A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) recebeu na reunião-almoço (RA da CIC) desta segunda-feira (23) o empresário José Antonio Fernandes Martins, 89 anos. Presidente do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre), presidente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Martins relembrou a sua trajetória na palestra que teve o tema de Histórias Inspiradoras, ao mesmo tempo que fez projeções sobre novas oportunidades na indústria, como o mercado de transporte escolar.
Com 62 anos de história no ramo automobilístico, com a maior parte deles na Marcopolo (desde setembro de 1965, ainda quando a empresa se chamava Carrocerias Nicola), Seu Martins (como costuma ser chamado) diz que sempre foi um entusiasta do modelo de ônibus escolar norte-americano, usado como inspiração para propor o veículo do Programa Caminho da Escola, lançado em 2007 pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que tem como proposta renovar e padronizar a frota de veículos escolares das áreas rurais de todo o país.
De acordo com dados apresentados na RA da CIC, mais de 65 mil ônibus desta linha foram fabricados pela Marcopolo desde o início do programa. Hoje, o empresário enxerga outra oportunidade no ramo, como já havia destacado antes em entrevista exclusiva para o Pioneiro. Conforme Martins, há 110 mil veículos trabalhando com transporte escolar sem regulamentação nas zonas urbanas do Brasil. Em breve, o especialista deste segmento terá uma reunião com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para conversar sobre a regulamentação desta frota, para ter um programa semelhante ao Caminho da Escola.
— Para ter uma ideia, os Estados Unidos fabricam 30 mil ônibus escolares por ano. Nós temos 110 mil veículos sem regulamentação nenhuma. Você calcula uma idade média de 10 anos para cada e nós teríamos que trocar 10 mil unidades por ano, no mínimo. Mas, isso é um processo lento que vai surgir — analisa Martins.
Atualmente, o empresário também se foca no ramo da medicina nuclear, com a empresa R2 IBF, comandada pela família. O negócio é trabalhado há 10 anos, quando Martins ouviu um conselho de que “o mundo vai virar o do diagnóstico por imagem”. A principal demanda é o fármaco FDG 18, que é o produto injetado no sistema linfático para poder fazer o exame PET Scan (uma forma de exame por imagem), com 8,3 mil doses produzidas mensalmente.
Em um ano e meio, o ex-executivo da Marcopolo espera estar trazendo uma nova tecnologia da medicina nuclear ao mercado, que serviria para diagnosticar e tratar o câncer. Mesmo com negócios abrangentes, com destaques nacional e internacional, o porto-alegrense de nascimento não perde Caxias de vista.
— Construí minha vida nessa cidade, me considero um cidadão caxiense. Lutei muito, continuo lutando e vou lutar pelo desenvolvimento dessa cidade — declara o empresário.
Infraestrutura também precisa ser melhorada com Porto
Em coletiva de imprensa após a RA da CIC Caxias, Seu Martins comentou sobre o projeto do Porto Meridional, que busca as licenças ambientais para ser construído em Arroio do Sal. Além dos benefícios previstos com o empreendimento marítimo, o empresário acredita que as rodovias que ligam Caxias e outras cidades ao litoral devem ser melhoradas.
— Não é só fazer o porto, é fazer o porto e criar a infraestrutura de transporte do porto para nossas empresas, se não, caímos na mesma coisa. Não adianta nada criar um excelente porto, se não temos condições de levar a mercadoria do porto até a fábrica. Nós estamos insistindo que junto ao projeto seja feita a infraestrutura viária, ferroviária ou rodoviária para levar a mercadoria do porto para Caxias, do porto para São Leopoldo, Porto Alegre e outras cidades —explica Martins.
Com o projeto, o empresário tem a expectativa de que a região da Serra seja beneficiada também com a geração de empregos. Para Seu Martins, o porto de Arroio do Sal “é uma das estratégias mais importantes que vão ser tomadas dentro do Estado”.
— Toda região da Serra é uma região que vai se beneficiar muito porque nós somos altamente consumidores de todos esses materiais, como plástico, aços, cobre, zinco, tintas, tecidos, etc — menciona o empresário, listando diversos produtos que podem ser transportados a partir do porto.