A pandemia do coronavírus gerou mudanças nos hábitos. Com mais tempo em casa, todos passaram por um processo de readaptação e criaram novos costumes, ou voltaram a viver situações que a falta de tempo, talvez, não permitia.
Os jogadores de futebol têm treinado em suas residências para manter o condicionamento físico, mas também buscam outras alternativas para passar o tempo. Imagina conhecer detalhes dos bastidores do esporte mais praticado no mundo?
O goleiro Marcelo Carné, do Juventude, tem um hábito antigo, mas aprimorado na quarentena: a leitura. O jogador tem formação acadêmica em Educação Física. Por si só, sempre gostou de ler e estudar. Além disso, sempre recebeu o incentivo da mãe, Norma, que é técnica em Enfermagem e do irmão, Pedro Henrique, professor universitário de Filosofia, para o hábito de consumir livros.
- É algo de família. Minha mãe sempre leu e sempre comprou livros diferentes. O meu irmão e eu crescemos com essa influência - disse Carné.
Atualmente, o goleiro está lendo um livro que tem ligação direta com a profissão “Política, propina e futebol: Como o padrão Fifa ameaça o esporte mais popular do planeta”. Neste livro, o jornalista Jamil Chade desvenda os bastidores da operação policial, a partir de documentos exclusivos, em 2015, quando a maior organização esportiva do planeta era alvo de uma ação da polícia suíça. Segundo investigações americanas, a Fifa havia movimentado durante 24 anos pelo menos 150 milhões de dólares em propinas e subornos.
- Me chamou a atenção como as grandes instituições, na sua função fundamental que é fomentar as atividades e todo o dinheiro que o futebol gera ser retornado em benefício para o esporte, a gente vê que não acontece. Muitos dirigentes enriquecem. O torcedor paga ingresso caro, os clubes ficam quebrados e a CBF e Fifa lucram muito. É algo que entristece, porque ficamos reféns desses comandantes - disse o goleiro.
Marcelo Carné também já leu outros livros que falam sobre escândalos no futebol. Um deles é “Jogo sujo: O mundo secreto da Fifa”, escrito pelo jornalista escocês, Andrew Jennings, que começou a investigar a Fifa em 1998 e fala sobre crimes da entidade. Mesmo com esses grandes problemas e escândalos de corrupção, o goleiro entende que isso não diminui a paixão das pessoas pelo esporte.
- Eu recomendaria a leitura. Os clubes são muito prejudicados pelos grandes comandantes do futebol. Ler sobre esses assuntos geraria um pouco de revolta de como funciona e como procedem nos comandos. Quando mais pessoas informadas, é o grande remédio para muitos males. Quando você sabe das coisas que acontecem nos bastidores, as pessoas têm mais armas para combater. Muito dinheiro das pessoas que amam futebol indo para o bolso de gente que só se preocupa em enriquecer - finaliza o goleiro Marcelo Carné.