Item que tradicionalmente causa divergências entre os produtores de uva e a indústria, o preço mínimo da uva para a safra 2019/2020 foi confirmado a R$ 1,08 o quilo por meio de uma portaria publicada nesta quarta-feira (11) no Diário Oficial da União. O preço mínimo vale a partir de 1º de janeiro e corresponde à uva industrial de 15 graus de teor de açúcar.
Para o presidente da Comissão Interestadual da Uva e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, o valor não é ideal para os produtores.
— Um levantamento feito pela Comissão apontou que o custo médio do agricultor é de R$ 1,10 o quilo. Portanto, o preço mínimo não é o suficiente, até porque, além do custo, o produtor tem que ter lucratividade — comenta.
Mesmo assim, ele considera que o preço estabelecido para esta safra foi uma vitória dos produtores, já que a indústria queria que o valor fosse mantido igual ao do ano passado ou até menor. O aumento foi de 4,8% em relação ao preço de R$ 1,03 fixado para a última safra. A indústria argumentou que o reajuste anterior, de 12% sobre R$ 0,92 de 2017, ficou fora do padrão, acima da inflação oficial, e apontou para a concorrência das bebidas estrangeiras. Já Postal diz que a comissão interestadual tem informação de que a indústria tem feito boas vendas de sucos e espumantes, e que o problema da concorrência abrangeria mais os vinhos finos, um volume baixo em relação ao contexto geral.
Por outro lado, o diretor-executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Darci Dani, reclama do reajuste e afirma que as indústrias tinham a expectativa ainda de discutir o preço antes da publicação da portaria desta quarta.
— Não era normal isso acontecer porque sempre tivemos oportunidades de discutir antes com o setor e governo. A indústria já não conseguiu repassar o aumento de 12% do ano anterior. Achávamos que uma manutenção do preço pudesse recuperar o mercado — afirma.
Conforme Dani, há um estoque alto de sucos de uva que ainda não foram vendidos. Segundo ele, este produto vinha tendo nos últimos anos um crescimento anual de 30% mas, no último ano, o consumo estagnou. O diretor da Agavi acredita que isso tenha sido em função da concorrência de outras bebidas semelhantes que possam ter ficado mais atrativas em função do preço.
Dani confirma o crescimento em espumantes, mas observa que essas bebidas correspondem a uma fatia menor da produção, e destaca que os vinhos de mesa, por exemplo, terão neste ano uma redução de 10% nas vendas em relação ao ano passado.
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