Marcelo F. Pinto, CEO da PPI- Multitask, de São Paulo, foi uma das atrações no Seminário 4.0, realizado durante a Mercopar 2020, em Caxias do Sul. Pinto diz que a cada vez que volta a cidade percebe mais empresas se integrando a todas as possibilidades que a Indústria 4.0 promove. No entanto, o CEO defende a tese de que as empresas precisam dominar as novas tecnologias para ir além do conceito de maior produtividade com menor custo.
– Cada empresa que começa essa jornada está desenvolvendo a capacidade de manter-se competitiva, mas esse é só o primeiro passo – provoca.
O CEO prossegue, dizendo:
– A Indústria 4.0 também está permitindo que as empresas se conectem mais com os seus clientes, esse é um novo impacto dessas tecnologias na cadeia produtiva. Seja a conexão entre empresas e fornecedores, seja entre empresas e consumidor final. Ao me conectar com meu operador logístico, que transporta meus produtos, os meus materiais, por exemplo, eu ganho a capacidade de fazer algo diferente, e chamamos a isso de novos modelos de negócio.
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Para o CEO, a virada do jogo, no mundo dos negócios, é justamente perceber que as novas tecnologias podem conectar as pessoas em diferentes níveis e provocar a criação de novos modelos de negócios, como ocorreu com o Waze, a Uber e a Airbnb.
– Quando chamamos a atenção para essas empresas, elas usaram a tecnologia para transformar o modelo de negócio. E dessa forma, não se trata apenas de ser mais competitivo, você abre um novo mercado e você passa a ser o “player” daquele mercado. A partir disso, os clientes do mercado tradicional migram para esse novo.
Pinto diz que, gradualmente, esse conceito tem sido incorporado também pela indústria.
– Há muita gente ainda olhando a Indústria 4.0 do ponto de vista da automação, por causa do impacto dessas novas tecnologias, que começaram a ser inseridas nos anos 1970.
Novamente o CEO faz questão de frisar pontos de virada, como se fosse uma narrativa cinematográfica, em que os personagens deparam-se com os dilemas e os superam, com uma tacada de mestre.
– Então, veio uma Toyota e percebeu que a automação dava mais flexibilidade e conseguia tocar uma produção puxada pela demanda. Criou um novo modelo dentro de um segmento automotivo, que deu mais produtividade e competitividade, em um menor custo. Agora quando você compara isso com o impacto de um Waze, Uber, Airbnb, eles praticamente terminaram com alguns mercados.
Pinto entende que nós precisamos nos dar conta de que somos consumidores 4.0. E muito desse processo foi acelerado com a pandemia.
– A tecnologia tem sido incorporada a nossa vida e nem percebemos. Primeiro, nos transformamos como consumidores. Nós já somos consumidores 4.0. Então, naturalmente, esperamos que o produto que compramos seja conectado e mais inteligente – destaca ele.
Pinto diz que as empresas que não perceberem essa mudança não sobreviverão.
– Se eu, que sou industrial, não perceber que você já mudou como consumidor e ficar olhando para o meu produto como algo que vai durar para sempre, eu já morri. E mais rápido do que você imagina, isso será transformado pelo meu concorrente.