Em entrevista com a equipe de esportes do Pioneiro, o presidente do Juventude Raimundo Demore falou de tudo um pouco. Confirmou os dois meses de salários atrasados, ressaltou a necessidade do clube conquistar o acesso, comentou sobre a aposta na experiência de Paulo Baier e Pereira e disse que espera uma resposta do torcedor alviverde.
Após o Estadual, o salto no quadro social foi considerado positivo. A campanha lançada durante a competição deu resultado e o número de sócios subiu de 2,9 mil para quase 5 mil sócios. O objetivo agora é alcançar os 8 mil até o final da temporada.
- Estamos fazendo um grande esforço, trouxemos o Paulo Baier e mantivemos a base do time do Estadual. Como contrapartida, precisamos do apoio do torcedor, da multiplicação desses valores no quadro social. É isso que nos ajudará a diminuir nossas dificuldades - avalia Demore.
Ciente da necessidade de colocar as contas em dia e amenizar os atrasos, Demore projeta a venda de atletas da base, mas destaca que a única saída para o clube é chegar à Série B em 2016.
Confira alguns trechos da entrevista:
Salários atrasados
- Nós estamos tentando encontrar uma solução. Não é uma coisa específica do Juventude, mas generalizada de todos os clubes. Falei com o presidente do Brasil-Pe e ele disse que está numa situação exatamente igual a nossa. Com abril, fechamos novamente dois meses de atraso. Em breve, queremos pagar, pelo menos, um mês. Nossa busca é por meio de contatos que temos, com patrocínios e, principalmente, a venda de atletas, algo que vamos trabalhar muito forte. Temos alguns contatos andando para a venda de jogadores das categorias de base e eles podem ser a solução dos nossos problemas.
Solução é Série B
- Precisamos como nunca levar o Juventude para a Série B. Aí condição é outra. Tem a TV, que banca quase metade do investimento, a menos que mude tudo. Você vai ter outros investidores que podem vir com outro enfoque, terá a motivação de todos, da torcida, do associado. Eu diria que precisamos passar por isso. Esse é o motivo do nosso reforço, de trazer jogadores, de fazer esse investimento um pouco maior. Com esse caminho, aí consigo ver uma solução para os nossos problemas. Se continuar nessa nhaca que é a Série C, vejo o futuro do Juventude com preocupações. A situação ficará cada vez pior. A menos que traga um grande investidor, que venha pela referência que é a nossa base. Recebi um italiano há 60 dias e disse que daqui a pouco quer trazer alguma novidade, mas sempre pensando em base. É o que nos dá motivo para acreditar. Mesmo assim, entendemos como nunca que nossa saída é a Série B.
Folha de pagamento
- Tivemos uma folha no Gauchão em torno de R$ 220 mil. Fizemos alguns enxugamentos, ajustamos outros casos, mas não podemos ficar longe disso. Não posso precisar um valor, até porque pode chegar um ou outro jogador, mas vamos fazer aquilo que, com muita dificuldade, se possa cumprir. Tanto Pereira como o Paulo Baier vieram por muito menos que se possa imaginar.
Paulo Baier
- O Paulo Baier gosta muito de jogar futebol. Mostramos um projeto para ele, assim como fizemos para o Pereira. A vida continua quando o futebol termina e eles podem querer continuar no clube. Ele está se recuperando da lesão e extremamente admirado com o Juventude. Estávamos falando com ele há mais de 60 dias. Conseguimos nos aproximar, tivemos uma negociação financeira difícil, mas procuramos manter nossa ideia, algo que possamos arcar, e, no final, deu tudo certo.
Líderes em campo
- Eu sempre me incomodava porque o time do Juventude não falava dentro de campo. Eram muito quietinhos. Quando iam reclamar, tomavam cartões e eram expulsos. Não tinham essa condição de conversar, motivar, ajudar ao outro. Agora, temos dois atletas que sobram nesse sentido, essa liderança dentro de campo. Eu sou oriundo de um time que ganhou a Copa do Brasil e que dois ou três jogadores se reuniam no meio-campo e vamos resolver a encrenca do nosso jeito. Precisamos ter essa liderança positiva que cobra, mas orienta. Que elogia e que faz acontecer. Além disso, o comando do Picoli, que é um treinador motivador, que vive muito o grupo, que conhece bem o campeonato. Estamos bem preparados, mas claro que no futebol tem que dar liga para dar certo.