Senhores, temos um mito eterno na história do esporte. Usain Bolt, 29 anos, 1m95cm, com o tempo de 9s81, conquistou a medalha de ouro nos 100m rasos dos Jogos Rio 2016, o que lhe garante pela terceira vez seguida o cetro de homem mais veloz do mundo. Manteve-se no trono da maneira mais espetacular possível, ultrapassando o norte-americano Justin Gatlin quando tudo parecia perdido. Tricampeão olímpico, agora ele parte para uma façanha ainda mais inacreditável: ganhar todas as finais que disputou na vida numa Olimpíada, buscando ouro nos 200m (a final é quinta) e no revezamento 4x100 (a final é sexta), provas nas quais e bicampeão.
Se chegar lá, terá somado nove medalhas douradas no peito. A maneira como Bolt superou o seu grande oponente, o norte-americano Justin Gatlin, 34, talvez tenha sido a mais incrível de todas na carreira. Quando faltavam cerca de 40 metros – isso mesmo: 40 metros –, ele estava entre quarto e quinto. Gatlin, projetado à frente, dava pinta de que iria melar o roteiro perfeito. Nas tribunas, jornalistas do mundo todo se olhavam e pensaram: dessa vez não vai dar. Então, o impossível aconteceu.
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Bolt parecia ter uma turbina de avião o impulsionando. Ou será que foram os deuses do esporte, dispostos a não perder a chance de ter um mito tricampeão como ele no mundo dos mortais? O jamaicano deu um salto. Gatlin, medalha de prata (9s89), ficou para trás em um piscar de olhos. O bronze é do canadense Andre de Grasse, com 9s91, quem sabe o futuro adversário do mito. Na comemoração, Bolt e a torcida brasileira fizeram a festa. A explosão veio, claro, quando ele, já sem as sapatilhas douradas, de boné e com a bandeira da Jamaica às costas, fez o sinal lendário: o raio.
Falar depois é fácil, mas pareceu que Bolt tinha certeza da vitória. Antes da prova, o seu rosto era de serenidade. Estava relaxado, brincando, abraçando o público, piscando para sua mãe e familiares. Pediu silêncio na hora da largada, para que todos pudessem ouvir o tiro de partida. E não se ouviu mais um zumbido sequer no Engenhão até os candidatos a homem mais rápido do planeta partirem. Gatlin, ao contrário, exibia clara tensão. Vinha de um tempo pior do que Bolt nas semifinais. Mirava um ponto fixo, inerte, sem se mexer. Ouviu as vaias, é claro, já que o público adotou Bolt com se fosse brasileiro.
Bolt já demonstrara que as dúvidas sobre sua condição física após a lesão muscular sofrida nas classificatórias jamaicanas não passavam de especulações. Ele correu como nunca desde as classificatórias, sorrindo e sobrando. Gatlin, que ao contrário de Bolt, já foi flagrado no antidoping, só tem mesmo a lamentar o fato de ter nascido na mesma época que o mito. Um mito que, nessa dimensão única de tricampeão olímpico dos 100m rasos, nasceu aqui no Brasil. Porque foi no Rio 2016 que Usain se tornou eterno para o esporte.
*ZHESPORTES