Agregar é um dos verbos mais conjugados na Marquise 51, coletivo porto-alegrense que há 10 anos se empenha em movimentar a cena de rock independente no Estado. O projeto Marquise 51 Sessions, que chega a Caxias pela primeira vez, hoje, celebra essa veia combativa do espaço colocando no mesmo palco diferentes gerações de músicos que fazem o rock autoral acontecer. A noite vai contar com shows de Os Replicantes, Cartolas, Identidade e Catavento, no Shiva Music Club.
– É legal ver que muitas bandas que estão fazendo história agora têm músicos que gostam da gente, dá até para se sentir mais jovem (risos) – brinca Cláudio Heinz, guitarrista e um dos fundadores d’Os Replicantes em 1984.
Mas é fato que a vitalidade está muito presente no trabalho do quarteto punk, seja pela veia contestadora característica do tipo de som que fazem, seja pelo público em constante renovação. Além disso, é preciso lembrar que a atual formação da banda conta ainda com uma vocalista bem mais jovem que os demais integrantes. Julia Barth está com Os Replicantes há 10 anos, e se prepara para lançar mais um disco com os caras, previsto para sair em dezembro. O show em Caxias deve adiantar algumas novidades do novo álbum, que será lançado pelo selo Marquise 51 e está sendo produzido pela banda em parceria com Davi Pacote (da banda Os Torto).
– Vamos tocar Bergamotas, que é uma música da Júlia. É novíssima e a letra fala assim sobre não dar luz para quem não merece brilhar – conta Cláudio.
A composição até poderia ter relação com a recente polêmica envolvendo Os Replicantes e o músico Lobão, já que o quarteto gaúcho não liberou a canção Surfista Calhorda para o músico carioca gravar.
– Foi feita antes, mas encaixa perfeitamente – resume o guitarrista.
O show vai contar ainda com o single Libertà (nome grafado em italiano em homenagem aos anarquistas do país), já lançada virtualmente, mas que vai integrar o próximo disco de forma oficial. A letra da música é uma nova amostra do posicionamento forte da banda: “por Deus culpado, por farda ameaçado”.
– Eu nasci em 1964, o ano do Golpe Militar, lembro que na escola tinha foto de Cristo e de general. Hoje, vivemos novamente sob ameaças como a da religião – diz Cláudio.
Seja por meio das novas composições ou dos inúmeros clássicos compostos nos anos 1980, Os Replicantes celebram 33 anos com a juventude pulsando.
– Tocamos músicas como Censor, Mentira, Chernobyl, que foram escritas há 30 anos mas são super atuais. E temos também as mais recentes como Maria Lacerda, que também poderia ter sido escrita há 30 anos – reflete o músico, citando a canção que reverbera a luta das mulheres por igualdade.
Atração caxiense: Catavento
A atração mais jovem da noite de Marquise 51 Sessions no Shiva é a caxiense Catavento. Os guris que chamaram atenção em 2014, com o disco Lost Youth Against The Rush, carregam na bagagem a veia da “misturança de referências”, característica muito forte na música brasileira contemporânea. O segundo álbum deles, CHA, lançado ano passado, carrega bastante dessa organicidade e alçou o sexteto para diversos shows fora do Estado e participações em grandes festivais.
De volta a Caxias, eles celebram a possibilidade de poder tocar para os amigos, assim como pretendem surpreender o público das outras bandas da noite.
– Estamos nos preparando para um disco novo, estamos indo para o estúdio e tentando ver no que dá. Acho que é um momento como o da respiração, antes de jogar o ar para fora a gente inspira, se volta para dentro. É isso que estamos fazendo agora. Tocar ao vivo, nesse sentido, é legal porque sempre acabamos revisitando o que já foi feito de uma forma mais massa por causa da presença do público – comenta Eduardo Panozzo, que reveza baixo, guitarra e vocais na banda.
Agende-se
O quê: Marquise 51 Sessions com Os Replicantes, Cartolas, Identidade e Catavento
Quando: hoje, às 22h
Onde: Shiva Music (Rua Osmar Meletti, 521)
Quanto: antecipados a R$ 20, pelo https://goo.gl/DKwXkb. Na hora, R$ 35.