Em pleno mês de abril, os jogadores de futebol dos clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro estão em férias. Não é nada normal para essa época do ano. Normalmente, esse período começa em novembro ou dezembro. No entanto, a pandemia do coronavírus obrigou todos a enfrentar o isolamento social e realizar os devidos cuidados.
Com as competições paralisadas por tempo indeterminado, o esporte teve que se adaptar. Os clubes de futebol da primeira e segunda divisões - incluindo o Juventude - definiram que, pelo menos até o dia 20 de abril, os atletas estão em férias. Um período que seria de descanso ou de viagem com a família, virou uma reclusão em casa.
– Nas férias do ano passado, estava no Japão. Minha esposa e eu curtimos uns dias na praia de Santos. Todas as férias, a gente costuma viajar. No início do ano já projetamos para quando chegarem as férias, esteja tudo programado – disse o lateral Samuel Santos, jogador alviverde.
O lateral é adepto de viagens para conhecer resorts, praias ou até mesmo países. Tudo em família e num período de 15 a 20 dias. Depois tem o hábito de visitar os pais dele e da esposa. Porém, neste ano, essas próximas semanas não serão de viagens.
– As férias desse ano pegaram todo mundo de surpresa. Ninguém esperava essa pandemia. Acredito que as férias de todos vão ser ficando em casa. Está sendo diferente. É a primeira vez que vivo isso. Bom para aproveitar os filhos – lembra o atleta.
Em tempos normais, nessa época do ano, os jogadores estariam em atividade nos campeonatos. Com a parada, muda tudo. Competições serão remarcadas, preparações serão refeitas e planejamentos alterados.
Uma mudança drástica. Diariamente, os atletas estão costumados a treinarem no clube ou academia. Agora, precisam achar alternativas para treinos e também passar o tempo. Para quem tem filhos, o desafio se torna ainda maior.
– Cada dia é aventura nova. Sempre inventando alguma coisa para fazer. O bom é que o colégio está mandando as tarefas para fazer em casa e quem me acompanha nas redes sócias sabe que sempre estou colocando algumas tarefas que estamos fazendo. Mas é um momento para ficar com a família e aproveitar do jeito que dá – disse o lateral-esquerdo Eltinho, capitão do Juventude, que também tem o hábito de viajar, mas dessa vez não poderá:
– Sempre tiramos uns 10 dias para nós. Sempre fazemos alguma viagem. Eu acabei ficando em Caxias, porque não dá para ficar viajando com todos falando para ficar em casa. Minha família e eu estamos cuidando bastante e assim acabamos cuidando dos outros também.
Treinos e culinária
A mudança repentina obriga a rápida adaptação para manter a forma. Com treinamentos funcionais em casa, trabalhos de core para fortalecer os músculos, atividades para resistência, os atletas utilizam minibands - pequenas faixas elásticas -, cabos de vassouras, bola, parede.
Porém, esses treinos tomam no máximo duas horas por dia. Então, o que eles fazem no restante do tempo? Além de ajudar os filhos com a lição da escola, como disse Eltinho, outra nova habilidade pode ser aprimorada. A arte de cozinhar.
– A minha esposa gosta muito de cozinhar. Eu fico ali do lado dela, mais atrapalhando do que ajudando, mas ela me ensina algumas coisas. A gente gosta muito de fricassê, então acrescentamos algo. Agora, estamos bolando uma feijoada light, uma picanha recheada no forno. Eu sei fazer temaki e sashimi. Tudo para passar o tempo – lembra com bom humor Samuel Santos.