O ano de 2022 começou com queda de 2,1% na economia de Caxias do Sul. O resultado diz respeito a comparação entre janeiro deste ano e dezembro de 2021, por meio de um relatório da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), ambas de Caxias, e divulgado nesta quinta-feira (17). A encolhida do desempenho econômico da cidade neste início do ano era esperado, dizem os especialistas.
Se por um lado o levantamento traz dados negativos em janeiro, os números são mais promissores quando se analisam outros períodos. Na comparação de janeiro de 2022 com o mesmo mês do ano passado, por exemplo, há um avanço de 8,4%. Esse dado, segundo os especialistas, é importante, porque ele vai além da chamada sazonalidade. Um exemplo: janeiro é comumente período de férias e sem datas importantes para o comércio. Portanto, a análise aqui demonstra um cenário melhor no início deste ano em comparação com 2021.
O documento registra avanço de 8,4% na comparação com janeiro de 2021 . Isso significa que nesse período o desempenho econômico está superando as perdas nos piores meses da pandemia. Ou seja, quando avaliado um longo período, o resultado das empresas caxiense têm se mostrado com tendência de recuperação, puxada principalmente pelo setor industrial, que tem registrado um crescimento consistente. Nesse ponto, cabe registrar que em janeiro foi identificada uma inversão de tendência na comparação entre o mercado de trabalho e o desempenho da economia.
Nos meses anteriores, a economia vinha crescendo em um ritmo menor do que a geração de empregos. Em janeiro isso foi diferente: enquanto em 12 meses a economia avançou 6,4%, o aumento de vagas de trabalho ficou em 4,9%.
— Provavelmente, as empresas já fizeram seus ajustes e agora vão extrair daí produtividade — explica Maria Carolina Gullo, diretora de Planejamento, Economia e Estatística da CIC.
Mas a empregabilidade também aparece um dado positivo, já que a cidade gerou 669 postos em janeiro. Isso, é bom lembrar, apesar da queda da economia sobre dezembro.
Resultado de janeiro
Há vários fatores que explicam a queda no desempenho em janeiro deste ano da economia caxiense. Primeiro, a movimentação de dezembro do ano passado, acentuada pelo Natal, não se repetiu em janeiro. Depois, o primeiro mês do ano é época de férias e isso reduz o o impulso de compras no comércio e uso de serviços. Parte da indústria também tem recesso, ao menos em alguns dias de janeiro, o que ocorre tradicionalmente.
— Não é nenhuma surpresa essa queda — resume a economista Maria Carolina .
Dos três setores, o único que teve um crescimento, ainda que tímido, foi a indústria (0,6%). Serviços foi o que mais caiu (-7,1). Nesse aspecto, a professora destacou que há um impacto significativo das férias (transporte escolar, restaurantes e eventos, por exemplo, entram nesta categoria). Por fim, o comércio teve queda de 2,1%. Apesar do dado negativo, o economista Mosár Leandro Ness, assessor de economia e estatística da CDL Caxias, enfatizou que essa foi a menor queda em toda a série histórica iniciada em 1998.
— É um alento para todos que torcem e trabalham para um cenário econômico mais promissor. Esse percentual baixo de queda em janeiro é um indicativo de que poderemos ter um bom ano para o comércio da nossa cidade, mesmo com alguns percalços como a inflação e alguns itens que podem ser prejudicados em função da instabilidade econômica internacional relacionada à guerra entre a Rússia e a Ucrânia — pondera.
Perspectivas para o ano
Aparentemente , passado o período mais crítico da pandemia, as expectativas para 2022 baseiam-se em três temas. O primeiro é a Guerra da Ucrânia. Como em janeiro o conflito ainda não havia começado, os dados divulgado na quinta-feira (17) não traduzem o impacto em Caxias. O outro são as eleições gerais. O pleito presidencial sempre traz algum reflexo no mercado financeiro. E um terceiro ponto é a estiagem, que afeta o agronegócio, um setor que fomenta muito a indústria caxiense.
— Por outro lado, o Brasil vem há décadas sentindo questões estruturais. Nos últimos anos, principalmente no último ano, a gente vê esses movimentos dentro do setor de infraestrutura, de investimento, de arranjos produtivos onde você consegue atacar determinados pontos seja em logística, seja em burocracia... Enfim, são vários pontos que causam um certo solo para que a economia consiga crescer de forma sustentável — destaca Tarciano Mello Cardoso, diretor de Planejamento, Economia e Estatística.
O economista salienta ainda que existe hoje uma tendência de internalização da indústria. Ou seja, é possível que se aumente a produção nacional em detrimento do movimento de trazer produtos do exterior.
Inadimplência
O estoque de dívidas em janeiro apresentou um leve movimento de alta. A taxa ficou em 0,09% contra -1,34% do mês anterior. Em 12 meses, o a redução é de 4,16%. Já em termos de quantidade de registros, o comportamento é estável com uma taxa de crescimento da ordem de 1,57% no mês.
Mercado externo
O ano se iniciou com índices negativos nas exportações e aumento nas importações, em um mês ainda sem reflexos da Guerra da Ucrânia. Em janeiro, o saldo da balança comercial caxiense apresentou queda de 98,4% em relação a dezembro de 2021, queda de 93,9% na comparação entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022 e queda de 37,1% no acumulado de 12 meses.