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Vendas de usados e seminovos diminuem em Caxias do Sul após ano recorde  

Incerteza do consumidor é apontada como principal fator pelos revendedores caxienses  

Bruno Todeschini / Agencia RBS
Comércio de veículos usados disparou em 2021 e agora sente a retração no primeiro trimestre do ano

Após a disparada na venda de veículos usados e seminovos no ano passado, o setor agora vivencia uma redução de negócios no primeiro trimestre de 2022 em Caxias do Sul e em todo país. 

De acordo com a  Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), foram vendidos 359 mil veículos a menos em janeiro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2021. Como o comércio de usados e seminovos havia sido surpreendido no ano passado, o setor  já esperava uma queda no consumo nos primeiros meses de 2022. Relatório divulgado pela Fenauto apontou que foram mais de 15 milhões de veículos usados vendidos em todo o país no ano passado. O número é tratado como recorde, pois o crescimento em relação a 2020 foi de 17,8%. 

A exemplo do que ocorre no país, o mercado caxiense também desacelera no primeiro trimestre por conta de diversos fatores, entre eles a supervalorização vista no ano passado. Especialista no comércio de usados, Márcio Castelan, 39 anos, presenciou a alta procura por seminovos em 2021 e trabalha com ajustes para seguir vendendo em 2022. 

— Ano passado, mesmo com a tabela Fipe alta, se vendeu muito carro. Agora, os valores que balizam o mercado vão começar a flutuar, e precisamos traduzir isso. Janeiro já foi mais fraco e eu consegui vender porque anunciei mais baixo que a tabela e diminui um pouco a margem de lucro.  

Especialistas do setor concordam que os primeiros três meses do ano são os piores para a venda de automóveis. Férias, Carnaval e o compromisso com impostos como IPVA e IPTU sempre foram fatores que influenciaram na tomada de decisão, sobretudo no início de cada ano. Mas, em 2022, o aumento de casos de covid-19 em janeiro, que agora já apresentam redução, e até a guerra na Ucrânia contrinuem para a retração do consumo. 

Bruno Todeschini / Agencia RBS
Maurício Fochezatto, 30, presencia a retração das vendas de veículos no mês de março

Ainda que tenha presenciado as vendas despencarem 80% em relação a janeiro do ano passado, o revendedor de veículos Maurício Fochezatto, 30, acredita que o mercado de usados seguirá tendo a preferência de quem deseja trocar de carro em 2022. 

— Os valores dos carros novos estão fora da realidade das pessoas que não conseguem alcançar o preço dado a eles. Caminhonete zero-quilômetro que em 2016 era lançada a R$ 180 mil hoje é vendida a R$400 mil — exemplifica.  

Profissionais que atuam na venda de veículos usados e seminovos entendem que seja natural a pesquisa do consumidor independentemente da época do ano, pois como traduziu Fochezatto, “a pessoa que quer comprar um carro não desiste, deixa pra depois”.

Depois de consultar os preços, a troca de carro foi adiada pelo supervisor financeiro Erick Susin, 30, que não tem planos de realizar a compra ainda neste ano. No segundo semestre de 2021, a pesquisa realizada por ele nas revendas de Caxias do Sul indicou que seria necessário desembolsar cerca de R$ 15 mil por um novo modelo da sua preferência. A pretensão por um veículo fabricado entre 2015 a 2017 ficou apenas no campo das ideias, pois nenhuma opção pesquisada coube seu no orçamento que não deveria passar de R$ 7 mil. 

— Encontrei modelos de carros de anos inferiores ao que eu procurava com o valor na tabela Fipe maior que o que pagariam pelo meu (modelo 2013) no início de 2021. Tomei a decisão de fazer a manutenção do carro, troquei os quatro pneus e agora só em 2023 vou atrás de outro. 

Vendas de novos despencam

As vendas de veículos zero-quilômetro, de acordo com a Fenabrave, associação das concessionárias, tiveram o pior bimestre dos últimos 17 anos. Os 255,8 mil veículos emplacados nos dois primeiros meses do ano ficaram 24,4% abaixo de 2021. 

Entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, 129,3 mil unidades foram emplacadas no mês passado, 22,8% a menos do que no segundo mês de 2021.


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