Foi preciso aguardar 19 meses para a sétima edição do Encontro de Gigantes virar realidade. E a espera valeu a pena.
A Gaúcha Serra promoveu, nesta quinta-feira (21), no Centro Empresarial de Flores da Cunha, a apresentação de três histórias inspiradoras, cheias de similaridades – como a formação em Contabilidade do trio painelista. E de desafios pelos caminhos que cada um escolheu percorrer e que, eventualmente, se cruzaram.
Eroni Mazzocchi Koppe, da Escola Interativa, Júlio Gilberto Fante, da Fante Indústria de Bebidas Ltda, e Alberto Walter de Oliveira, da Olimóveis Urbanismo, trouxeram histórias que se entrelaçam com o desenvolvimento, não só de Flores da Cunha, mas da Serra.
A agenda foi recheada de referências de admiração mútua entre os amigos “gigantes”, Eroni, Júlio e Alberto, e de orgulho pela próspera cidade onde vivem e onde escolherem empreender. Como recado final e respondendo a uma pergunta do público, concordaram que, para se tornar gigante, é preciso primeiro muita determinação. É preciso dar passos em busca da felicidade individual e construir de forma coletiva, com um time comprometido. Para se manter gigante, hoje, há ingredientes fundamentais como manter a visão de futuro, enxergando as mudanças que estão por vir, fazer filtros e manter o foco.
O 7º Encontro de Gigantes teve patrocínio do Centro Empresarial de Flores da Cunha, apoio da Sicredi Serrana e da Unimed Nordeste. O evento foi mediado pela jornalista Babiana Mugnol, transmitido ao vivo e segue disponível em Pioneiro em GZH.
Confira os principais trechos:
História
“A empresa começou por uma necessidade familiar. Éramos em nove irmãos e precisava ser formada uma organização na qual cada um contribuísse com seu trabalho e pudesse sobreviver dele. Eu tinha vontade de aprender e fazer. Aprendi que manter controle de caixa era muito importante. Custos têm que administrar sempre. Observar os passivos, porque os maus podem corroer a empresa. E reinvestir parte do que se ganha. À medida em que cresce, a empresa precisa ter planejamento estratégico, para não andar em círculos. Nós decidimos horizontalizar, diversificar o mix de produtos e nos diferenciarmos em nichos de mercados. Foi quando entramos nos destilados, o que foi uma escola, pois os concorrentes são multinacionais muito fortes e aplicamos os aprendizados em toda a empresa.” Júlio Gilberto Fante
“Depois de uma passagem pelo setor público e pelo privado, empreendi na primeira escolinha, Os Metralhinhas. Os pais pediram para fazer uma escola, porque a Escola São José era a única particular, que se transformou em municipal. Procurei um espaço, era uma garagem de automóveis. Transformei em uma escola, a Interativa. Começamos com séries iniciais. E a cada ano fomos implementando mais uma série. Com uma característica muito importante: a gestão sempre se fez com os pais. De verdade. Precisávamos de um prédio, pois fomos pressionados a entregar e não havia outro local na cidade. Eu não tinha os recursos, tinha ficado viúva e chamei os pais. Eu tenho só um terreno. A Câmara ajudou a abrir uma rua, vendemos parte do terreno, construímos uma escola. Estamos fazendo 25 anos da escola em 2022". Eroni Mazzocchi Koppe
“Nasci em Goiás, passei a minha feliz infância na Bahia, na adolescência voltei a Goiás. Trabalhava como garçom numa churrascaria do meu pai e um cliente da churrascaria era de Flores e começou a conversar sobre a cidade. Gostava da cultura, do empreendedorismo e decidi vir para cá. Trabalhei numa padaria, depois como soldador, cantei em Carnaval, conheci minha esposa e comecei a trabalhar de auxiliar de escritório numa fábrica. Queria ser médico, mas ao chegar não tinha oportunidade financeira e acabei sendo contador. Tive empresa de contabilidade e vendi minha parte ao meu irmão. Hoje tenho uma empresa imobiliária que atua aqui, nos Sinos e Paranhana. Temos planejamento para ampliar. Na atividade pública, a mais complexa foi a chefia da Casa Civil do Rigotto. Mas a atividade que me deu mais realização pessoal foi ser prefeito. Formamos uma equipe jovem com intensidade contagiante de fazer as coisas. A cidade me acolheu desde que cheguei em 1976. Fui me envolvendo, me deram espaço e soube de coração aproveitar.” Alberto Walter de Oliveira
