Faltam pouco mais de 60 dias para que um brasileiro volte ao octógono do Ultimate Fighting Championship (UFC) para tentar desbancar Jon Bones Jones. Considerado por muitos como o maior lutador de todos os tempos da organização, Jon Jones, 31 anos, terá pela frente o carioca Thiago Marreta, 35, que promete chocar o mundo ao derrotar o norte-americano no UFC 239. O evento será no dia 6 de julho, em Las Vegas, nos Estados Unidos.
Será uma luta emblemática. Jon Jones só perdeu o cinturão do peso médio-pesado quando foi afastado da organização por problemas pessoais. Dentro do octógono, nunca perdeu – ele ganhou o cinturão em 2011, casualmente de outro brasileiro: Mauricio Shogun Rua.
Já Marreta vem em uma rápida ascensão dentro do ranking da entidade e venceu as últimas três lutas com nocaute. Ingredientes para um grande embate e mais uma grande oportunidade para o Brasil voltar a reinar no evento.
– É a luta mais importante da minha vida. Estamos nos preparando bem e vamos chegar 100% – afirma Marreta.
O carioca esteve em Caxias do Sul nesta sexta-feira, junto do seu treinador de jiu-jitsu Otávio Duarte, o Tatá. Eles ministraram um seminário técnico de muay thai, especialidade de Marreta, jiu-jitsu e MMA, na GE Training Club. Durante essa passagem, o lutador conversou com o Pioneiro. Ele falou sobre o confronto, os elogios recebidos de um treinador do oponente – Mike Winkeljohn afirmou que o estilo do brasileiro é assustador – e sobre chegar ao seu auge aos 35 anos. Confira os principais trechos:
Pioneiro: O técnico do Jon Jones disse que o seu estilo é assustador. Como você recebeu esse elogio?
Thiago Marreta: Eu ignoro. Isso faz parte, porque a luta já começou e não posso me vangloriar disso. Acredito que pode ser uma parte estratégica deles, tentar fazer com que eu me ache demais e em algum momento subestime o Jon jones. Sou um cara que não subestimo ninguém, o que dirá agora com um cara invicto. Os comentários deles não irão mudar meu foco.
Você tem falado em chocar o mundo ao derrotar o seu oponente. Como pretende fazer isso?
– Ele é um cara muito inteligente e talentoso, isso é indiscutível. Mas os caras que Jon Jones enfrentou, infelizmente assistiram ele lutar, deixaram dominar a luta. E isso não é a minha característica. Sou um cara muito agressivo e versátil. Tenho golpes diferenciados, assim como ele também tem, mas acho que ele nunca enfrentou um cara assim. Ele sabe do perigo e com certeza vou chocar o mundo. Tenho certeza que trarei esse cinturão para o Brasil.
Como é a preparação mental para uma luta dessas?
– Tenho uma cabeça muito boa. Servi o exército por sete anos e me ajudou muito na parte psicológica. Carrego isso para minha vida. E já passei por muitas coisas na luta, que me trouxeram experiências. Já obtive muitas vitórias e derrotas marcantes, aprendi com todas elas. Tudo isso me preparou para esse momento. Vou chegar 100% para essa luta.
Qual a maior dificuldade no UFC para um cara da luta em pé?
– É uma questão de adaptação. Todo striker gosta de lutar separado, manter uma distância. Só que o MMA engloba tudo, então tem que estar preparado para a parte de queda e de chão, algo que todo striker tem dificuldade no início. Hoje me sinto bem tanto no chão como na parte da queda. Venho me dedicando muito nos Estados Unidos para a parte de wrestling, para aprimorar minha parte de jiu-jitsu com o mestre Tatá. Hoje em dia sou lutador de MMA.
O que mudou desde o seu ingresso no UFC?
– Mudou muita coisa. Hoje consigo dar um conforto melhor para minha família, tenho condições de ajudar algumas crianças e jovens. Estou com um projeto social na Cidade de Deus (Rio de Janeiro). Hoje em dia consigo fazer mais pelo próximo.
Imaginou ser referência para os menores?
– Nunca imaginei, não. Eu comecei tarde no MMA, estreei com 26 anos, por mais que eu estivesse envolvido com artes marciais desde os oito. Aos 29, entrei no UFC e aos 35 estou disputando o cinturão. As coisas aconteceram muito rápido na minha vida, não foi algo planejado. Acho que foi coisa de Deus, sou grato a isso e através desse dom tento ajudar o próximo.
Como mantém esse estilo agressivo e ágil com 35 anos?
– Sempre estive ligado ao esporte. Apesar de não ter competido profissionalmente, acho que isso me ajudou. Você vê caras que começaram muito cedo e quando chegam aos 30 ou 35 anos o corpo não aguenta mais. As coisas aconteceram certinhas na minha vida, fui me preparando, treinando, fortalecendo meu corpo e agora estou no auge. E não estou tão ferido de batalha (risos).
Victor Belfort tem 12 nocautes no UFC e você tem 11. Já imaginou igualar essa marca contra Jon Jones?
– Eu não me apego muito a isso. O mais importante é a vitória, trazer esse cinturão para o Brasil. Mas, se acontecer dessa forma, seria o pacote completo.