A transferência dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 para o ano que vem abriu um novo caminho de esperança para o tenista caxiense Marcelo Demoliner. O motivo da mudança de data e a razão pela qual todo o mundo do esporte paralisou, é claro, preocupa o atual número 48 do ranking de duplas da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP). Porém, o tempo maior de preparação e de chance para pontuar deram a possibilidade dele estar no Japão.
Para isso acontecer, no entanto, Demoliner precisará de uma combinação de fatores. Como Marcelo Melo (quinto do ranking) e Bruno Soares (25º) vão formar dupla, ele precisa encontrar um parceiro para tentar a vaga olímpica. Diferente do circuito da ATP, quando pode atuar com atletas de outros países, para o caxiense estar em Tóquio, será preciso outro brasileiro.
— Preciso torcer para os nossos jogadores de simples melhorarem os rankings deles. Como o Bruno e o Marcelo vão jogar juntos, para eu ter chance preciso de algum simplista com ranking bom ou outro duplista para formar essa parceria. Se eu melhorar meu posicionamento, posso ajudar mais ainda somando com o de quem for comigo — explicou.
Na temporada 2020, o jogador de 31 anos mantem a dupla com o holandês Matwe Middelkoop. Depois de um início de ano instável, a parceria embalou e buscou bons resultados.
— Janeiro não foi dos melhores. Não conseguimos nenhuma vitória, mas estávamos muito perto em todos os jogos. Perdemos jogos difíceis contra adversários muito duros. Porém, a gente sabia que era no detalhe, que estávamos nos aprimorando e entrosando muito desde o ano passado com essa parceria fixa. Ficamos muito fortes mentalmente. Quando começou a gira do saibro, conquistamos o ATP 250 de Córdoba (Argentina). Isso nos trouxe mais determinação e gás para o decorrer da temporada — afirmou Demoliner, lembrando que a pausa por conta da pandemia no coronavírus é necessária, mas acabou segurando o ritmo forte que estava aplicando em 2020:
— É uma pena ter tido essa parada, essa coisa que a gente nunca vivenciou. Até então, estávamos em um processo muito bom de confiança, fizemos bons resultados no saibro, com um título e uma semifinal. Também teve a Copa Davis, que gerou ainda mais confiança para mim. Poder jogar contra a Austrália, fora de casa, e obter uma vitória com o (Felipe) Meligeni. Foi um resultado muito expressivo, em um jogo de três horas.
Apesar da vitória da dupla, o Brasil não avançou na Copa Davis. Mas para Demoliner, foi mais uma prova de que seu nível no ano estava em franca ascensão. Para o sonho olímpico continuar, será preciso torcer e aguardar, até porque as incertezas ainda são grandes.
— Agora tenho um pouco mais de chance de poder lutar para conseguir essa vaga. Isso também vai depender de quando o circuito do tênis vai voltar, porque influencia bastante. Não sabemos se vai ser em julho, agosto, setembro ou se terá o retorno esse ano. Tem o fato de os rankings estarem congelados. A gente não perde pontuação, mas também não ganha — explicou Demoliner, relatando o seu sentimento enquanto espera a volta das atividades:
— Como a gente está confinado, estou sem treinar. Como não sei quando vão abrir as academias e clubes, tenho que ter paciência. Os treinamentos não vão mudar nada. Vão ser a mesma coisa. Só precisamos saber quando voltam os torneios para poder pontuar mais e ter a chance de jogar a Olimpíada.
REFLEXOS DA COVID-19
Sem jogar desde o início de março, quando participou da Copa Davis, Demoliner tem no apoio dos seus patrocinadores a garantia de renda. Como no circuito do tênis cada atleta compete por si, as empresas que anunciam com os jogadores são a principal forma de renda da maioria dos tenistas.
— Falando especificamente no meu caso, afeta sim. De certa forma, estou “desempregado” e sem nenhuma remuneração, exceto os patrocinadores que por sorte possuo e sou muito grato. Sem eles, minha tranquilidade não seria a mesma — admite.
No mundo do tênis, o coronavírus também deixa seus reflexos. No final de março, o brasileiro Thiago Wild testou positivo para a covid-19. Para Demoliner, os cuidados e os riscos para os atletas existem, mas sua atenção está em outro time.
— Acho que todos estamos sujeitos. Mas a minha preocupação maior é com meus avós e familiares. Tento manter distância e, quando isso acabar, não vejo a hora de voltar a abraçar e beijar eles — concluiu o caxiense.