Apesar dos esforços por parte da prefeitura de Torres, Arroio do Sal foi a cidade escolhida para ser a provável sede do porto do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A definição foi comunicada em reuniões com os prefeitos das duas cidades, empresários e lideranças políticas do Estado. A confirmação foi anunciada pelo senador Luis Carlos Heinze (PP), que media a articulação para implantação do modal de transporte marítimo.
A escolha se fundamentou em estudo realizado pela Marinha no primeiro semestre deste ano. Conforme o relatório, Torres, que inicialmente era o local sugerido para instalação do empreendimento _ denominado Porto de Torres quando anunciado_, não possuiria vazios de praia com extensão e morfologia compatíveis, enquanto Arroio do Sal se enquadra aos parâmetros técnicos necessários.
— A definição se baseou em análises técnicas, econômicas e ambiental. É um projeto para o resto da vida e, em Arroio do Sal, não vai precisar expandir e ficar comprando, pois a área é grande o suficiente para crescer — explica Heinze.
A expectativa, segundo o senador, é que já no próximo mês os primeiros dados e levantamentos sejam apresentados a potenciais investidores, uma vez que o projeto será totalmente financiado pela iniciativa privada:
— Não tem recurso público. Se esperar dinheiro público, não existe dinheiro. Vai ser totalmente privado.
De acordo com o prefeito em exercício de Arroio do Sal, que representou o município em uma das reuniões desta segunda (26), Adilson Vargas, a avaliação indica que o empreendimento poderia ser implantado entre a praia de Rondinha e a área central da cidade, ou próximo ao balneário de Arroio Seco, sendo a primeira alternativa tecnicamente mais viável.
A estimativa inicial é de que o investimento final será de cerca de R$ 2 bilhões.
"Será o mais moderno da América Latina"
Embora Vargas afirme que o município é completamente favorável à implantação do porto, adianta que serão priorizadas as questões ambientais.
— Queremos o desenvolvimento do município, mas de forma sustentável. Isso será possível tendo em vista o modelo que nos apresentaram, de um porto que será o mais moderno da América Latina — afirma Vargas.
A expectativa agora é de que uma licença prévia seja viabilizada dentro de um ano e a partir daí, o projeto estaria apto a receber investimentos. Caberá ao município apenas questões relacionadas ao licenciamento e a concessão da área para União.
Geração de empregos para Arroio do Sal
Para lidar com os impactos gerados com a implantação de um porto naval na cidade, a prefeitura de Arroio do Sal informa que pretende formar um grupo de trabalho junto às prefeituras da região, para acompanhar o empreendimento.
O prefeito em exercício, Adilson Vargas, afirma que ainda não há um planejamento traçado, mas que Arroio do Sal já atua para suprir demandas de uma cidade que registra um significativo crescimento populacional e ainda lida com o aumento gerado pela presença de veranistas na alta temporada, quando a cidade de 10 mil habitantes chega a registrar 100 mil em picos, como o da virada de ano.
— Temos uma economia forte que não depende mais integralmente do veranista — garante Vargas.
E acrescenta:
— Não temos como prever o impacto do porto no turismo, mas acredito que com a preservação ambiental poderemos inclusive agregar nessa área. O porto dará mais visibilidade e trará mais emprego, atendendo a uma demanda que temos atualmente. É uma alternativa revolucionária para a região.
Expectativa é de obra pronta em quatro anos
A definição da cidade que pode receber a estrutura foi apenas um pré-encaminhamento para viabilização do projeto. A partir de agora, haverá a delimitação da área específica e a elaboração dos projetos necessários para posterior envio à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), órgão do governo federal responsável por regular e autorizar a exploração da infraestrutura portuária e aquaviária no país.
O Grupo Bolognesi Empreendimentos, de Porto Alegre, será responsável pela elaboração dos projetos.
— Estamos encaminhando a parte empresarial e bancando os custos dos projetos regulatórios, ambientais, técnicos e dos estudos de mercado — informa o presidente do Grupo, Ronaldo Bolognesi.
Segundo ele, a empresa estima que investirá cerca de R$ 20 milhões no processo, mas que posteriormente integrará a estrutura societária da exploração do porto.
— Vamos participar da sociedade final com o que pudermos. Precisaremos de investidores, provavelmente internacionais — complementa.
Segundo ele, a intenção é que os projetos sejam concluídos até o próximo ano e que a obra transcorra pelos três anos subsequentes:
— Obtendo a licença prévia no próximo ano, acredito que nos três anos seguintes concluamos a obra — afirma.
Para o levantamento técnico, o Grupo Bolognesi conta com o auxílio da Exe Engenharia, empresa de Curitiba referência em obras portuárias.
Movimento da Serra cobrará por infraestrutura
O movimento Mobilização por Caxias (MobiCaxias), que engloba diversas entidades ligadas a setores econômicos da cidade, participa do processo de discussão para instalação do porto desde o surgimento da proposta, há cerca de um ano. Para Ruben Bisi, representante do Mobi, o projeto de exploração portuária, assim como o encaminhamento da implantação do Aeroporto da Serra Gaúcha, respondem a uma demanda histórica por alternativas logísticas da região.
_ Temos problemas de logística por dependermos 100% do transporte rodoviário. Para abrirmos o país ao mercado internacional, é necessário pensar em outros modais. Por isso, ferrovias, aeroportos e portos passarão a ser fundamentais. A logística é o que garante a permanência das empresas _ defende Bisi.
No entanto, segundo ele, a criação dos modais exige infraestrutura complementar, como melhoria na condição das estradas da região.
— Vamos começar a cobrar reativação de ferrovias e melhoria das rodovias. Vamos dizer que o porto estivesse pronto. Como traríamos carga para a região? A Rota do Sol não comporta, a ERS-122 não foi duplicada, a BR-285 não está terminada. Precisamos efetivamente forçar para que sejam duplicadas, asfaltadas _ afirma Bisi.
Segundo ele, o MOBI continuará a auxiliar no refinamento de questões específicas referentes aos potenciais de logística da estrutura portuária.
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