A eliminação do Caxias para o Manaus tem vários pontos que a justificam. A primeira delas foi citada pelo vice de futebol José Caetano Setti após o jogo de sábado: a quantidade de gols perdidos na partida de ida, culminando com um pênalti perdido por Rafael Gava nos acréscimos. Soma-se a isso uma atuação irreconhecível da equipe no jogo da volta, especialmente nos últimos 25 minutos.
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Não bastasse isso, ainda existe a motivação adversária com o extracampo. Seja pelas provocações do meia Wagner ou nas mensagens das redes sociais entre os torcedores. Tudo foi usado pelo Manaus para motivar seus atletas e até a comunidade do Amazonas, que abraçou o time e lotou o estádio.
Elencamos alguns motivos que podem explicar a derrota grená e o fim de mais uma tentativa de ascender no cenário nacional.
PARA TENTAR ENTENDER
1º Pênalti desperdiçado
:: No Centenário, aos 46 minutos do segundo tempo, mesmo sob forte neblina, o Caxias teve um pênalti em seu favor. Rafael Gava foi derrubado na área e teve a chance de garantir 2 a 0. Após Wagner pedir para bater, Gava, como cobrador oficial, pegou a bola e assumiu a responsabilidade. Isolou.
2º Cinco gols perdidos no primeiro jogo
:: Ainda dentro da partida no Estádio Centenário, o Caxias empilhou chances perdidas. O zagueiro Thiago Sales conseguiu prevalecer sobre a defesa em duas jogadas de bola parada no primeiro tempo, mas cabeceou as duas para fora. Rafael Gava teve uma chance na etapa inicial, de cabeça (foto abaixo), e jogou por cima. Em outras duas, no segundo tempo, pegou mal na bola, mesmo estando livre. Eram as chances de aumentar a vantagem.
3º Rendimento abaixo do normal
:: Na decisão em Manaus, alguns jogadores estavam abaixo do seu rendimento. O zagueiro Thiago Sales, certamente um dos melhores da posição na Série D, errou diversos passes na saída de bola. O lateral-esquerdo Eduardo Diniz, talvez não 100% fisicamente, apareceu pouco. Rafael Gava foi bem longe do que fez na temporada. Wagner estava lento e pouco fez ofensivamente.
4º Postura defensiva
:: Desde o primeiro jogo da temporada de 2019, o Caxias quase nunca jogou fechado. Independente do adversário, era um time que conseguia controlar a bola e trocar passes desde a defesa. Além disso, marcava com pressão alta.
Na Arena da Amazônia, o time abdicou de tudo e jogou na defensiva. Na maior parte do tempo, o time grená ficou refém do contragolpe.
5º Efeito Wagner
:: As provocações do meia em rede social, diga-se antes de saber quem era o adversário, foram usadas como motivação pelo Manaus. Em vídeo, Wagner afirmou que se o rival vestisse verde estaria “f*****”. Além do cântico “um minuto de silêncio”. Tudo foi respondido atacante Mateus Oliveira, do Manaus. Em entrevista ao Globoesporte.com, o jogador cantou a mesma música e atacou:
— (O Caxias) contratou jogador que não consegue ganhar nem na balada, vai ganhar como da gente aqui?
6º Clima de guerra
:: As provocações entre os torcedores nas redes sociais também criaram um ambiente muito hostil. O foguetório na véspera do primeiro jogo foi o estopim para o Manaus disseminar um clima de guerra desnecessário, apoiado em declarações xenofóbicas por torcedores do Caxias. As frases tomaram conta do noticiário manauara e mobilizaram torcedores até outros do Amazonas. A situação chegou ao ponto de quatro carros da polícia militar acompanharem a delegação grená. Os torcedores do Caxias foram quem mais sofreram. Sem segurança no estádio, foram agredidos e ainda tiveram os ônibus apedrejados. Esse fator foi muito presente no vestiário do Manaus, como é possível notar no mesmo desabafo do atacante Mateus após o jogo:
— Eles denominaram nós de índios e esqueceram que índio ataca o tempo todo. Aí está o resultado. Quem fala demais, dá bom dia a cavalo.
7º Bola no travessão de Taiberson
:: Na decisão, o Caxias apostou em contra-ataques. Na primeira etapa, Taiberson teve um gol bem anulado por impedimento. No segundo tempo, duas chances: aos dois minutos, Michel concluiu e o goleiro Jonatan fez uma grande defesa; cinco minutos depois, Taiberson (11) invadiu a área e chutou no travessão. O ponto divisor de águas na partida.
8º Um gol inexplicável
:: O segundo gol do Manaus é quase inacreditável. Panda cobrou lateral na pequena área. Jean ameaçou, mas não chegou. Lee não saiu do gol. Vitinho bateu de volta para o meio da área e a bola passou entre as mãos do goleiro, até Rossini fazer.
9º Penalidades não assinaladas
:: A atuação do Caxias foi ruim. E, por conta disso, deixou dois lances capitais em segundo plano. No primeiro tempo, o volante Foguinho saiu na cara do goleiro, tocou para o lado e foi derrubado pelo camisa 1 manauara. Bráulio da Silva Machado considerou o lance normal. Nos minutos finais da partida, após cruzamento da esquerda, o zagueiro Thiago Sales cabeceou para o meio da área e a bola bateu no braço do defensor. Nada assinalado.
10º Pressão pelos fracassos
:: Alguns fatores são difíceis de explicar. O fato de o Caxias ainda não ter conseguido um acesso nacional parece pesar na hora decisiva. Dentro ou fora de casa, a equipe parece sentir o tamanho da responsabilidade.