Tudo indicava que Caxias do Sul fecharia 2017 com saldo positivo na geração de empregos, mas os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira, jogaram um balde de água fria nesta projeção. Puxada pelo desempenho negativo de dezembro, Caxias terminou o ano passado com saldo de 615 vagas encerradas. O resultado é fruto de 56.584 admissões e 57.199 demissões.
É o quarto ano consecutivo que o Caged fecha no vermelho no município. Levando em consideração os dados da Rais, que consolida posteriormente as informações referentes ao mercado de trabalho, é o quinto ano seguido com redução no estoque de empregos no município.
- Embora tenha o saldo tenha sido negativo em 2017, há sinais de melhora em relação a 2015 e 2016. Perderam-se menos postos que nos anos anteriores – aponta a coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lodonha Soares.
Neste sentido, segundo Lodonha, a perspectiva para 2018 é de que a geração de empregos no município reaja e volte a ficar no azul.
No acumulado de 2017, o resultado do Caged foi influenciado principalmente pela construção civil, que fechou 666 postos em Caxias.
- 2017 foi um ano de poucos lançamentos e de conclusão de obras. Isso acarretou no fechamento de postos de trabalho. Esse cenário deve mudar ao longo de 2018 – analisa Oliver Viezzer, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Caxias do Sul (Sinduscon).
Também tiveram saldos negativos setores como serviços (-263), serviços industriais de utilidade pública (-78) e comércio (-18). Por outro lado, no ano passado, houve desempenho positivo na indústria, com 284 vagas geradas, e na agropecuária, com 132 postos criados.
Em dezembro
Até novembro, Caxias apresentava números positivos no acumulado de 2017. Mas a situação mudou drasticamente no último mês do ano. Isso porque, somente em dezembro, foram realizadas 3.008 contratações e 5.458 demissões, o que resultou em um saldo de 2.450 vagas fechadas. No período, quase todos os setores da economia tiveram desempenho negativo. A indústria e o setor de serviços ficaram com os piores resultados. Encerraram, respectivamente, 1.360 e 784 postos.
No caso da indústria, o resultado reflete o quadro de dificuldade enfrentado por algumas empresas do município na reta final do ano. O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Reomar Slaviero, acredita que a situação de companhias como Guerra e Dambroz pesou neste resultado. Com falência decretada em novembro, a Guerra ainda tinha centenas de colaboradores com vínculo empregatício, que encaminharam a rescisão. Já a Dambroz realizou mais de 50 demissões recentemente.
No entanto, o dirigente destaca que há companhias que retomaram as contratações em 2017, ainda que timidamente, algo que pode ser verificado no saldo positivo de 284 postos no acumulado de janeiro a dezembro.
- No somatório, o ano acabou sendo positivo, se comparado com 2016. Mas se compararmos com os bons tempos da indústria, ainda está abaixo– comenta Slaviero.
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