Nos tempos de Pelé e Garrincha, a bola não ia ao tribunal. A vitória no campo de jogo era soberana e definitiva. Mas aí o futebol se encheu de cartolas, os políticos enxergaram no esporte a ponte para o sucesso e o que era simples ficou complicado. A partir da década de 70, entrou em cena o tapetão, nome dado para as decisões nos tribunais, que muitas vezes tirou pontos de clubes, evitou rebaixamentos, assegurou acessos e decidiu campeonatos. O capítulo mais recente envolve Brasil-Pe e Treze-PB, que ingressaram na Justiça Comum e paralisaram as séries C e D, que começariam neste sábado.
A puxada de tapete em muitos clubes iniciou em 1974, e a primeira vítima foi o Cruzeiro. O Vasco conseguiu na justiça o direito de disputar a final em partida única no Maracanã e foi campeão. Mas o caso mais famoso ocorreu em 1999. O Gama, que recebeu o apoio de vários políticos de Brasília, conseguiu dobrar a CBF e entrou goela abaixo na elite da Copa João Havelange.
Em 2001 e 2002, Caxias e Figueirense travaram longa discussão na justiça para decidir quem disputaria a Série A do Brasileirão. Derrotado no campo, o Caxias ganhou no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), mas o tribunal reverteu a decisão meses depois e deixou o Caxias na Série B. Dos clubes gaúchos, o Grêmio foi o mais beneficiado no tapetão. Rebaixado em 1991, foi ajudado no ano seguinte com a mudança na fórmula da segundona, que subiu 12 times.
Já o Inter perdeu o Brasileiro de 2005 no famoso canetaço de Zveiter, após um escândalo da arbitragem. No mesmo episódio, o Juventude recuperou pontos com a anulação e a repetição de alguns jogos.
O final desta nova história envolvendo futebol e os tribunais ainda não tem data para ocorrer. É aguardar e esperar pelos novos capítulos.
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Longe dos gramados
Suspensão da primeira rodada das Série C e D remete a outras situações em que o futebol foi parar nos tribunais
Primeiro caso marcante ocorreu em 1974, com o Cruzeiro como vítima
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