Não foi por acaso. Você pode falar com qualquer torcedor, atleta, integrante da comissão técnica ou direção do Brasil de Pelotas. Ao se questionar os motivos para a ascensão do clube para a Série C e a sua recuperação no cenário nacional, uma palavra e um nome são sempre citados: planejamento e Rogério Zimmermann.
Os dois fatores estão ligados diretamente e são as peças-chave de um projeto que viveu sempre perto do limite financeiro, mas conseguiu êxito pela continuidade e confirmação por meio dos resultados. O mais inusitado é que todo esse trabalho iniciou com uma derrota. E foi dentro de casa. Na final da Copa Hélio Dourado de 2012, o Juventude ficou com o título, em pleno Bento Freitas, com empate sem gols, após vencer o primeiro jogo por 2 a 1 no Jaconi.
Daquele time titular do Brasil-Pe, seis jogadores permanecem no grupo até hoje: Cirilo, Leandro leite, Washington, Wender, Márcio Jonatan e Alex Amado. A base foi mantida, o treinador ficou e a equipe conquistou o acesso para a elite estadual no ano seguinte. Em 2014, garantiu o título do Interior no Gauchão e a vaga na Série D.
- Tomamos atitudes que beiravam a irresponsabilidade. Do tipo: não temos dinheiro para ter o Rogério Zimmermann, mas vamos manter. Lutamos para ficar com o grupo que conquistou o acesso para o Estadual. Começamos a preparação para a Série C em 5 de maio, com uma pré-temporada em São Salvador do Sul. Ficamos 15 dias com enormes dificuldades. O que era possível fazer, com as nossas limitações financeiras, foi feito - destaca o vice-presidente de futebol Claudio Montanelli.
Mesmo que sejam rivais em campo, as direções de Brasil-Pe, Caxias e Juventude trocam ideias e sabem da necessidade de encontrar soluções conjuntas para reverter os problemas dos clubes. O presidente da equipe xavante, Ricardo Fonseca, ainda cita o Pelotas ao destacar as quatro grandes referências do Interior do Estado. Para ele, o grande objetivo das equipes precisa ser o acesso em competições nacionais:
- Os regionais são importantes, mas a dupla Gre-Nal está muito distante. Hoje será muito difícil conquistar o título de um Gauchão. Mas temos um grande objetivo e só vamos fortalecer as marcas dos nossos clubes se mudarmos de série nos nacionais.
Fonseca pondera que os clubes do Interior precisam recuperar sua principal característica para que consigam recuperar espaço no cenário nacional.
- Por vezes, não sabemos valorizar a nossa escola de força, de garra. Precisamos parar, pensar e ver o que queremos lá na frente. Buscar uma filosofia de trabalho para chegar até onde todos querem: na Série B do Brasileiro - afirma o presidente.
Quadro social é o maior do Interior
Se engana quem pensa que o ano do Brasil de Pelotas foi tranquilo financeiramente. Assim como ocorre com a dupla Ca-Ju e a grande maioria dos clubes do Interior do país que lutam para se manter fazendo futebol durante os 12 meses do ano, o Xavante tenta sanar as dívidas atuais, reduzir os problemas com os passivos e vislumbrar maneiras de colocar as contas em dia em um futuro bem próximo. Os salários continuam atrasados, mesmo com o acesso. A principal referência neste aspecto é o quadro social, o maior entre os clubes do Interior do Rio Grande do Sul.
- Hoje, a grande referência do Brasil é o sócio. E só se consegue aumentar esse número se a equipe corresponder dentro de campo. Conseguimos atingir 5 mil sócios. É um número forte para um clube do Interior e é graças a eles que mantemos a força - destaca o presidente Ricardo Fonseca, projetando que o clube chegue a 10 mil associados durante a Série C .
Segundo o presidente, patrocinadores locais também ajudam, trazem uma retaguarda, mesmo que não sejam grandes valores, algo que gira em torno de R$ 80 mil ou R$ 90 mil. Porém, é pouco. Na verdade, o que mais ajuda é o resultado de campo.
- É a empolgação do torcedor desde 2012, de buscar todos objetivos nas competições. É o que dá a possibilidade do Brasil não estar numa dificuldade tão grande. Uma Série C abre mais o caminho para um patrocinador máster. Importante ter um calendário de janeiro a dezembro, e com a visibilidade de TV - explica Fonseca.
Especial
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Maurício Reolon
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