Os pequenos Rhaul Francisco Vieira Quintanilha e Michel Roberto Martins, ambos de 10 anos, ficaram no topo do pódio no Mundial de jiu-jitsu, que ocorreu no último final de semana em Campinas, no interior de São Paulo. As crianças, naturais de Nova Prata, integram um projeto social do município chamado de H.aço Jiu-Jitsu ABEM.
— As lutas no todo não foram difíceis. O que eu já espera levando em conta todo talento deles, difícil mesmo é o cotidiano, a busca por ajuda, as dificuldades, as batalhas diárias enfrentadas por estas crianças. Estes títulos já eram para ter acontecido há muito tempo, só não aconteceu antes porque não tivemos oportunidades. Sempre tive certeza, era só questão de conseguirmos ir — conta o professor José Luís Vieira Júnior.
Rhaul pratica o jiu-jitsu há seis anos. Já Michel está há quatro anos envolvido com o esporte. Durante este período, já foram diversas competições e conquistas.
— Ele competem em todos os campeonatos aqui no Estado e em todos que vamos, voltamos com 90% deles com o primeiro lugar. Eles esmagam na grande maioria. Já provaram por diversas vezes que estão no topo aqui no Estado, únicos campeonatos que não vencemos são aqueles que não vamos — orgulha-se o professor.
Projeto social
O H.aço Jiu Jitsu ABEM existe há quatro anos, com a prática de jiu-jitsu e kickboxing. Com a pandemia, o número de alunos reduziu de 50 para 20. No entanto, Júnior ressalta que estão, aos poucos, resgatando aqueles que pararam de participar.
— Foi ideia minha abrir o projeto. Na verdade, não era um projeto até começarem a falarem de projetos, pois, pra mim, continua sendo eu e eles. Nós em busca de grandiosidade, de amor, de amizade e de fazer eles não passarem por todas as coisas erradas que o mundo vai oferecer. Por meio do jiu-jitsu, que é um esporte lindo, que é um estilo de vida absurdo de bom, eles conseguirem ser pessoas de bem, excelentes profissionais em qualquer área que eles forem escolher. Digo que eles podem tudo, independente do bairro que eles moram, independente se eles são pobres, independente se hoje falta um prato de comida, um tênis bom, um kimono novo. Com trabalho duro, dedicação, perseverança eles poderão conseguir tudo que eles querem, que podem conquistar o mundo como fizerem no domingo passado — enfatiza o professor.
À frente do projeto, junto com Júnior, está o instrutor Thiago Veledo. Eles possuem uma relação próxima com as famílias, com o intuito de auxiliar na evolução das crianças participantes do projeto. Afinal, o intuito único é ajudá-las.
— Eu conheço todos os pais deles, a gente mora no mesmo bairro. Eu sei da luta de cada um, por isso me esforço tanto, por isso eu abdiquei da minha vida. Quero dar tudo de mim para eles, não posso deixar sozinhos. Eu não posso abandonar eles, não posso deixar desistirem. Moramos num bairro com índice alto de violência, com drogas e com muitas coisas erradas a um passo deles, por isso isto não pode nunca acabar — conta Júnior.