Enquanto o Estado vem atingindo números de destaque na produção de games, sendo o terceiro em número de estúdios desenvolvedores e o segundo em faturamento no setor no Brasil, Caxias do Sul ainda não seguiu o ritmo do mercado gaúcho. Faltam iniciativas para que surjam novas empresas no município. De acordo com o coordenador do curso de criação digital e jogos digitais da UCS, Marcelo Fardo, a questão cultural tem impedido o avanço na cidade.
— É um trem que vem andando e não há nem um vagão significativo de Caxias. Precisamos estimular e criar a representação na Serra gaúcha. Temos desafiado os alunos, porque o Estado virou modelo a ser seguido. Estamos atrás — confirmar Fardo, que conta com 25 alunos no curso.
O coordenador não sabe explicar ao certo o motivo da Serra ainda não estar fortemente inserida na indústria de games nacional.
— Talvez seja somente uma questão de tempo, uma vez que o Estado como um todo vem se articulando de forma exemplar em torno desta indústria, com o setor produtivo, a academia e o governo alinhando ações importantes para o desenvolvimento de empresas de jogos por aqui também. A nossa missão, como academia, está sendo cumprida, que é formar novos profissionais para este mercado. Talvez seja, também, uma questão de não estar no radar estratégico dos empreendedores da região, uma vez que áreas como o turismo ou a indústria metalmecânica são as mais pujantes por aqui — complementa Marcelo Fardo.
Das três empresas caxienses citadas pelo professor, nenhuma produz games. A Aurea Games Studio chegou a trabalhar com games, mas, atualmente, atua na prestação de serviços de jogos para estúdios maiores, sem produzir mais conteúdos. O proprietário Guilherme mudou-se com a empresa para Dois Irmãos há pouco tempo. Segundo o coordenador, as outras duas de Caxias são a Hike-a-tale e a Núcleo Sistemas, mas ambas também não trabalham com a criação de jogos.
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Inovação de Caxias do Sul, Élvio Gianni, destaca que, no passado, não havia uma legislação com foco no desenvolvimento de startups, mas que o programa Inova Caxias, lançado em fevereiro, vai mudar o cenário atual.
— Nós criamos o programa Inova Caxias para reduzir em 50% os impostos, para fomentar e manter as startups. Estamos finalizando em breve também o programa Startups Caxias, que gerará novas empresas na região. Ele vai auxiliar quem quer começar do zero ou quem já está na área. Avançamos muito e somos hoje a sétima cidade mais inovadora do Brasil — garante Gianni.