O dia 26 de agosto de 2019 está marcado na história de Arroio do Sal. O dia D apontou a escolha do município como zona prioritária para acolher a construção de um novo porto no Estado. Conforme estudo do relatório, realizado à época pela Marinha, Torres, que inicialmente era o local sugerido para instalação do empreendimento, não possuiria vazios de praia com extensão e morfologia compatíveis, enquanto que Arroio do Sal se enquadrava nos parâmetros técnicos necessários.
Dezessete meses depois, a situação é a seguinte: ao invés de um porto, poderão ser construídos dois na praia que é uma das mais escolhidas para o veraneio de caxienses. Conforme noticiado pelo Pioneiro, em março de 2020, Affonso Flávio Angst (MDB), prefeito de Arroio do Sal, explicava que "se tratam de duas empresas, com diferentes áreas, trabalhando em projetos distintos". Um dos empreendimentos deverá ser construído na praia de Rondinha, enquanto o segundo deve ser edificado em Arroio Seco, contando com recursos de investidores russos.
— Não temos novidade nenhuma. Os empreendimentos estão em fase de elaboração dos projetos a serem encaminhados para a aprovação da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) — explica o prefeito reeleito Affonso Flávio Angst, mais conhecido como Bolão.
No entanto, há uma importante atualização. Quem nos revela é o diretor institucional da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), Ruben Bisi, que também representa o Movimento Mobilização por Caxias (Mobi):
— Fizemos recentemente uma live com os proprietários do terreno, para o porto de Rondinha. A nova empresa que foi escolhida para realizar o estudo de viabilidade técnica é a DTA - Engenharia Portuária e Ambiental. Eles estão trabalhando nisso e prometeram apresentar o estudo preliminar em março.
Em dezembro de 2019, o prefeito Bolão dizia que havia a intenção do grupo de investidores russo instalar a pedra fundamental para a obra do porto de Arroio Seco em março de 2020, o que não ocorreu ainda. Na época, o secretário do Meio Ambiente, Agropecuária e Pesca de Arroio do Sal, Luis Schmidt, dizia que o investimento girava em torno de 1 bilhão de dólares. A esperança, para ambos os portos, é de que se confirme a expectativa para o início das obras ainda em 2021.
Segundo estimativas do Bolão, se apenas um dos portos estiver em operação, Arroio do Sal poderá quadruplicar o seu orçamento, que atualmente é de cerca de R$ 60 milhões, por ano.
ARTICULAÇÕES E EXPECTATIVAS
Agosto de 2019
Apesar dos esforços por parte da prefeitura de Torres, Arroio do Sal foi o município escolhido para ser a provável sede do porto do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A definição foi comunicada em reuniões com os prefeitos das duas cidades, empresários e lideranças políticas do Estado, no dia 26 de agosto de 2019. A confirmação foi anunciada pelo senador Luis Carlos Heinze (PP), que media a articulação para implantação do modal de transporte marítimo.
Setembro de 2019
A instalação de um porto no Litoral Norte tem o apoio do governo do Estado, desde que ele não conte com recursos públicos. Conforme explicou na época, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), Ruy Irigaray, o Executivo estadual faria esforços para viabilizar o empreendimento, como facilidade para licenciamentos:
— Somos favoráveis a qualquer tipo de investimento privado. Da nossa parte, vamos fazer de tudo para facilitar os investimentos, caso hajam. Não tem como o governo participar (com dinheiro). O governo tem outras prioridades — revelou Irigaray, em 12 de setembro de 2019.
Dezembro de 2019
O porto de Arroio Seco poderia vir a receber recursos de investidores russos para sair do papel. Um termo de cooperação entre a prefeitura de Arroio do Sal e o Comitê Nacional de Cooperação Econômica da Rússia foi assinado no dia 9 de dezembro de 2019. A intenção do grupo, segundo o prefeito Bolão, era instalar a pedra fundamental da obra em março de 2020, o que ainda não ocorreu. Está em fase de estudo de viabilidade o projeto de construção de um porto multimodal com capacidade para receber navios de até 400 metros, com investimento de cerca de 1 bilhão de dólares.
Janeiro de 2020
Havia sido protocolado na secretaria de Meio Ambiente de Arroio do Sal, no dia 9 de janeiro de 2020, o projeto de construção do prédio administrativo do grupo Doha Investimentos e Participações S/A, que sondava-se à época, administraria o porto em Arroio Seco. O prédio ainda segue sem prazo para ser erguido.
Março de 2020
Com a aproximação dos russos, se criou a possibilidade de viabilizar a instalação de dois portos, ao invés de apenas um, como era o plano inicial. Em reportagem do dia 12 de março de 2020, o prefeito Bolão assim explicava a situação:
— Na realidade, são duas empresas com áreas diferentes, trabalhando em projetos distintos. Um deles, é da empresa Meridional (atualmente capitaneado pela DTA - Engenharia Portuária e Ambiental), do porto em Rondinha, e o outro, dos investidores russos (Grupo Doha Investimentos e Participações SA), que será em Arroio Seco. Um porto já é excelente, imagina se houver dois. Se isso ocorrer, será um retorno enorme para o município.