Mulher pode estar em todos os lugares. Mas a cada dia é preciso reafirmar, porque elas ainda são minoria em cargos de liderança. Na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, por exemplo, dos 23 parlamentares, apenas quatro são do sexo feminino. Mulher também pode ser o que ela quiser: uma profissional ou dedicar-se somente ao cuidado dos filhos. Ou, se preferir, não tê-los. Neste 8 de Março, mostramos histórias de mulheres protagonistas, que resolveram empreender, entrar na política, ter uma banda de thrash metal, jogar futebol americano e ser, ou não, mãe.
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A menina de Dom Pedrito que acompanhava atentamente a mãe criando modelos de roupas não poderia seguir outro caminho que não fosse o Design. Mas, ao invés de se dedicar ao desenho de peças da moda, Gabriela Oliveira optou pelo digital. Começou desenvolvendo sites no início da faculdade, especializou-se no e-commerce e logo estava dando aulas de marketing digital e mídias sociais. Há dois anos, passou a empreender, como sócia da Escola Caxias Criativa, espaço que oferece formação para quem quer tirar seu projeto do papel.
— Neste aspecto, puxou mais à mãe dela do que a mim — constata o pai Nei Vargas, referindo-se à veia empreendedora de Gabriela, herdada de Mari Ione, já falecida, que teve três lojas de marca própria.
Na Escola, a jovem de 30 anos busca dar o caminho para quem tem uma ideia de negócio ou para quem já atua e quer crescer. Os programas educacionais desenvolvem empreendedores e suas habilidades para que eles se tornem mais inovadores e, consequentemente, alavanquem seus empreendimentos. Foi essa a forma que Gabriela encontrou não só para ganhar dinheiro, mas para auxiliar as pessoas.
— A gente tem uma estatística muito cruel que em dois anos boa parte dos negócios morre por falta de conhecimento, de especialização. É muita paixão e pouco conhecimento para levar esse negócio adiante e fazer com que ele lucre. Então, a gente vem como um apoio a esse empreendedor para que ele consiga construir e fazer com que o negócio cresça de forma sustentável.
Embora Gabriela fale com propriedade sobre o tema e demonstre amor pelo que faz, há momentos de dificuldade pelo simples fato de ser mulher. Ela sente o preconceito quando, por exemplo, precisa apresentar uma proposta para um cliente. O ambiente majoritariamente masculino exige uma postura diferente, mais firme, segundo ela.
— Tem que estar duas vezes melhor naquele dia para dialogar e negociar quando se está tratando com homens ou frequentando eventos que nós não somos maioria, principalmente eventos de tecnologia. Durante muito tempo, em eventos de comunicação, eram poucas mulheres e poucas mulheres negras, então, tu tem de estar presente, tanto como um ato político quanto um ato de mostrar que as mulheres podem estar presentes naquele ambiente, que podem discutir, dialogar e têm competência para isso.
A tarefa não é fácil. Gabriela diz se sentir sozinha, às vezes. Mas não está. Ela tem uma importante rede de apoio: as sócias Alessandra Rosa e Vanessa Kukul. Mais experientes, são elas que dão suporte a Gabriela nos momentos complicados. Muitas das situações vividas por ela já são conhecidas das duas, então, são as pessoas ideais para dar a mão quando Gabriela precisa.
— Elas já viveram muitas das dores que eu, às vezes, passo.
As lembranças da mãe também ajudam e inspiram a jovem. Além de ter trabalhado com moda, ela foi professora e ensinou à filha o valor de compartilhar o conhecimento. A história da ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michele Obama, mulher e negra, assim como Gabriela, também a auxilia.