A camisa da seleção brasileira de vôlei é o segundo uniforme de Éder Carbonera há quase 15 anos. Uma história que teve início em 2001, quando o caxiense _ nascido em Farroupilha por falta de leitos em Caxias do Sul_ atuava pela UCS e recebeu a primeira convocação para integrar o selecionado infanto-juvenil. A estreia pela equipe adulta foi aos 24 anos, em 2007. Desde então, com o time do técnico Bernardinho, já colocou no peito cinco medalhas douradas. Mas o meio-de-rede ainda aguarda por aquela que pode ser a mais importante na sua coleção: o ouro olímpico.
A perspectiva é boa. Éder é um dos seis centrais que integram a lista de principais convocáveis de Bernardinho. Para os jogos, irão quatro. Dois concorrentes, Riad e Sidão, estão lesionados e precisam apressar a recuperação para ter chances de estar nos Jogos. A preocupação do serrano, contudo, é garantir sua vaga pelas performances num time que há dois anos ganha tudo, o Sada/Cruzeiro-MG.
- Minha expectativa é muito grande. Tenho trabalhado muito nos últimos anos e estou fazendo a minha parte bem feita para estar forte nessa concorrência, que é grande em todas as posições. Defender o Brasil na Olimpíada coroaria a minha carreira - diz o jogador.
Rio/2016 será a terceira oportunidade de Éder representar o Brasil em uma Olimpíada. Em Pequim/2008 e Londres/2012, a chance ficou na rede.
- Em 2008 eu era bem jovem, mas estava na briga. O Rodrigão sofreu uma lesão grave uns cinco meses antes e eu iria caso ele não se recuperasse, mas ele acabou indo. Depois disso, quando a seleção passou por uma renovação maior, foi um período que eu tive muitas lesões e perdi espaço. Mesmo assim, em 2012 eu poderia ter ido, mas a opção foi pelo Rodrigão, que não estava em um bom momento. Foi uma frustração - conta.
Em agosto, quando ocorrer a primeira Olimpíada em solo brasileiro, Éder não quer apenas coroar uma carreira vencedora, mas encher de orgulho a numerosa família que torce por ele na Serra. Em novembro, quando esteve em Bento Gonçalves para um jogo da Superliga, distribuiu 55 ingressos. O atleta também sabe que essa deve ser a última chance de atuar no maior evento esportivo do mundo. Tanto que já planeja dedicar os próximos anos a objetivos mais pessoais do que esportivos:
- Quero jogar pelo menos até os 38 anos. Ainda tenho o sonho de jogar na Europa, talvez na França ou na Espanha, que é um sonho de uma experiência de vida, mais do que profissional. Vai ficar mais fácil quando não tiver mais objetivos ligados à seleção. Em 2020 vou estar jogando ainda, mas não sei em que nível o corpo irá aguentar. Minha Olimpíada é essa e me imagino lá.
Sonho passa por Bernardinho
Se Éder irá ou não disputar a Rio 2016, é uma decisão que passa pelo multicampeão técnico da seleção brasileira, Bernardinho. No cargo desde 2001, o treinador que tem o dom de transformar suor em ouro (como diz o apropriado título da sua autobiografia) é um personagem também conhecido pela forma muitas vezes dura com que lida com seus comandados. Até por isso, o acompanhamento quase diário dos selecionáveis é delegado a um de seus auxiliares, Rubinho. É com quem atletas como Éder conversam, trocam impressões e informações.
- O Bernardinho sabe que tem problemas nas relações pessoais com os jogadores e nem esconde isso. Mas o Rubinho, que é o auxiliar, fica encarregado de assistir aos jogos e conversar com a gente. Claro que quando há uma lesão, ou alguma outra situação mais importante, o Bernardinho faz contato, mas a relação é mais próxima com o Rubinho - comenta Éder.
A grande fase no Sada/Cruzeiro, além da certeza de ter sido importante em momentos que Bernardinho precisou de líderes para comandar transições entre gerações da seleção, são alguns dos trunfos de Éder por um lugar no grupo que buscará o ouro olímpico no Rio.
Sonhos Olímípcos
Serrano Éder Carbonera espera convocação para coroar carreira na Rio/2016
Jogador do Sada-Cruzeiro-MG atua pela seleção brasileira de vôlei desde 2007
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