O princípio do esporte é o movimento. A partir disso, fazer com que o desenvolvimento do jovem aconteça de maneira evolutiva. E é isso que o professor Cristiano Nunes tem como princípio nas aulas que ministra na Escola Municipal Arnaldo Ballvê, no bairro Santa Lúcia.
Ele acredita que a educação física tem como premissa fomentar a evolução da criança e do adolescente dentro da escola, como uma forma de desenvolver o todo indivíduo.
— Não desmerecendo nenhuma outra matéria, mas na educação física isso é muito mais visível, porque tu estás ensinando um movimento e eles acabam mostrando isso na prática. Daí tu faz uma intervenção e vê que o aluno compreendeu tua intenção — diz Cristiano.
Lecionando desde 2012, o professor de 40 anos faz das suas aulas na Arnaldo Ballvê uma união entre o movimento e o pensar. Segundo Nunes, juntar a ação e o raciocínio durante a atividade física faz com que o crescimento do jovem aconteça mais equilibrado:
— Uma das correntes da educação física é a desenvolvimentista. O principal é o movimento. Mas, como estamos em uma escola, queremos que eles pensem. Não é só executar um movimento. É pensar o motivo de eles estarem fazendo. Construímos atividades onde eles têm que executar e junto fazer uma atividade cognitiva.
Porém, para chegar nesse entendimento de atividade com os alunos e conseguir colocar em prática com as turmas, Cristiano teve que entender qual seria o maior impulso para a realização dos exercícios.
— Eles são movidos por desafios. Se tu mandar eles ficarem batendo a bola no chão, eles fazem, mas não há desafio. Agora, se colocar como meta quicar a bola no chão o maior número de vezes em 30 segundos, já se sentem motivados — diz Cristiano, que vê como diferencial o poder de inovação:
— Eu sempre digo que o professor de educação física talvez seja o mais criativo. Tem que estar sempre se adaptando, se remodelando. Daqui a pouco o desafio proposto já não vale mais para eles, e tu tens que encontrar um estímulo maior e mais interessante para o teu aluno.
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O desafio é a meta das aulas. E fazer com que o individual e o coletivo se desenvolvam juntos é um dos propósitos das aulas de Nunes:
— Um jogo que é competitivo pode ser cooperativo. Se eu não ajudo um colega de time que tem um pouco mais de dificuldade, que não entendeu direito a tarefa, minha equipe não terá êxito. Eles têm que cooperar para vencer. Esses é um dos objetivos das minhas aulas.
Realização pessoal
A maior recompensa para um professor é perceber que o seu ensinamento foi compreendido pelos alunos, e que da mais simples atividade até os trabalhos mais elaborados, eles são acolhidos por parte dos estudantes.
— Fica realizado, né? Quem não gosta de receber um elogio? Daí tu ouves o pessoal dizendo que gostou da atividade que fizemos. Ou uma cartinha dizendo “Sor, adorei tua aula”.Tu fica extasiado, e com a certeza de ter escolhido a profissão certa — reconhece Nunes.
Ter seguido o caminho certo é um entendimento que alegra o professor e o motiva ainda mais para tornar suas aulas mais atraentes para os alunos. É bem verdade que para Cristiano a carreira que escolheu foi uma situação natural:
— Sempre fui apaixonado por esporte. E isso me levou à área da educação física. Nunca tive dúvidas, e desde o ensino médio já estava com o pensamento voltado para isso.
A relevância de um mestre envolve toda sociedade. Ser professor é uma missão, mesmo que o reconhecimento não venha de todas as partes.
— A valorização vem mais por parte dos alunos. De ver eles com uma postura de adquirir conhecimento — avalia Cristiano, que lamenta o momento do ensino no país:
— Infelizmente a gente sabe das políticas educacionais no nosso país. A educação está sofrendo muito, e por consequência os profissionais que trabalham com isso não têm uma valorização que deveriam.
O professor vive a realidade de quem está lecionando na rede pública e na particular — dá aula também no colégio São João Batista. Contudo, isso não diminui os desafios de quem escolheu a missão de lecionar.
— Como diz uma colega minha de profissão: “Segue a vida que não tem tranqueira. Levanta a cabeça e luta. Não desiste nunca, porque se os bons pararem de fazer o bem, aí o mal vai sobreviver”.