Só poderia ter nascido das mãos e mentes de uruguaios que vivem em Nova Petrópolis um alfajor de figo. O doce típico do Uruguai ganhou a versão recheada com a fruta que é destaque no Jardim da Serra Gaúcha – é o terceiro maior produtor de figo do Estado – a partir de uma iniciativa da família Muñoz Klimenko. Convidados para participar da Festa do Figo, ainda em 2013, e desafiados a criar um produto que tivesse relação com o evento, o casal Juan Carlos e Gisela e os filhos Juan Nicolas e Sabrina não tiveram dúvida.
— Nos pegou de surpresa o convite na época, mas para prestigiar a cidade que, sempre nos acolheu tão bem, resolvemos participar e inventamos o alfajor de figo. Nunca tínhamos ouvido falar, é um recheio bem diferente, mas fizemos teste e ficou muito bom. Durante o evento, foi um sucesso, todo mundo gostou e vendeu mais do que a expectativa — conta Juan Nicolas.
A partir daí, a guloseima criada especialmente para a Festa do Figo passou a integrar o catálogo de delícias da Mukli, fábrica localizada na Linha Brasil, interior de Nova Petrópolis e no caminho para Gramado. Diante da boa aceitação, outros sabores se somaram ao cardápio da empresa que está há nove anos no mercado. Alfajores de laranja, café e paçoca dividem espaço nas prateleiras das lojas física e virtual com os tradicionais de doce de leite.
— Fomos crescendo devagarinho, criando outros produtos, sem perder a nossa essência uruguaia. Todas as lojas são características com a decoração e alguns itens típicos (como canecas e camisetas). Fizemos a implementação dos cafés nas lojas, todos trabalham com as medias lunas (croissant), empanadas uruguaias, panquecas de doce de leite, milk shake. São produtos bem típicos do Uruguai e a aceitação foi muito boa — diz Juan Nicolas, acrescentando que a Mukli vende também doce de leite uruguaio, bolachas saborizadas, geleias e chocolates.
A Mukli tem quatro lojas – duas em Nova Petrópolis, uma em Gramado e uma em Igrejinha. A produção anual ultrapassa meio milhão de alfajores.
— Estamos consolidados e graças a Deus nosso produto agradou o paladar do brasileiro. Estamos sempre mantendo a essência do Uruguai, com as receitas de lá e algumas características daqui, porque nossos clientes são brasileiros — destaca Juan Nicolas.
Empresa familiar se consolidou
Os Muñoz Klimenko estão em Nova Petrópolis há 18 anos. Juan Nicolas conta que a família costumava ir a Gramado a passeio e descobriu a cidade vizinha numa das viagens. Os pais se apaixonaram pelo município e resolveram deixar Montevidéu e se mudar para a Região das Hortênsias em 2002.
A ideia de abrir um negócio surgiu anos depois, quando Juan Nicolas e Sabrina estavam maiores. Os irmãos resolveram empreender e pensaram em produzir o alfajor porque perceberam baixa oferta na cidade.
— Pensamos que seria uma dificuldade colocar um produto novo no mercado, porém, era uma oportunidade, porque se caísse no agrado das pessoas, podia ser um diferencial. Abrimos a empresa de forma bem familiar, pequena, só nós quatro — relembra Juan Nicolas.
A receita é de família e a marca da empresa presta uma homenagem a avó de Juan e Sabrina, Lote Kagelmacher, que sempre demonstrou carinho nas deliciosas preparações. O nome Mukli também é uma referência familiar: trata-se da junção dos sobrenomes Muñoz e Klimenko.
Criação de loja virtual
A loja no centro de Nova Petrópolis recém havia sido inaugurada quando a pandemia começou no Brasil. A crise sanitária assustou, sem dúvida, mas, com a maioria dos concorrentes do entorno fechando, a Mukli acabou se fortalecendo, segundo Juan Nicolas. Além disso, o período de medidas para conter a covid-19 serviu como oportunidade de reorganização. Além da realização de um planejamento estratégico, a Mukli lançou uma loja virtual.
— O grande destaque foi a criação do nosso site. Nos vimos obrigados a ter essa possibilidade de enviar para os clientes. Foi um trabalho bem acelerado para atender a demanda. Está sendo bom, estamos tendo bom volume de vendas. Queremos expandir mais — frisa Juan.