
O exército do Paquistão acusou neste sábado (10) a Índia de lançar mísseis contra três de suas bases aéreas, uma delas localizada nos arredores da capital, Islamabad, elevando ainda mais a tensão entre as duas potências nucleares do sul da Ásia.
A escalada militar já deixou mais de 50 civis mortos desde quarta-feira (7), quando a Índia bombardeou o que chamou de "campos terroristas" em território paquistanês.
De acordo com o porta-voz das Forças Armadas paquistanesas, Ahmed Sharif Chaudhry, os mísseis atingiram as bases de Nur Khan (em Rawalpindi, vizinha à capital), Murid e Chaklala. Ele afirmou que "a maioria dos mísseis foi interceptada" e que "nenhum ativo aéreo foi danificado".
— Agora apenas aguardem a nossa resposta — declarou, em recado direto às autoridades indianas.
As hostilidades entre os dois países começaram após um atentado em 22 de abril, na região indiana da Caxemira, que matou 26 turistas. A Índia atribuiu o ataque ao grupo jihadista Lashkar-e-Taiba (LeT), que tem base no Paquistão, acusação rejeitada pelo governo paquistanês.
Na madrugada deste sábado, explosões foram ouvidas em Islamabad e em Rawalpindi, sede do quartel-general do exército e dos serviços de inteligência do Paquistão. Segundo fontes militares paquistanesas, 77 drones indianos foram derrubados nos últimos dois dias.
Do lado indiano, o exército acusou o Paquistão de lançar ataques com drones e artilharia contra três instalações militares, duas na Caxemira e uma no estado de Punjab. Nova Délhi nega qualquer envolvimento com os ataques às bases paquistanesas, mas confirmou a presença de drones inimigos em regiões de fronteira como Jammu e Samba.
Nesta sexta-feira (9), cinco civis morreram em bombardeios indianos na Caxemira controlada pelo Paquistão. Em resposta, o exército de Islamabad afirmou ter realizado um contra-ataque a três postos militares indianos no distrito de Kotli, onde quatro pessoas morreram.
Fontes policiais na Caxemira administrada pela Índia informaram que uma mulher morreu e dois homens ficaram feridos durante intensos bombardeios noturnos na cidade de Uri, a cerca de 100 quilômetros de Srinagar, capital da região.
Preocupação internacional
A comunidade internacional reagiu com preocupação à escalada de violência. O G7 — grupo que reúne algumas das principais economias do mundo — divulgou um comunicado pedindo "moderação imediata" e alertando para os riscos à estabilidade regional. Irã e Reino Unido se ofereceram para mediar um cessar-fogo.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, pediu a "redução das tensões" e cobrou do Paquistão o fim de qualquer apoio a grupos extremistas. Já o vice-presidente americano, JD Vance, foi mais direto:
—Não vamos nos envolver em uma guerra que, em essência, não é nosso problema.
A tensão também provocou impactos civis. Escolas permanecem fechadas nos dois lados da fronteira, e a Índia determinou o fechamento de 24 aeroportos em regiões estratégicas — a imprensa local aponta que parte deles pode reabrir neste domingo (11).
Disputa histórica
Índia e Paquistão travaram três guerras desde a independência do Reino Unido, em 1947 — duas delas pela soberania da Caxemira, região de maioria muçulmana dividida entre os dois países. A Linha de Controle, que separa as áreas administradas por cada nação, é palco frequente de trocas de tiros e bombardeios.
Em comunicado divulgado na sexta-feira, o Comitê de Segurança Nacional do Paquistão pediu que a comunidade internacional responsabilize a Índia por “ações ilegais e injustificáveis que violam o direito internacional”.
Islamabad também acusou o governo indiano de alimentar “histeria de guerra” e alertou para o risco de um “conflito de proporções catastróficas”.