Tomar decisões que decidirão seu futuro sempre são complicadas. Escolhas definem caminhos e que poderão ser irreversíveis em alguns casos. Se para um adulto isso é de tirar o sono, para uma criança é ainda mais impactante. O 48º Banana Bowl, que vai até domingo na sede do Recreio da Juventude, em Caxias do Sul, reúne diversas histórias assim. Meninas e meninos que largaram o conforto do lar em busca do sonho de jogarem tênis.
Para alguns, a escolha deu tão certo que hoje colhem frutos. Estão no topo do ranking da Confederação Sul-americana de Tênis (Cosat) e já dão um passo a mais para novas escolhas.
– Esse ano mudou a escola. Vou começar a estudar à distância, essa é a maior mudança de 2018. Vamos começar a treinar em dois turnos e vai ser mais puxado. Mas é o que gostamos de fazer, então é tranquilo – afirma João Loureiro, de 14 anos e 2º no ranking sub-16.
Estudar no Colégio Goliath, de Miami (EUA), é até uma mudança pequena, próxima da troca de cidade com 12 anos. Natural de Belo Horizonte, ele chamou a atenção do técnico catarinense Ricardo Schlachter há dois anos, em um torneio sul-americano, e teve que tomar uma decisão: seguir na capital mineira ou se mudar para Joinville, no norte catarinense. Mudou-se. E hoje colhe os resultados.
– Foram vários passos muito importantes, mas essa foi a principal. Lá (em Joinville), eu encontrei um belo de um tênis e agora tem que trabalhar firme para manter – opina Loureiro.
Loureiro já está nas quartas de final do torneio nacional. Ainda assim, o objetivo é bem longe do Brasil. Ele tem a meta de classificar para o giro europeu, sequência de torneios de base no velho continente. Falta pouco para isso. Após a disputa em Caxias do Sul e da Copa Gerdau, em Porto Alegre, ele vai para o Panamá e Porto Rico buscar os pontos que faltam no ranking internacional, o ITF.
Mesmo com a pouca idade, as metas e a rotina já são de um atleta de alto-rendimento: dois turnos de treinamentos técnicos e físicos. Trabalhos que poderão ou não torná-lo um profissional.
– Nada é certo no meio do tênis. Eles estão com 15 anos de idade, temos mais uns quatro anos para trabalhar e preparar eles para a vida profissional, que não é fácil. O objetivo é deixar os meninos prontos para isso, mas depois vamos ver se conseguirão alcançar – afirma o técnico Schlachter.
Nesse caminho, passa o Banana Bowl. Não é o foco principal levar uma taça, mas se trata de uma preparação ao ano que está por vir. E será cheio. Das 52 semanas, ele espera ficar 18 em casa. De resto, é buscar o seu grande sonho: tornar-se um tenista profissional.
Preparando talentos para promissor futuro
O técnico Ricardo Schlachter trabalha diretamente com Loureiro e também Pedro Boscardin, número 7 no ranking sul-americano, duas grandes promessas do tênis brasileiro.
– Faz mais de dois anos e meio que desenvolvo esse trabalho com eles. É um trabalho bastante direcionado para competições nacionais e, principalmente, internacionais. Hoje eles estão competindo mais fora do país. Enfim, trabalhamos visando a uma carreira profissional – explica o treinador.
Essa preparação conta com dicas preciosas da maior estrela do tênis brasileiro: Gustavo Kuerten. Amigos pessoais, Schlachter e Guga trocam informações seguidas sobre o treinamento e o desempenho dos meninos.
– O Guga está contribuindo bastante por tudo o que ele viveu. É algo muito importante e agrega no trabalho. Ele passa várias dicas daquilo que ele percebe que pode contribuir para os garotos – diz Schlachter.
Boscardin vive a mesma rotina de Loureiro, estudando à distância na escola norte-americana. Também nas quartas de final do Banana Bowl, seu foco é ir mais longe em 2018.
– O objetivo é classificar para a gira europeia e fazer bons resultados lá. Isso vale muito para o ranking de lá – afirma o jovem de 15 anos.