A principal justificativa para que muitas entidades fiquem sem a verba do Fiesporte está no sistema. Segundo a Secretária de Esporte e Lazer, Márcia Rohr, as entidades estavam viciadas num modelo de prestação de contas que não condiz com a lei e as cláusulas dos contratos assinados junto à prefeitura.
– É um sistema absolutamente viciado. Eles entregavam a documentação acreditando que teriam o resto da vida para ficar complementando documentos. Era mais ou menos o que acontecia aqui. As pessoas trazem uma folha como se aquilo fosse um documento e depois começa uma via-sacra respondendo, trazendo de novo, pedindo mais uma vez (o mesmo documento). É um negócio bem chato, sem profissionalismo e sem o cumprimento básico que está exposto no edital – afirma Márcia.
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Segundo a secretária, houve vários problemas na prestação de contas. Uma delas é a forma como as entidades usaram a verba disponibilizada dentro da lei para o pagamento dos contadores, que deveriam ser responsáveis por reunir toda a documentação e entregá-la fechada e correta para a prefeitura.
– É disponibilizado no edital um recurso para o pagamento de contador. Se a entidade paga o contador, ele faz. Foi dito deles para nós que eles só pagavam o contador, mas não era ele que fazia. Então não tem como. Eu não posso só assinar por ser profissional de educação física, tenho que assinar pelo trabalho que executei. Agora se o contador não executou, não é problema da prefeitura, é do contador e da entidade – analisa Márcia.
A secretária se diz triste por ver vários projetos de grande relevância na cidade ficando sem recursos para manterem suas atividades. Ao mesmo tempo, se diz aliviada pela determinação do sistema e pelo fato de as entidades entenderam tudo o que está acontecendo:
– Vejo com tristeza essa situação. Por outro lado, estou um tanto aliviada. Atendi entidades que disseram "isso é ruim e não sabemos o que vamos fazer, mas pelo menos vocês estão dando um basta nesse sistema viciado". Isso me anima para o segundo passo que é a reconstrução do Fiesporte.
Questionada se teme ficar marcada de forma negativa no esporte caxiense, Márcia foi enfática:
– Não tenho medo nenhum. Se isso for personificado é uma pena. Eu não tenho nada a ver com isso, é o sistema. Assim como não tem como penalizar os secretários anteriores por tudo que foi feito. É um conjunto de situações. Não é um secretário de esporte e lazer o culpado por isso, é todo um sistema viciado.