Nem todas as soluções para os desafios enfrentados em uma empresa precisam nascer dentro dela. Aliás, se as organizações se conectarem com iniciativas de fora podem encontrar um jeito de superar obstáculos de forma mais ágil. Essa transposição das próprias paredes em um ambiente de trocas é favorável para as renovações, mudanças e resoluções necessárias. Abre-se, então, um caminho pavimentado para a chamada inovação aberta.
O conceito é um dos balizadores do trabalho feito pelo Instituto Hélice, que começou em 2018 com quatro empresas da Serra e hoje congrega 25 organizações. Três dessas empresas, integrantes de grupos fundadores do instituto (confira abaixo), figuram na 17ª edição da lista “Campeãs de Inovação”, organizada pela revista Amanhã que, em parceria com o IXL-Center, de Boston, escolhe anualmente as 50 mais inovadoras da região Sul do país.
A Randon é a mais bem colocada organização da Serra gaúcha na lista de inovação do Sul do país. O CEO da empresa, Daniel Randon, diz que as equipes têm olhado para essa estratégia de inovação em diversas áreas. Entre as iniciativas, ele cita o Centro de Tecnologia Randon, para desenvolvimento de novos materiais e produtos; a compra de uma empresa de automação e de robôs, por uma preocupação ambiental, com a segurança dos colaboradores e para aumentar a produtividade; além das estratégias de conexão com mais de 50 startups.
O CEO salienta que a transformação digital tem acelerado os processos de mudança e que, nesse cenário, a colaboração com outras empresas, universidades e poder público se torna cada vez mais importante:
— No lado da transformação digital, nos últimos quatro anos, a empresa tem se apoiado em movimentos como o próprio Instituto Hélice, em que a Randon, juntamente com outras empresas na Serra, tem trabalhado na busca de inovações que possam trazer rupturas no nosso dia a dia, trazendo inovação nos nossos custos, na maneira de fazer os processos — destacou Randon, em entrevista concedida terça-feira (01/06) ao Gaúcha Hoje da Gaúcha Serra.
Outra ação é a ExO, uma célula de inovação composta por funcionários de diferentes áreas e formações deslocados das áreas e empresas de origem para buscar soluções conectadas a startups para demandas internas da companhia. E tem ainda a Conexo, que conecta a Randon, de forma física e digital, a empreendedores, grandes empresas, startups, universidades, instituições e à comunidade.
— Uma das últimas etapas foi a Randon Conexo, que é uma ideia de inovação aberta, que busca alguns pilares para que nós possamos trazer inovação que contribua para a empresa e, principalmente, possa ajudar e contribuir a nossa comunidade, e desenvolver também os empreendedores locais — explicou.
Impacto nas empresas, com benefício regional
O executivo do Hélice, Thomas Job Antunes, considera que a conquista das posições no ranking, por parte das empresas que estão integradas ao instituto, é resultado da capacidade inovadora das corporações, mas tem a figura do Hélice como um complemento importante.
Porque, além de desenvolver processos de aproximação com a comunidade, realizar mentorias, eventos e capacitações, o instituto promove a conexão entre as empresas tradicionais e as startups. Antunes pontua ainda que as startups, por serem negócios jovens e escaláveis, oferecem soluções especializadas de maneira rápida.
Para exemplificar, o executivo explica que a migração para a digitalização dos processos de recrutamento de pessoal poderia demorar de 18 a 24 meses em uma organização tradicional. Mas, ao buscar a realização desse trabalho por meio de uma startup, esse tempo reduz para três meses. Ou seja, abre-se, em um curto período, espaço para a busca por outras soluções.
Mas a atuação do Hélice não se restringe às empresas. A ideia é gerar um ecossistema regional voltado à inovação. Para Antunes, esse processo já começou à medida que grandes grupos se abrem para um novo jeito de encontrar resultados:
— Tem um impacto na cultura da região, sim, que começa a se perceber, a partir de um movimento de ícones, de grandes empresas, que tem uma movimentação acontecendo e que é importante elas se conectarem com esse movimento. Então, a gente acredita, é o nosso papel, inclusive, e isso repercute no ecossistema como um todo — finaliza.
Instituto Hélice e o Trino Polo estabelecem parceria
O Instituto Hélice e o Trino Polo vão trabalhar conjuntamente para tornar a região um ambiente de negócios favorável para novos empreendimentos de base tecnológica. A parceria fechada na semana passada terá inicialmente foco em três temas prioritários para a inovação, que vão ser debatidos e conduzidos por grupos de trabalho específicos.
Uma das prioridades é o ambiente regulatório que incentive os negócios de base tecnológica. A outra é a formação de profissionais para trabalharem nesses espaços. Por fim, a ideia é garantir uma esfera de inovação que proporcione a aproximação e conexão de negócios.
O entendimento do Hélice, que representa as grandes organizações, e do Trino Polo, que congrega empresas de tecnologia, é que o mercado ganha em inovação, a comunidade em colaboração e as pessoas em qualificação de mão de obra e novas oportunidades de trabalho.
Ranking Campeões de Inovação
:: Empresas Randon - 7º lugar
:: Valeo Climatização do Brasil - 13º lugar
:: Meber Metais - 18º lugar
:: Marcopolo Next - 24º lugar
:: Universidade de Caxias do Sul (UCS) - 5ª colocada na categoria especial Ensino & Pesquisa