Mesmo com dificuldades e com oscilação na campanha, o Caxias está na segunda fase da Série D. O adversário será o Mirassol. Duas partidas para conseguir avançar mais uma etapa da competição e continuar vivo no sonho do acesso à Série C. Nesta semana decisiva, o técnico Rafael Lacerda concedeu entrevista exclusiva ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra, 102.7 FM.
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O treinador comentou sobre o Mirassol, adversário na segunda fase, contratações e a dificuldade para encontrar atletas disponíveis no mercado, além da possível chegada de mais um atacante experiente. Lacerda falou sobre a relação com a imprensa, que em alguns momentos esteve estremecida, mas já houve o reparo do técnico com pedidos de desculpas. Lacerda também explicou os motivos que levaram a contratação do auxiliar Rafael Santiago.
Confira trechos da entrevista:
Adversário na segunda fase
O Mirassol é um adversário forte. Fez uma grande primeira fase. Fez bastante gol e uma das equipes que menos tomou gol nesta primeira parte. Já fez um grande Campeonato Paulista. O Mirassol tem um treinador moderno e taticamente é muito organizado. Sabe se defender de forma muito compacta. Por ser uma equipe jovem, tem jogadores de velocidade. É uma equipe que propõe jogo. Assim como o Mirassol tem suas virtudes, o Caxias também tem.
Contratações
A gente não tinha condições financeiras de contratar. Agora, saíram três atletas (Guto Dresh, Yuri e Juninho Potiguar) por término de contrato. Então, deu uma respirada na folha. Após o jogo contra o São Caetano, os nossos telefones não pararam, que teríamos que acertar nas contratações, mas não é assim que funciona. O Caxias joga a Série D. É impossível trazer alguém da Série A do Brasileiro. Da Série B, conversamos com seis atletas da mesma posição. Dois titulares e quatro reservas nos seus times. Nenhum quis ouvir a proposta.
Dificuldade para contratar
Na Série C, tem 20 clubes e 14 estão envolvidos na última rodada. Nenhum atleta consegue liberação antes. Sobram seis. Desses, Jacuipense, Ferroviário e Imperatriz foram observados os jogos e nenhum jogador chamou a atenção. Sobrou Manaus, São José-PoA e Volta Redonda, que não têm mais nada a fazer. O São José queríamos um atleta, mas foi para o Mirassol. Tentamos dois atacantes do Volta Redonda. Um não veio, porque antes do Volta Redonda ele fez um jogo pelo clube de origem dele. O outro foi para o Mirassol também, ganhando três vezes mais do que a gente pode pagar.
Atacante experiente
A gente vai trazer mais um atleta. É um com rodagem na Série B e fora do país. É um atacante experiente. Se tudo der certo com a documentação, ele está na Copa Paulista, mas tem experiência na Série B. A gente torce que dê certo, é um atleta que a gente conhece.
Reação do grupo com reforços
É uma coisa natural do futebol. Os atletas sabiam que nós tínhamos necessidade de reforços. Não fizemos antes pela questão financeira. É uma situação tranquila. Antes do primeiro treino da semana já comuniquei os atletas. Eles estão acostumados. É um grupo forte. Vou usar uma frase que o Juliano, nosso capitão, usou na véspera do jogo contra o Joinville: "Não tem mais vaidade". Agora é o Caxias, acima de tudo. É normal, todos os clubes se reforçam.
Relação tumultuada com a imprensa
Não é a relação com a imprensa. É com determinadas pessoas. Eu não concordo com a crítica que leve para o lado pessoal. Sempre tive relação muito boa, principalmente com os repórteres de campo, na época de atleta. Eu não acompanho, mas a gente entra no clube e alguém já te fala. Talvez, incomode o fato de eu ser da casa, o fato de ser novo. Esses tempos me disseram que determinada pessoa está brava porque falou que tu só ganhou a Ewaldo Poeta. Tem treinador na Série A que não ganhou nenhum titulo. Às vezes, eu sinto que incomodo as pessoas, porque tenho opinião. Eu sempre vou ter e, talvez, isso me prejudique. Não vou ser o treinador que fala o que as pessoas querem ouvir. Tenho opinião e personalidade. Claro que em alguns momentos a gente erra e pede desculpas. O que me incomoda são pessoas que já tiveram desse lado, que já foram treinadores ou ex-jogadores. Já passou e serve de aprendizado.
