"As regras mudaram, você está preparado?" provocou o palestrante José Salibi Neto aos mais de 700 presentes no UCS Teatro para o segundo dia de CIC Connection, nesta quinta-feira (5), em Caxias do Sul. O evento, voltado à qualificação da alta gestão empresarial, se consolida como oportunidade para ampliar conhecimentos. A expectativa é ter uma nova edição, mas ainda sem data definida.
Nesta quinta, o foco dos palestrantes foi nas mudanças do mercado de trabalho, carreira e papéis da liderança nas empresas. Quem abriu o ciclo de quatro palestras foi o cofundador da HSM, empresa de Educação Executiva e coautor de Gestão do Amanhã, best-seller sobre gestão no Brasil, José Salibi Neto. Além dele, palestraram Mansueto Almeida, Moisés Marques e Junior Borneli.
Em sua apresentação, provocou os empresários presentes a refletir sobre quais empresas e grandes marcas "se perderam pelo caminho" nos últimos 20 anos. Como exemplos, citou Kodak, Blockbuster e a própria Sony.
— As empresas hoje morrem porque fazem bem as mesmas coisas por tempo demais — enfatiza.
O profissional, que trabalhou por mais de 20 anos com personalidades do mundo dos negócios, como Peter Drucker, Jack Welch, Michael Porter e Philip Kotler, apresentou aos participantes modelos de liderança modernos, para que as empresas cresçam e prosperem, a exemplo de gigantes como Amazon e Apple.
— O modelo atual de liderança foi forjado num mundo que não existe mais. Líderes se perdem porque seguem fazendo as mesmas coisas, que, hoje em dia, já não fazem mais sentido — reflete.
Para Salibi Neto, o papel do líder é remodelar o ecossistema em que está inserido, no que chama de "lutar contra a complacência".
Desafios na gestão
O executivo sênior de Recursos Humanos Moisés Marques desenvolveu a carreira em organizações multinacionais como a General Motors, Unilever, Mondelez, Kimberly Clark, Novo Nordisk e Coca-Cola Femsa. Em todas as experiências, adquiriu conhecimento sobre como melhorar o clima organizacional e impulsionar o crescimento de empresas.
— Você sabe onde quer chegar? Porque, se não sabe, qualquer caminho serve. Para chegar lá, a gente precisa matar um leão por dia. Tem que transpirar, tem que querer, todos os dias — instiga Marques.
Entre os tópicos abordados pelo painelista está a mudança nas carreiras. O que antes era um processo linear, atualmente pode ser mais dinâmico, longo e diversificado.
Outra mudança no mundo corporativo abordada por Marques foi no papel das lideranças e o clima organizacional. O conceito de "Inteligência social", a capacidade de decodificar a cultura das empresas e circular bem entre todos os ambientes, é um dos mais importantes para Marques.
Por isso, é importante que líderes e liderados se comuniquem bem e com clareza, e que conceitos sejam revistos nas corporações.
— Na minha época, tinha que usar pelo menos uma camisa polo. Hoje, as pessoas trabalham de bermuda. Antes, tinha que esconder tatuagens. Hoje, já não precisa mais — reflete.
Em outra provocação, Marques pediu para os presentes quem já tinha perguntado aos liderados o motivo que os leva a trabalhar nas empresas, se amam o que fazem e o motivo pelo qual escolheram. Provocou também sobre o tratamento dados às pessoas negras, LGBTQIA+ e com deficiência.
— O que estamos fazendo pela carreira dessas pessoas? Sem o cuidado, as pessoas não chegam lá. Ser líder é apoiar o liderado — enfatiza.
No primeiro dia de evento, saúde mental e diversidade geracional no foco
Na quarta-feira (4), primeiro dia do CIC Connection, os debates focaram em saúde mental e no encontro de gerações no mercado de trabalho. A jornalista Izabella Camargo enfatizou que a comunicação é a chave para o sucesso das empresas. Para que seja possível se comunicar bem "para fora", é necessário comunicar-se bem dentro da corporação. E um dos aspectos percebidos por ela, desde que iniciou os estudos na área, é que empresas de todos os segmentos registram um problema em comum: a falta de comunicação.
De acordo com a jornalista, a falta de comunicação pode adoecer as equipes. Por isso, é necessário falar sobre saúde mental abertamente:
— Saúde mental é a capacidade de lidar com as adversidades, imprevistos, altos e baixos todos os dias. Líderes e liderados precisam falar a mesma língua. É impossível inovar sem diversidade de ideias. Quem não se adapta, perde espaço.
Já a painelista Marcia Monteiro, fundadora da empresa Geração Ilimitada e especialista no Mercado 50+, destacou aos presentes uma nova oportunidade de mão de obra e de consumidor que se apresenta, que são as pessoas com mais de 50 anos de idade.
— O ciclo está mudando. Educação, trabalho, consumo, convivência e oportunidades. As gerações são caixinhas de surpresas. Temos que aprender e trocar valores entre as gerações, procurar o que nos une, não o que nos separa — destacou a palestrante.