O excesso de chuva da última semana já reflete no bolso do consumidor. O impacto das inundações nas lavouras fez o preço das hortaliças folhosas (como alface, chicória e temperos) saltar. Para cima. De uma semana para a outra, a alface subiu 50% na Ceasa/Serra. Mesmo assim, na tarde de ontem, era difícil encontrar o produto entre os comerciantes que amargavam os prejuízos.
O levantamento da Ceasa aponta que a caixa com 12 pés de alface, por exemplo, custava R$ 10 na semana passada. Ontem estava sendo vendido a R$ 15. A chicória e os temperos tiveram aumento médio de 20%.
Na propriedade de Marcelo Bohnenberger, em Nova Petrópolis, nos quatro hectares de alface quase tudo foi perdido. Ontem, alguns poucos pés estavam a venda em seu espaço. Mesmo assim com folhas danificadas. O prejuízo, segundo ele, já ultrapassa os R$ 15 mil.
– Vamos ficar mais de um mês sem alface para vender. Isso se a chuva parar–lamenta Bohnenberger.
Astor Steffen, produtor do Vale do Caí, garante que 500 dúzias de alface foram perdidas. O prejuízo chega a R$ 10 mil.
– Por enquanto, o que está se salvando é a chicória– revela Steffan.
Além do alface, o produtor de Ana Rech Hugo Pedrotti também perdeu parte do repolho. A água em demasia fez as folhas apodrecerem e racharem a hortaliça. O mesmo problema acontece com a batata inglesa e a cebola. O excesso de umidade faz com esses produtos mofem e apodreçam.
O gerente-técnico operacional da Ceasa/Serra, Antonio Garbin, alerta para a previsão de um inverno chuvoso na Serra Gaúcha:
– Estamos preocupados, pois os produtores têm altos prejuízos, inclusive no plantio. Eles sequer conseguem entrar nas lavouras para colher e plantar –destaca Garbin.
Segundo ele, o clima instável propicia novas discussões para os agricultores investirem em estruturas cobertas e assegurarem suas produções. A previsão do monitoramento climático da Rio Grande Energia (RGE) é de que junho será marcado por grandes volumes de chuva.
Apostas nas estrutura cobertas
Quem apostou nas produções cobertas e em estufas está em vantagem. Com perdas praticamente zeradas, os produtores aproveitam o bom preço para impulsionar as vendas e os lucros. É o caso do agricultor Arnaldo Ferronato, de Flores da Cunha. Ele produz as hortaliças folhosas em estufas. Ontem, ele vendia a caixa de alface por R$ 18. Na semana passada o preço era R$ 10. O brócolis e a couve-flor, no entanto, tiveram perdas superiores a 80%. Essas são produzidas sem proteção, portanto sujeitas às intempéries do clima.