Pensou que poderia ser demitido?
Sinceramente, sim. O futebol está assim. O treinador perde um ou dois jogos, no terceiro ele cai. Mas posso te dizer que em momento nenhum teve conversa sobre isso entre nós. Nem mesmo no empate com o Marcílio, São Luiz ou em Tubarão. O Ademir, o Paulo Cesar e o Biazus falaram sobre isso comigo. A gente conversava depois dos jogos. Eu ficava arrasado. Sempre a diretoria me falou que acreditava no trabalho. Se fosse outro executivo, outro presidente, talvez, eu não estaria mais. Se eu tivesse saído, não teria problema. Minha admiração pelo Caxias iria continuar, porque eles deram a minha primeira oportunidade. Tenho certeza que a minha permanência foi pelo trabalho e por quanto nosso grupo é fechado. Nosso ambiente é fantástico. Não tivemos nenhum problema com atleta.
Gratidão
A minha relação com o Setti, eu tenho muito respeito e sou muito amigo. Estou no Caxias por causa dele. O primeiro trabalho depois que larga a bola é muito difícil. O Setti sabe que sou muito grato a ele. Ele faz parte das minhas conquistas. Depois, a atual diretoria. Seria muito difícil alguém apostar em mim. Se não fosse a atual direção com o César, Ademir, Biazus, o Miola, não vou citar todo mundo se não esqueço. Mas esses são os mais próximos. Também, o Vitacir Pelin e o Valdecir Bersaghi, que estavam no futebol ano passado, me ajudaram muito.
Novo auxiliar e férias para Jeferson Ribeiro
Não houve desentendimento. Poderia ter entrevistado o Jeferson Ribeiro (auxiliar que ganhou férias do clube no meio do campeonato) para saber disso. A vinda do Santiago eu senti necessidade. A gente entendeu que precisava de mais ajuda. O Jeferson é um cara sensacional, passou cinco anos no clube como auxiliar da casa. A situação das férias é uma questão que o clube entendeu, não passou por mim. O clube só perguntou quem eu queria como meu auxiliar. O Jeferson era meu auxiliar, mas antes era só do clube, antes de mim. De maneira alguma, houve desentendimento.
E o Santiago não veio porque é amigo do Lacerda. Ele veio porque trabalhou com o Paulo Porto, fez estágios com o Umberto Louzer na Chapecoense e no Coritiba, com o Fábio Carille no Corinthians, porque ele tem um trabalho ofensivo muito bom.
Comando no vestiário
Eu considero que nosso vestiário está muito bom. O Ademir tem experiência grande, um comando fantástico e tem o respeito dos atletas. Ao mesmo tempo, ele consegue se impor. Eu não concordo com a questão da experiência. Eu posso não ter experiência em algumas coisas, mas nesta parte sou muito bom. Gerir grupo. Nesta parte do vestiário, eu sou forte e sou bom. Eu me considero mais preparado.
Meio título?
Eu já ouvi de algumas pessoas que a Taça Ewaldo Poeta foi meio título. Não foi meio título. Quando os narradores gritaram, falaram campeão. E agora, com altos e baixos, estamos classificados.
Críticas
Em nenhum momento eu pensei em sair. Confesso que acho que as críticas foram um pouco exageradas, apesar de fazer parte. É um time que foi campeão, ficou fora do G-4 uma única vez. Eu entendo perfeitamente o torcedor, tem o direito de cobrar. Ficamos o campeonato inteiro no G-4, ficamos invictos no segundo turno. O torcedor pode acreditar, porque é um grupo vencedor e experiente. É um grupo trabalhador. Semana passada, a torcida foi no estádio conversar com a gente. A torcida está junto. É o momento de apoiar os atletas, pode bater no treinador.
Mais união no clube
Pessoas que passaram pelo clube poderiam ajudar mais. Bom seria se houvesse uma união maior. O presidente tenta agregar todo mundo. Esse ano é diferente, as coisas estão diferentes. Esse acesso eu quero muito, também é para o pessoal que trabalha no clube. O pessoal da portaria, da limpeza, que cuida do campo. A tia da cozinha me trata muito bem, até ganhei uns quilos.
Ouça a entrevista completa no programa Show dos Esportes