentro de campo. Não adianta a gente falar que as contas estão em dia, mas a gente faz gestão e pensa no clube a médio, longo prazo. A campanha de 2021 no Gauchão, eu sinto muito pelos 350 sócios do clube, pelos patrocinadores, pelas pessoas que trabalham, mas a vida segue. Agora a gente vai continuar esse planejamento. Nós temos também a transição para a nova diretoria no final do ano, e o quanto mais formos unidos neste momento, antes a gente sai dessa situação.
Vocês cogitam a hipótese, por exemplo, de desistir da competição?
Eu não quero decidir sozinho. As nossas decisões são em diretoria. A gente debate, a gente analisa. A ideia é continuar o planejamento. E vamos ver os prós e os contras e analisar as opções.
Vocês também têm ciência dessa questão de que se desistir agora pode ter uma punição da CBF?
Sim, com certeza. A gente vai analisar todas as circunstâncias para ter o mínimo de prejuízo possível, né? A ideia é ver o que é melhor para o clube, o que é melhor para a estrutura e vamos tentar ser o máximo assertivo com uma decisão conjunta com toda diretoria e conselho. Vamos pedir a opinião de todos.
Qual é a avaliação a respeito do Gustavo Papa como técnico nessa trajetória final do Esportivo no Gauchão?
Se analisar a campanha dos últimos quatro jogos, a campanha realmente não foi ruim. Mais um pouquinho de tempo, eu tenho certeza absoluta que a gente ia escapar. Infelizmente, a gente não teve mais tempo. Na minha opinião, o Gustavo Papa soube levar o grupo e não foi ele que montou o time. Eu percebia, pelo formato de trabalho dele, que tem uma metodologia, ele tem um trabalho que dentro de campo com certeza deu certo. E é um técnico que ficará no radar.