A chegada dos dias mais frios sempre mexe com o paladar das pessoas. E um dos pratos mais queridos e campeões de venda é o agnoline, artigo indispensável na sopa dos moradores da região. Nesta época, a produção nas fábricas de massas em Caxias do Sul cresce substancialmente. Conforme chega o frio, mais saída tem o produto.
E é nessa época do ano que o trabalho artesanal ganha força. Em uma indústria de massas, responsável pela fabricação de agnoline há mais de três décadas, a produção cresceu cinco vezes nesta semana: saiu de 20kg por semana para 120kg. A demanda é tão grande que o produto nem precisa ficar mais congelado e vai direto para o consumidor assim que fica pronto pelas mãos dos sete funcionários da fábrica.
— A gente vem se organizando há um mês para atender a demanda que sempre surge quando o frio ganha força nesta época do ano. Mesmo assim, a procura fica maior do que a gente consegue produzir —explica o proprietário da Massas Adelina, Volmir Bergozza.
Além da produção do agnoline, o empreendimento de Bergozza também não deixa de fora outros itens que combinam com a sopa. O caldo que acompanha o prato também é preparado na fábrica e congelado para facilitar na cozinha. Assim como o queijo ralado, crem, carne lessa, pien e o pão caseiro, que também pode ser encontrados no local e figuram entre os produtos mais vendidos.
Bergozza explica também que o hábito de comprar o agnoline, o caldo e os demais ingredientes para a refeição ganhou força durante a pandemia.
— Para o nosso ramo, foi positivo. As pessoas se obrigaram a ficar em casa e faziam estoque de agnoline para durar muitos dias. É uma prática que se manteve nos últimos anos, mesmo com o fim do distanciamento.
No momento, a dificuldade na fábrica é na contratação de funcionários: são poucos os que têm a habilidade necessária com as mãos para fechar a massa.
Bem diferente da infância de Bergozza, que cresceu na comunidade de São Luiz da Terceira Légua, no interior de Caxias do Sul, com a família produzindo o agnoline para os almoços de igreja e para o consumo próprio. Anos mais tarde, o prato preferido da família virou um negócio.
— As gerações vão mudando e aquela coisa artesanal, mais antiga, está sendo substituída por máquinas. Mas o pessoal valoriza muito o manual, e por isso optamos ainda por fazer desta forma. Na minha época, as crianças eram responsáveis por ajudar a fazer. A minha nonna e a minha mãe faziam a massa e o recheio e nós tínhamos que fechar o agnoline — relembra.