Assim como todos os agentes econômicos do país, os efeitos restritivos surgidos com a pandemia abalaram inicialmente a empresária Patrícia Mattana, sócia-proprietária da Arco Componentes Metálicos de Caxias. A metalúrgica, existente há cerca de 30 anos, viu os segmentos para os quais atua, calçadista e têxtil, serem devastados pela crise. E, após o período atordoante das primeiras semanas, foi preciso buscar um novo redirecionamento para a empresa, mesmo que possivelmente temporário. Passou a produzir clipes de alumínio para máscaras de proteção.
— Observando toda essa necessidade que estava existindo por máscaras e a dificuldade que as empresas estavam tendo para receber insumos, principalmente de outros países, começamos a estudar onde poderíamos nos encaixar e procuramos as principais marcas de máscaras que estavam adequadas segundo a OMS para serem preventivas ao coronavírus, que indicava a N95. Analisamos o produto e como poderíamos adequar nossos métodos produtivos— comenta Patrícia.
O insight surgido entre colaboradores, desde a parte técnica-operacional até a parte comercial, foi então colocado em prática:
— Como temos toda a matrizaria, entramos em contato com nossos funcionários que estavam em casa em função da pandemia, chamamos pessoal e dissemos: "olha, temos essa possibilidade de projeto, vamos tocar ficha". Fizemos todo o projeto e adequação de matrizes, isso demorou de uma semana a 10 dias, e começamos a trabalhar com esses clipes que são necessários para a utilização correta da N95 e são aplicáveis a máscaras artesanais.
As hastes de alumínio têm as extremidades arredondas e são de baixa espessura, o que permite a modelação anatômica na região do nariz de cada usuário.
Atualmente, a empresa dedica uma das prensas para apenas produzir o material. Podem ser fabricadas entre 150 mil e 250 mil unidades por dia. O material é vendido para o norte e o centro do país. A novidade representou 10% do total do faturamento da empresa, percentual, que segundo Patrícia, ajuda na sobrevivência do negócio:
— É uma tentativa para conseguir manter a empresa funcionando neste período, não pensamos que fosse salvar, mas nos ajuda a atravessar a pandemia. Muitos empresários não estão preocupados em como ganhar dinheiro, mas sim em manter negócio vivo até o final do ano.
Embora a Arco seja voltada à fabricação de componentes, Patrícia destaca a importância de ter percepção contínua de mercado baseada em tendências de consumo:
— A empresa tem de entender que faz parte da sociedade como um todo. Quando se tem mudança de comportamento, se você trabalha num mercado diretamente ligado a hábitos de consumo, como é o nosso caso, apesar de não vendermos ao público final, o nosso cliente vende para público final. Se não tiver esse entendimento e proatividade de compreender o movimento social que ocorre ao redor para se posicionar, inevitavelmente vai ficar para trás.