Thiago Silva, o capitão, foi bombardeado pela crítica nesta semana pelo choro antes e depois dos pênaltis diante do Chile. Para muitos machões, homem não chora. E para tantos outros, muito menos o líder da Seleção. Os críticos se basearam em argumentos como desequilíbrio emocional, susto, nervosismo, espírito de derrotado. Analisaram friamente do sofá de suas casas, das arquibancadas, das áreas vips, da tela da TV. Não se colocaram em nenhum momento na pele do capitão.
Thiago Silva enfrentou dificuldades diversas na vida até carregar a braçadeira. Foi praticamente abandonado pelo pai biológico com menos de sete anos, conviveu com a falta de condições financeiras na infância, recebeu um não atrás do outro na busca do sonho de ser um jogador de futebol, enfrentou a saudade da família no início da carreira profissional e superou duas graves doenças, a dengue e a tuberculose.
Mesmo com tantas barreiras, traçou objetivos desde pequeno, sendo o maior deles ganhar uma Copa do Mundo. Abdicou de muitas brincadeiras na rua, das baladas, do álcool e de tudo que poderia desviar o foco. Guerreiro que é, chegou ao topo. Foi capitão no Milan, é capitão no Paris Saint-Germain. Tem a liderança técnica dentro de campo por ser um dos melhores zagueiros do mundo. É respeitado por saber respeitar. É humilde por ter sido humilde. Thiago é emotivo. Chorou quando foi recusado pelo Flamengo, quando fez o primeiro gol pelo Juventude e na primeira convocação para a Seleção Brasileira.
No duelo diante dos chilenos, Thiago teve medo. Medo de não cumprir a promessa que fez a si mesmo. Medo de não conseguir dar alegria aos mais de 200 milhões de brasileiros. Medo de decepcionar muita gente. Ali, reviveu todo o revés que a vida lhe apresentou. Pensou na mãe Angela, no pai de coração Miro, nos amigos do Conjunto Urucânia, na mulher Isabelle e nos filhos Isago e Iago.
Chorou. Um choro de campeão, de quem tem emoção e paixão pelo que faz. Um choro sincero, de homem, de quem não tem vergonha do preconceito alheio. Para os machões da vida, um recado: chorão é aquele que perde sem lutar. Para os guerreiros, chorar é lavar a alma com a glória. Avante, Capitão! A taça é nossa. Com choro e futebol.