O filho mais velho de Paulo Bellini assumiu a empresa Marcopolo em maio de 2019. James Bellini está trabalhando na transição, pois, em março de 2023, transfere o cargo para André Vidal Armaganijan.
Confira os principais trechos do seu painel na 8ª edição do Encontro de Gigantes, na manhã desta terça-feira (18):
O pai e o início na empresa
— O pai não fazia tanta questão que a gente entrasse na empresa, mandava a gente aprender fora. O início da minha carreira foi em uma empresa exportadora de calçados, comecei nesta empresa como operador de telex. Gostei do negócio de exportação. Fui montar uma empresa minha e fiquei vários anos lá. Fiz uma parceria de exportação com um amigo argentino e convenci a empresa a representá-la lá. No primeiro ano vendemos mais de 70 ônibus. Vendemos quase 2 mil ônibus em quatro anos. Voltei quando houve uma reestruturação como gerente de exportação. Um ano e meio a dois depois fui promovido a diretor de exportação e fiquei até 2006.
A pandemia e a transformação cultural
— Nós vivemos os dois piores anos da nossa história durante a pandemia. Produzimos produtos que transportam pessoas em ambientes confinados. E precisamos pensar diferente porque nosso mercado mudou radicalmente. Precisamos fazer um esforço muito grande para manter a empresa saudável financeiramente. Precisamos nos reinventar porque não podíamos ficar apenas no foco da sobrevivência. Precisávamos ter um segundo grupo de pessoas olhando para o futuro e como vamos crescer depois da pandemia. Aí começamos a estruturar a nossa transformação cultural.
No foco da nossa transformação, que está em pleno andamento, temos muito a percorrer. Uma palavra que puxou todas: transparência. Passar a ideia de que sem ela nada mudaria. Tirar o problema que está escondido debaixo do tapete e colocar para cima da mesa, para poder resolver. Só que culturalmente as pessoas entendiam que o melhor era não falar para não passar por incompetente. E isso de cima até embaixo. Dentro da filosofia de novos tempos é permitido errar. Se não admite o erro, como vai evoluir? Todos os problemas que a gente tem hoje são bem diferentes: temos de recursos, de conseguir entregar todas as vendas que são feitas. Por conta da reestruturação na pandemia tivemos de demitir e agora estamos recontratando. Os resultados dos últimos três meses começaram a aparecer de uma forma muito clara e todos conseguem enxergar a mudança no mindset.
Futuro
— Tudo o que a gente imaginava como core business no passado vai continuar, mas de forma muito diferente. Estamos vendo mobilidade elétrica de forma muito forte. Nossa empresa sempre teve o core business no soldador de ferro e nosso futuro é ser uma empresa de tecnologia. Não tem como fazer transformação digital sem transformação cultural. O que vai mudar da Marcopolo de hoje para a do futuro é a tecnologia embarcada, mobilidade elétrica. Fomos a primeira empresa a lançar ônibus integral no Brasil.