Entre centenas de atrações no evento Mind7, realizado em Caxias do Sul no mês de maio, uma delas se sobressaía às atenções: a estrutura luminosa semelhante a uma banca de revista com um robô industrial atrás de uma redoma de vidro expunha uma faixa em seu topo com o anúncio “1º fast food robotizado do Brasil”. Dois meses depois, o idealizador do projeto, o caxiense Fábio Rezler, vai além:
– Na época do evento, decidi colocar como primeiro do Brasil porque fiquei com receio de colocar do mundo. Mas, pelo que pesquisei, esse conceito de “100% robotizado” é o primeiro do mundo – afirma.
Sem atendente, a máquina desenvolve sozinha todos os processos, do pedido feito em um painel digital (pagamento exclusivamente via cartão de crédito ou aplicativo) às etapas de seleção do alimento congelado, fritura e entrega. Ao todo, o protótipo oferece 14 opções de lanches (com estoque superior a 400 unidades), 21 de bebidas e seis sobremesas. Do pagamento do cliente até a entrega dos produtos, o tempo de espera é de cerca de três minutos, mas deve diminuir conforme o aprimoramento do sistema.
O projeto, denominado de Bionicook, começou a ser desenvolvido pelo administrador há cerca de três anos. Na época, ele pensou em investir no ramo alimentício. Foi num estalo, entretanto, que a ideia ganhou pretensões visionárias:
– A ideia era que fosse uma rede com atendimento tradicional, faltava aquele plus. Foi então que eu estava assistindo à tevê quando vi um robozinho industrial num programa. Foi uma epifania. A partir daí, reformulei o projeto para o conceito da robótica – relata.
Ao buscar uma empresa da área de engenharia para tirar a ideia do papel, Rezler descobriu a Auttom, com sede no bairro Cruzeiro. Em cerca de um ano, o conceito ganhou forma. Do começo ao fim da produção da primeira máquina, foram investidos em torno de R$ 800 mil. Na apresentação do protótipo, durante o Mind7, Rezler comentou ao Pioneiro que a intenção era franquear a marca e, como meta, esperava lançar cerca de 300 equipamentos num prazo de cinco anos. Dois meses depois, após a repercussão no mercado, a pretensão ganhou outro patamar:
– Com segurança, posso afirmar hoje que temos potencial de lançar 40 mil unidades num prazo de cinco anos. Há interesse do mercado americano para a instalação em aeroportos que nos deixou empolgados.
Atualmente, a marca busca franqueados e investidores: 59 candidatos de franquia de todos os Estados brasileiros já demonstraram interesse. O processo ainda está em aberto. No dia 26 de julho, a expectativa é de que os contratos sejam selados e a ideia é ter a primeira máquina já em funcionamento em agosto. O equipamento deve ser instalado em Caxias ou Gramado. O foco dos pontos comerciais serão locais públicos institucionalizados, como aeroportos, universidades e eventos.
Critério de qualidade
Conforme explica Fábio Rezler, o projeto se dividirá em três frentes: a fábrica e fornecedora de alimentos, a fabricação e a gestão de franquias. O empresário afirma que, após os acordos estabelecidos, pretende se dedicar à fabricação e fornecimento de alimentos, e que essa será a prioridade da marca:
– A robótica é só uma atração inicial. Depois disso, o público não vai nem perceber, por isso, a ideia é conquistar pela qualidade. Por isso, seremos rigorosos quanto aos alimentos – garante.
O cardápio na publicidade do expositor da estrutura sugere sabores variados de pastéis e lanches como nuggets, aipim, queijo e até agnoline frito.
Drive-thru, blindagem, mais opções
Para modelos futuros, Rezler revela que já são estão sendo pensadas diferentes formas de ampliações:
– Nossos pontos de localização ainda são limitados, pois dependemos de questões de segurança. Uma praça, por exemplo, ainda não temos condições. Porém, já temos projetado um modelo drive-thru, uma versão eventos com possibilidade de deslocamento e um modelo com blindagem que garanta segurança da estrutura para instalação em espaços públicos.
Segundo ele, também poderá ser ampliada a variedade de opções culinárias:
– Nos modelos oficiais, vamos ter café, inclusive. A robótica permite a possibilidade de ampliar opções, basta colocar esse robô num trilho, por exemplo, e ele terá um acesso muito maior a uma cozinha de opções – explica.
Inicialmente, a Auttom terá capacidade de produzir de três a quatro estruturas por mês. Entretanto, um dos diretores da empresa, Gilvan Menegotto, garante que isso pode mudar conforme a demanda:
– Esse é um problema bom de resolver. Caso os pedidos se elevem consideravelmente, poderemos pensar num outro modelo de produção – afirma.