As terras mais produtivas e com melhores colheitas estão na Serra. As propriedades da região registram um rendimento médio por hectare de cinco a 10 vezes superior ao alcançado no Estado. Nove cidades daqui estão entre as 10 mais bem colocadas nesse critério. O indicador faz parte do Perfil das Cidades Gaúchas, produzido pelo Sebrae-RS. O mapeamento analisa 62 dados diferentes dos 497 municípios do Rio Grande do Sul.
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A lista é encabeçada por São José dos Ausentes, seguido por Vale Real. Caxias do Sul ocupa o terceiro lugar no ranking. O bom desempenho está retratado na propriedade do agricultor Samuel Bernardi, 30 anos, localizada no distrito de Santa Lúcia do Piaí, interior do município. Ele responde por 20 hectares de terras que produzem o ano todo. Agora é a vez do tomate, couve-flor e brócolis.
Aos poucos, ele e o irmão, Joel, estão substituindo as áreas de campo aberto, por produções cobertas, que garantem um rendimento 40% maior. E com mais qualidade.Quase três dos 20 hectares já estão produzindo em estufas. Esta semana, eles finalizam a colheita de tomate. A safra rendeu mais de 250 mil quilos da fruta. O preço médio de venda chegou a R$ 3 o quilo. Isso porque eles produzem na entressafra da fruta.
– Colhemos o ano todo – destaca Bernardi.
O segredo
Qual o segredo para produzir mais e melhor?
– Se atualizar – declara.
Ele e o irmão recebem visitas constantes de agrônomos, participam de palestras e cursos e estão atentos às novidades na área da agricultura. Recentemente, compraram um equipamento que planta e aduba a terra ao mesmo tempo.
– Economizamos tempo e mão-de-obra. E produzimos mais.
Bernardi assegura que o agricultor que não investir não sobrevive por muitos anos.
– É preciso inovar, se atualizar. Se ficar isolado e com medo, não produz e não sobrevive.
A Família Bernardi tem a preocupação de agregar valor ao produto. Por isso, eles investem em coberturas.
– A qualidade do produto é muito superior – garante o produtor.
Sem contar, que a colheita está garantida, pois não depende do clima e reduz o ataque de pragas. Por isso, o projeto da família é trabalhar 100% com estufas. A estrutura da próxima área já está sendo montada.
A maior parte da propriedade, no entanto, ainda está em campo aberto. Nesta época, 10 hectares estão cobertos pelo verde dos couves-flor e brócolis. Por serem produtos de inverno, a preocupação maior está na quantidade de água. Por isso, as lavouras são irrigadas. Com a estiagem dos últimos dois meses, a produção praticamente não sentiu os efeitos. Resultado: colheita de 30 mil pés por hectare. Toda a safra já está vendida para a Bahia.
Por que o Estado do Nordeste?
– Lá, o mercado é mais estável. Os preços não oscilam tanto quanto aqui e a concorrência é menor – revela Bernardi.
Resultado: dinheiro garantido no bolso.
Consumo em Caxias é o 2º maior do Estado
Se no campo a safra está boa, o consumo também vai bem. O potencial de Caxias do Sul é o segundo maior do Estado, de acordo com estimativa do IPCM Marketing, em um dos dados que integram o Perfil das Cidades Gaúchas do Sebrae.
– A perspectiva é de que o valor supere a casa dos R$ 16 bilhões em 2017 – assinala o gerente de Gestão Estratégica do Sebrae, André Campos, responsável pelo estudo.
Outra análise está no aumento de expectativa de vida que se reflete no envelhecimento da população. A longevidade dos moradores de Caxias do Sul passou de 70,3 para 76,6 anos, no período entre 1991 e 2010. Com isso, a proporção de pessoas com 65 anos ou mais aumentou 80% de 1991 a 2015, segundo dados do IBGE e da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
– Isso significa que a cidade tem quase 40 mil idosos, com demandas específicas por produtos e serviços que devem orientar as decisões dos empresários da região – analisa o gerente.
Estudo inclui dados do setor agrícola
A novidade deste ano no mapeamento do Sebrae é a inclusão dos indicadores do setor agrícola. Para o diretor-superintendente do Sebrae, Derly Fialho, as informações são essenciais para a competitividade de um Estado que tem na área rural uma de suas principais forças.
– Os números tornam-se ainda mais interessantes quando se analisa a conjuntura atual de supersafra de grãos, que deve injetar R$ 29 bilhões na economia gaúcha, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), referente ao mês de junho – destaca Fialho.
Os indicadores do Sebrae do setor agrícola apresentam informações sobre área plantada, valor total da produção e os municípios com maior criação de gado bovino, bubalino, ovinos e galináceos, entre outros.
Rendimento médio por hectare
1° São José dos Ausentes - R$ 29.738,34
2º Vale Real - R$ 24.560,00
3º Caxias do Sul - R$ 21.211,09
4º Nova Pádua - R$ 20.473,79
5º Pinto Bandeira - R$ 19.818,27
6º São Marcos - R$ 18.829,60
7º Alto Feliz - R$ 17.131,22
8º São Francisco de Paula - R$ 16.771,17
9º Estância Velha - R$ 16.112,78
10º Bento Gonçalves - R$ 15.913,22
Potencial de consumo (2017)
1° Porto Alegre - R$ 48,13 bilhões
2º Caxias do Sul - R$ 16,34 bilhões
3º Canoas - R$ 9,14 bilhões
4º Santa Maria - R$ 7,08 bilhões
5º Pelotas - R$ 6,92 bilhões
6º Gravataí - R$ 6,65 bilhões
7º Novo Hamburgo - R$ 6,31 bilhões
8º São Leopoldo - R$ 6,05 bilhões
9º Viamão - R$ 5,87 bilhões
10º Passo Fundo - R$ 5,60 bilhões