A tradição vinícola da Serra Gaúcha é marcada pela experiência no cultivo de vinhas de origem italiana e francesa, mas as vinícolas da região estão fugindo à regra nos últimos anos e apostando também na produção de castas portuguesas. O cultivo por aqui é mais tímido do que na região da Campanha, onde o clima é mais ameno.
Mas um ousado empresário foi além de apostar no cultivo de variedades portuguesas nos gelados Campos de Cima da Serra. Ele resolveu construir uma vila açoriana para atrair turistas ao empreendimento em Muitos Capões. E para reforçar ainda mais a identidade lusitana, buscou o reposicionamento da marca. A Vinícola Santa Rita agora passa a se chamar Vinícola Família Lemos de Almeida para valorizar a descendência açoriana dos proprietários.
A vila começou a ser erguida há cerca de 10 anos com réplicas de Florianópolis, cidade colonizada por açorianos. Além da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, na capital catarinense, a vinícola reproduz a casa de Anita Garibaldi e concluiu, neste ano, reproduções de um moinho e um farol, comuns nas ilhas dos Açores.
Castas portuguesas, com certeza
A Vinícola Família Lemos de Almeida começou em 2009, primeiramente com a vinificação sendo feita por outra empresa. Iniciou com o cultivo de quatro variedades de uvas francesas: Merlot, Pinot Noir, Sauvignon Blanc e Chardonnay. Hoje, o engarrafamento é feito todo no empreendimento. São 12 hectares cultivados.
As primeiras castas portuguesas começaram a ser vinificadas no ano passado, e a primeira remessa de uvas brancas já foi toda comercializada, motivo de comemoração do proprietário Agamenon Lemos de Almeida. Foram garrafas de Alvarinho e Verdelho, esta última casta muito tradicional nas Ilhas dos Açores e ainda pouco conhecida por aqui.
Mais dois varietais
No dia 6 de julho, a vinícola fará o lançamento de outros dois varietais tintos, o Touriga Nacional, bem mais conhecido, e o Tinta Roriz. A capacidade de produção da Família Lemos de Almeida é de cerca de mil garrafas de cada casta por safra, mas a intenção é ampliar a produção.
Além dos investimentos na expansão do portfólio de produtos, a vinícola agora é autossuficiente em energia elétrica e também construiu uma usina de compostagem de resíduos sólidos.