A última pausa de fim de ano antes do principal momento da carreira. O técnico Tite veio para Caxias do Sul recarregar as energias antes da temporada onde poderá conduzir a Seleção Brasileira ao esperado hexa.
Em uma importante etapa profissional, o caxiense Adenor Bachi passa também um período especial na vida pessoal. O treinador mais visado no país para 2018 aproveitou os dias na Serra para compartilhar seu tempo, cada vez mais concorrido, com os amigos e a família. Além disso, será o seu primeiro Natal como avô.
Como tradicionalmente ocorre em dezembro, Tite voltou a vestir a camisa do Carrossel, o time que tem com seus amigos na cidade. Quando entrou em campo com o uniforme azul e preto, teve que encarar, antes da marcação adversária, a forte chuva que acometeu Caxias durante a tarde de domingo. Um temporal de cerca de 30 minutos, suficiente para diminuir o calor e tornar mais difícil a missão para o treinador de 56 anos no campo molhado.
A novidade na partida beneficente, que terminou em 2 a 2 contra um combinado de amigos da família, que arrecadou 500kg de alimento e cerca de 400 peças de roupas, foi a presença do pequeno Lucca. Com apenas cinco meses, o neto do treinador e filho de Matheus, auxiliar na Seleção, foi a cara nova nas arquibancadas da confraternização no campo do Gianella, na Linha 30.
Se imprensa e torcida aguardam ansiosos a confirmação dos 23 convocados que vão para a Rússia, no Carrossel, Tite veste a 14 e não tem qualquer privilégio, exceto o pedido no início da partida para que os adversários não fizessem uma marcação tão cerrada. No jogo, Tite atuou no meio-campo, com o irmão Miro na zaga e o filho Matheus correndo de um lado para o outro.
Cercados pelas câmeras da TV Globo e sob olhar atento do repórter Tino Marcos, que ficou na Serra cerca de duas semanas revivendo os passos do início da carreira do treinador, todos queriam fazer bonito para aparecer no Jornal Nacional.
Acompanhava a partida do lado de fora do gramado, além de Lucca, a esposa Rose. A primeira dama da Seleção tentava driblar os mosquitos, comuns nas partidas pelo interior, quase que com a mesma habilidade que Tite dominava a bola em campo.
O treinador só não consegue se desvencilhar de perguntas como Geromel na Seleção e as escolhas para o Mundial. Ele aguentou em campo longos 45 minutos do primeiro tempo e mais 20 do segundo, quando pediu para sair. Ainda no banco de reservas, baixando os encharcados meiões azuis e puxando o ar depois de atuar no gramado pesado, falou ao Pioneiro sobre a família e o importante ano que terá pela frente em 2018.
Fim de ano em Caxias
– Agora fica um momento mais de amigos, de família. São tantos momentos que não temos para ficar durante o ano, durante o trabalho, e que agora aproveitamos com eles. Basicamente, a quem eu tenho gratidão. Uma série de amigos que, ou são de infância, ou de colégio, ou de clubes, ou ex-atletas. É um momento de confraternização. Tenho familiares aqui, da minha esposa também. É sempre bom estar em Caxias do Sul. Existem situações que eu abro mão e é bom que as pessoas entendam dessa forma. Não consigo atender todo mundo. Então, tem muitas pessoas de entidades assistenciais, de imprensa, de colégios, que pedem para eu ir. Entendo, mas peço que eles também tenham a compreensão que é o pouco momento que tenho para a mãe (Dona Ivone), para o Miro, a Bia (irmã, Beatriz), toda minha família e os familiares da minha esposa, para que possamos estar em um momento de confraternização. Não dá, infelizmente, para atender todo mundo. Essa reunião que a gente fez (jogo), o ato beneficente, mesmo que seja pequeno, é uma boa ideia.
Carrossel
– O Carrossel é o seguinte: uns 10 anos atrás estávamos bem (risos). Agora, a idade chegou um pouquinho. Mas é legal e fica bom pela questão da saúde, o mais importante de tudo. Estava terminando o intervalo e conversando com o Dr. Aloir (de Oliveira, médico do Caxias): que bom que temos saúde e a oportunidade de confraternizar. Mesmo errando, mas brincando um pouquinho. Vale a pena.
Vovô Tite
– É um momento muito especial. A sensação de filho, a sensação de neto é indescritível. É um pouco do lado humano, do lado sentimental de ver uma nova vida, um novo garoto, e isso fascina de ver. É uma experiência nova.
Grêmio x Real Madrid
– Avaliar jogo eu deixo para vocês. Fica difícil e até eticamente para mim não é legal. Mas de análise de atletas sim. Alguns que já foram selecionados. Do Grêmio, especificamente, o Marcelo Grohe, o Geromel, o Luan e o Arthur são atletas que já foram para a Seleção e todos eles têm potencial de poder retornar. Além disso, o acompanhamento do Marcelo, que fez um jogo extraordinário. Ele e o Modric foram os dois melhores da decisão. O Casemiro jogando muito. É o acompanhamento desses atletas que têm a possibilidade de ter a sequência na Seleção.
Geromel na Seleção
– Foi um dos destaques do Grêmio no Mundial, incontestavelmente. Talvez o maior destaque dentro da competição. Agora, ele compete. Tal qual compete o Gil (Shandong Luneng-CHN), o Jemerson (Mônaco-FRA) e o Rodrigo Caio (São Paulo). Como falei que ele foi convocado em outra situação, acho que duas vezes comigo, pode voltar a ser chamado. O momento é que vai determinar. Esses próximos dois amistosos (contra Rússia e Alemanha, nos dias 23 e 27 de março de 2018, respectivamente) vão ajudar a definição. Espero que ele continue no grande momento em que se encontra.
Escolhas para 2018
– Toda escolha tem perdas. É inevitável. Toda escolha é passível de elogios ou não. O que tenho comigo são critérios para ficar acompanhando. Tem um time de goleiros. Tem o Neto jogando muito na Fiorentina. Tenho que acompanhar, e te digo: ele está jogando muito. Tem uma série de jogadores que fazem e merecem. O Vanderlei, que fez um grande Campeonato Brasileiro, o Cássio, que vem nos últimos quatro, cinco anos ganhando tudo. O Alisson fazendo uma grande temporada. O Ederson fazendo extraordinários jogos no Manchester City. O Grohe voltou a estar em alto nível, justiça que se faça. Ele foi convocado e também está nessa briga. O Brasil está bem servido. Inevitavelmente as escolhas vão acontecer. Espero que todos se mantenham em alto nível.
Planejamento até a Copa
– Manter a base da equipe titular com algumas variações, mas também oportunizar algumas convocações. Talvez fazer como fiz na última vez, colocando dois atletas a mais em cima dos 23 convocados, para que tenha condição de trabalhar com eles, como foi com Arthur e com o Fred na última convocação. É uma tendência de chamar 25 ou 26 atletas para, quando tiver a convocação final, aí sim avaliar o melhor momento e todo o trabalho realizado por eles nos clubes e nos jogos da Seleção.