Hohe (após mais de um ano e meio de pandemia)
“Os últimos dois anos foram importantes para o crescimento do vinho fino. O vinho de mesa ficou estável, só saiu do restaurante para o mercado. Espumante tiveram queda em função dos eventos. Suco ficou praticamente estável. Hoje, temos produção pelas boas safras e temos de segurar a área comercial pois não temos embalagem. É um problema de demanda mundial, que vamos viver mais algum tempo.” Júlio Gilberto Fante
“A educação foi muito prejudicada na pandemia e muitas escolas ainda não estão atuando na sua plenitude. Algumas ainda revezando aula online e presencial. No dia seguinte (ao fechamento pela pandemia), já passamos a usar o online e isso não sai mais das escolas. O modelo híbrido acontece dentro da escola já. Vocês terão outro tipo de funcionário nas empresas de vocês. Sou otimista. Temos dois anos com grande perda educacional, mas ganhamos uma grande oportunidade de usarmos a tecnologia a nosso favor. Uma das coisas mais fantásticas que vi nesses 50 anos foi ver crianças sendo alfabetizadas à distância". Eroni Mazzocchi Koppe
“É um novo momento. Eu confio muito na juventude. Precisamos nos adaptar às modernidades. Apresentar inovações aos produtos que a gente faz. Ver o que acontece no Brasil e no mundo. O setor vê, por exemplo, que a oferta de uma praça bem estruturada junto ao empreendimento imobiliário agrega valor ao produto. Há também a necessidade maior de morar bem. As pessoas estão procurando cidades menores. Isso está acontecendo nesse momento, não é algo visionário.
"Já vivemos inflação de preço que muda de manhã para a noite. Difícil de fazer planejamento. Assalariados são os que mais sofrem. Empreendedores não sabem como produzir porque mudanças são rápidas. Alteração de preços dos produtos, matéria-prima, embalagem. No nosso segmento, no aço, cimento e concreto. De uma hora para a outra, 30%, 40% e 50% de aumento. Conjuntura econômica que nos preocupa. A eleição é no ano que vem e a cada quatro anos ocorre. E temos de respeitar o que o eleitor escolheu, temos de respeitar porque é uma evolução que o Brasil demorou a conquistar. Teve problemas de corrupção e momentos difíceis. O problema econômico é mais grave que o político, porque demoram mais para ser resolvidos e depende de uma conjuntura que não é só do nosso país". Alberto Walter de Oliveira
Amanhã (o que vem pela frente)
“Nossa meta grande é viabilizar o setor. A questão da carga tributária no Brasil é um problema grave e que não conseguimos avançar. Vemos cenários incertos. Não só no nosso setor, mas em geral. Na política, não se sabe como andar. Há necessidade de reformas. Temos de tirar peso dos impostos que impossibilita o trabalho, reduz poder aquisitivo, que já está corroído pela inflação e a política de juros leva dinheiro para a poupança. São cenários que nos deixam um pouco preocupados. Precisamos continuar trabalhando. As pessoas das empresas precisam manter os pés no chão e manter muito foco.” Júlio Gilberto Fante
“Houve crescimento (durante a pandemia) e ele nos incentivou a implementar o Ensino Médio, que ainda não tínhamos. Tivemos estudo para expandir a Caxias e Gramado e temos a expansão no horizonte. Temos de manter um olhar positivo sobre todos os momentos, principalmente numa crise tão grande como a que vivemos com a pandemia. Não acredito na educação totalmente à distância, porque os relacionamentos são importantes. Mas o híbrido vai permanecer. As profissões se modificarão, mas elas não deixarão de surgir. Precisamos ter uma educação permanente. Tem que ter sempre um espaço para estudar. Temos de continuar em formação constante. Vamos perder a forma de escrita com caneta e lápis. Vamos ter pela frente a forma tecnológica.” Eroni Mazzocchi Koppe
“O Brasil precisa evoluir na questão do saneamento. Está muito distante até do razoável. Confiamos que todos esses exemplos não ficarão no vácuo. Todos os segmentos estão se modificando e reestruturando. Se é difícil empreender, vamos nos preparar para vencer o que é difícil.” Alberto Walter de Oliveira
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A mediação do Encontro de Gigantes foi da jornalista Babiana Mugnol.