A ambientação das lojas tem aparecido como um fator que colabora para atrair consumidores em pesquisas feitas pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul em datas que costumam impulsionar o comércio. No levantamento de Dia dos Namorados, o mais recente, divulgado nesta semana, 78,1% dos entrevistados disseram que esse aspecto é importante ou muito importante na hora da compra.
— O ser humano é bastante visual. Então quando você passa em uma rua e encontra uma loja com uma vitrine bem arrumada, exposta, com cores vivas, isso com certeza atrai o consumidor. E nos parece, pelo que temos visto nas amostragens, que as lojas têm se preocupado e se destacado na questão da ambientação do lado visual — comenta Carlos Alberto Cervieri, gerente Administrativo Financeiro da CDL Caxias.
Para a designer Fernanda Pescador, no entanto, os empreendimentos da cidade ainda poderiam aproveitar melhor essa data para implantar estratégias de atração de público:
— Pelo que eu vi em um passeio, até parece que está passando meio batido. É uma data que poderia ser mais trabalhada — pontua.
Além disso, ela destaca que, embora se sobressaia em datas específicas, a ambientação das lojas e de locais que oferecem serviços, como restaurantes, deve ser um ponto de atenção também no demais períodos do ano.
— Hoje, se tu vai sair para fazer uma compra, tu não está só buscando comprar um produto. Tu quer, como consumidor, entrar em um espaço e participar de todo aquele momento. É sentir o espaço, é ter um atendimento especial, é ter todos os teus sentidos despertados. Hoje, mais do que nunca, as pessoas não procuram mais comprar um produto, mas a experiência — salienta a designer.
O aspecto visual é importante, porque atrai o consumidor inicialmente, mas outras experiências também podem ser incluídas, diz Fernanda, citando como exemplos aromas, música e comida. No mundo, principalmente em países mais desenvolvidos economicamente, essas estratégias já são usadas de maneira mais incisiva. Por isso, o entendimento é de que o Brasil ainda tem muito a se desenvolver nesse sentido.
"O comportamento do cliente continua sendo muito emocional", diz diretora executiva
A alta disponibilidade de informações e produtos online faz com que o meio digital se torne cada vez mais importante para o consumidor. Especialmente as gerações que "já nasceram com um celular na mão" começam a experiência de compra nesse ambiente virtual, mas é as demais faixas etárias também estão cada vez mais conectadas a esse universo.
Para Grasiela Tesser, diretora executiva da NL Informática, esse cenário expõe a necessidade de que os empreendimentos estejam no digital. Ela diz que não necessariamente um e-commerce deve ser implantado, mas é preciso estar nesse ambiente, com disponibilização de informações em buscadores e em redes sociais.
Grasiela assinala que a efetivação da compra costuma estar muito atrelada à conveniência buscada pelo cliente. Isso vai variar de acordo com cada necessidade: pode ser preço ou tempo de entrega, por exemplo. Ou seja, se alguém precisa rapidamente de algo, o mais provável é que compre na loja física, porque poderá levá-lo para casa no mesmo momento. Para quem quer investir em atrair o cliente, Grasiela destaca outro ponto fundamental:
— O comportamento do cliente continua sendo muito emocional. Então, se eu tenho uma necessidade mais rápida, se eu fui bem atendido, se tinha o meu tamanho ou o meu jeito, se o vendedor já conhecia meu jeito de consumir, isso mexe muito com a intenção de compra do consumidor.
Na região, ela pontua como uma situação crítica de reclamação de consumidores as condições de atendimentos, muitas vezes desatento ou que força a compra. Porém, considera que existem iniciativas de entidades e empresas especializadas prontas para colaborar na melhoria desse e outros aspectos necessários para atrair esse cliente que tem um novo olhar para o momento da compra:
— Acho que a gente talvez não esteja indo tão rápido, mas não tem desculpa para não fazer. O conteúdo está disponível. E a gente tem bons profissionais para apoiar o lojista nessa transição digital aqui em Caxias mesmo.
Além do tempero no prato, uma experiência
No Me Gusta Casa de Tapas, restaurante de culinária espanhola e mediterrânea em Caxias do Sul, o ambiente intimista, com capacidade máxima para 54 pessoas ao mesmo tempo na parte interna, é um convite para clientes terem uma nova experiência. A decoração, que faz alusão à Espanha, se junta à vista para o Parque dos Macaquinhos.
O atendimento também ganha atenção especial, afinal os pratos não fazem parte da rotina gastronômica do caxiense. Então, os clientes recebem explicações detalhadas sobre eles. Além disso, a prioridade é trabalhar com reservas, para garantir o tempo que cada um queira ficar no local.
— A gente percebe que é uma experiência para o cliente. Então, como o ambiente é mais intimista, é uma casa, tu vê que o pessoal gosta muito para comemorar datas específicas, como aniversário, aniversário de casamento. Trabalhamos para vender uma experiência, não só a comida, mas pelo ambiente em que eles vão vivenciar naquele momento — comenta a sócia do restaurante, Susi Fabro.
E para as datas especiais, claro, a preocupação é garantir um diferencial:
— Para o Dia dos Namorados, a gente tem uma tradição, que a gente faz um cardápio fechado pro dia, não faz rodizio de horários, e trabalhamos com reserva apenas. A gente faz alguma decoração, alguma coisa de flores, um sonzinho ambiente mais específico para o dia, uma luz um pouco mais baixa. A gente tenta puxar para um ar mais romântico — explica a empresária.